Sexo, beats e (pouco) rock´n´roll

nullUm vocalista andrógino, batidas eletrônicas e uma guitarra suja. Numa noite de domingo só essa mistura somada a um clima de libidinagem para animar o público de 200 pessoas que encarou ir para o centro da cidade. Era a banda cearense Montage, tida como uma das boas revelações do cenário independente brasileiro. Enquanto a pista não embalava com os DJs, bastou a banda começar e em poucos segundos, a Zauber estava pegando fogo. De rock tinha muito pouco, a proposta ali era pegar o electro e outras influências do mundo da eletrônica, dar um peso com a guitarra e deixar que o vocalista Daniel Peixoto fizesse o resto.

O show tem um pré-requisito básico, você tem que estar no clima e disposto a cair na putaria, como o próprio Daniel avisa. Boa parte de quem estava pesente foi para isso e caiu na brincadeira libidinosa da banda. Guiado por fortes batidas eletrônicas, alguns efeitos e a guitarra dando um pouco de tom rock, o corpo dançava, mas as atenções estavam volatadas para o vocalista Daniel Peixoto. Uma daquelas figuras que sabem como se portar no palco e dominar o público. Vestido com uma roupa glam, que ele ia tirando até ficar apenas de cuecas, subindo nos PAs e simulando uma transa com elas, soltando gritos, gemidos e cantando um universo de pombagiras, encruzilhadas e ebós, mandando matar o presidente americano, dando as instruções para dancinha, fazendo versões de Tati Quebra Barraco ou no biz com uma homenagem às ginastas cariocas (“Vai Daiane, vai Daniele”), ele sabia bem o poder que tinha de agitar.

Teve ainda a putaria prometida. Com um clima de sexo no ar, com gays requebrando, mulheres excitadas com o vocalista (?) e o performático Daniel no controle, a festa quase se torna um grande bacanal. Um grupo pedia isso em cartazes improvisados, enquanto garotas começavam a se animar pegando, apalpando e dançando com Daniel. Outra sobe no palco para uma dança sensual, logo sendo seguida por outras pessoas que dançam e rebolam, todas em conjunto. O clima libidinoso toma conta do recinto.

A banda num formato simples, tinha, além do vocalista, o outro integrante fixo, Leco Jucá, nos sintetizadores e groove box soltando as programações, bases, e beats eletrônicos bem amarrados, enquanto um guitarrista dava um certo peso e o lado rock da coisa toda. Se Cansei de ser Sexy e Bonde do Rolê têm levado à frente essa nova escola de música eletrônica flertando com rock e funk carioca, a Montage parece ser o melhor nome desse meio, com um show muito bem resolvido. David Bowie, Marylin Manson, Iggy Pop, se encontram num electro-punk-pop divertido e que cumpre com eficiência sua proposta de divertir.

Para quem gosta de música sem preconceitos.

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