Salvador tem jeito? 5 perguntas e 5 respostas

Começamos hoje uma série de pequenas entrevistas com pessoas diversas do circuito independente de Salvador respondendo as mesmas 5 perguntas e dando sua opinião. O assunto gira em torno da viabilidade da produção musical em Salvador fora do mainstream e sem os vícios das fórmulas. Botar gente que faz para falar e discutir sobre as dificuldades da cidade e do estado. A idéia é contribuir para a discussão. Toda sexta-feira um nova enrevista entre no ar.


Vince de Mira
vocalista da banda Lampirônicos e produtor do Terreiro Circular, projeto que vem trazendo para Salvador bandas de várias partes do país.

1 – Para você, qual o maior entrave para o circuito alternativo atualmente na Bahia?
Acho que ações não são o problema, mas a falta de espaço sim…HOje em dia até cotas de patrocínio os produtores tem conseguido para fazer o evento, as pessoas estão abertas pra novas bandas, mas acho que a falta de espaço físico é um dos principais problemas. Não tem uma casa com estrutura garantida, já com som luz, enfim..

2 – Do que você mais sente falta?
Acho que a falta é quando se tem e se perde.. no caso dos independentes, nós estamos sempre tirando leite de pedra, começamos é do zero a empreender os eventos, buscamos os parceiros,os próprios artistas fazem as suas produções, acho que falta visibilidade na cena que por conta da falta de espaço e grana só é profissional porque acaba sendo distinto do que se vê. Sinto falta de nada .. mas acho que se necessita de muitas coisas.

3 – Você considera que estamos vivendo os piores momentos para a música na cidade?
Não, porque dessa necessidade acaba gerando ações, nunca vi em Salvador tanta gente que faz música independente se mobilizando tanto: produtores e artistas, com seus projetos, associações enfim… acho que precisamos de uma política cultural consistente, o problema é que o Turismo hoje rege a cultura da Bahia.

4 – Que soluções você apontaria para as coisas melhorarem?
Não sei exatamente… mas acho que a cultura deve estar inserida na educação. Tem que haver um trabalho de base nos bairros das cidades, lá existe muita coisa que onde nós circulamos não se vê. Se você faz um trabalho na base, na referência você abre a cabeça das pessoas e no futuro talvez essas pessoas, que são engolidas pela referência de massa não a aceite com tanta facilidade. Acho que tem que haver um empreendimento de espaços físicos nos bairros para que se haja uma circulação na cidade. A cidade baixa hoje é morta por exemplo.

5 – É viável se fazer música no estado desvinculada a grandes gravadoras e ao que predomina na mídia?
É sim!!! Tem que ser… Se não é ainda… Se isso é privilégio de poucos tem que mudar. Acho que o artista para ser independente tem que ter o espírito empreendedor… A arte hoje não está só na obra, mas como você viabiliza a obra, como você articula o que você faz…

Para quem gosta de música sem preconceitos.

O el Cabong tem foco na produção musical da Bahia e do Brasil e um olhar para o mundo, com matérias, entrevistas, notícias, videoclipes, cobertura de shows e festivais.

Veja as festas, shows, festivais e eventos de música que acontecem em Salvador, com artistas locais e de fora dos estilos mais diversos.