Festival Salvador Jazz reúne Mayra Andrade, Luedji Luna e Bixiga 70 em Salvador; veja programação

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Programado para os dias 18 e 19 de maio, o Festival Salvador Jazz acontece de forma gratuita no Largo da Mariquita, no Rio Vermelho.

Acostumado a ter uma programação mais agitada durante o verão, Salvador tem oferecido muitas e boas opções para quem curte música fora da alta temporada. O calendário de festivais, que costumam se concentrar mais no segundo semestre, por exemplo, está bastante atrativo nessa primeira metade do ano. Uma das programações mais interessantes e imperdíveis é do Salvador Jazz, que acontece de forma gratuita nos dias 18 e 19 de maio, no Largo da Mariquita, no Rio Vermelho.

A atração principal do festival é a cantora e compositora cabo-verdiana Mayra Andrade, que volta à capital baiana depois de um marcante show em 2022, eleito aqui no el Cabong como o melhor daquele ano. Mas o festival oferece um cardápio de ótimas atrações, com nomes como Luedji Luna, Spok Quinteto, Jam Delas, Sonora Amaralina, Ubiratan Marques, Bixiga 70, Jhonathan Ferr e Marcos Suzano. Mesmo que o nome traga o jazz no nome, o festival traz um olhar mais amplo do gênero, focando em música instrumental em geral e outras sonoridades.

A própria Mayra traz elementos do jazz parisiense em sua música, mas vai muito além, promovendo uma fusão com outros gêneros. Nascida em Cuba, cresceu entre Senegal, Angola, Alemanha e Cabo Verde, e traz as ricas sonoridades desses lugares, numa música totalmente multicultural. Do país-arquipélago africano, por exemplo, insere Funaná, Batuque, Kolá, mesclados com influências brasileiras, pop, eletrônica e música africana e portuguesa.

Baiana, radicada em São Paulo, Luedji Luna é outro nome que apesar de não ter o jazz tão óbvio em sua música, traz referências e elementos do gênero, especialmente de jazz fusion, mesclados com R&B, soul, MPB e ritmos africanos. A cantora e compositora volta a Salvador com seu marcante show, que também foi destaque aqui no el Cabong, ficando entre os melhores de 2023.

Um dos nomes que já passou pelo festival e volta nesta edição é a banda Bixiga70. O grupo paulista esteve na edição de 2018 e retorna agora com uma formação diferente daquele período. As percussionistas Valentina Facury e Amanda Telles e o tecladista Pedro Regada se juntaram ao grupo, que como novidade traz também seu trabalho mais novo, o álbum Vapor.

A sonoridade instrumental do Bixiga, marcada por afrobeat, soul e funk, também ganhou novos elementos, com inserção de mais música nordestina, incluindo toques de piseiro e eletrobrega, e de ritmos africanos. 

Outro dois convidados são veteranos e conhecidos nomes do público baiano.  O Spok Quinteto é o projeto do maestro Spok, instrumentista, arranjador e diretor musical pernambucano, conhecido pela excelente da SpokFrevo Orquestra, que já fez apresentação marcante anos atrás na capital.

Ele vem agora com um quinteto que passeia por temas instrumentais e canções de compositores nordestinos, com destaque para o frevo. O repertório vem ainda recheado de baião, maracatu, improvisos e muito bom humor. Além do saxofone e voz de Spok, o grupo conta ainda com a guitarra e viola de Renato Bandeira, o contrabaixo de Beto Hortis, a sanfona de Helio Silva e a bateria de Adelson Silva.

O outro nomes é o expoente da percussão brasileira e renomado pandeirista carioca Marcos Suzano. Ele é considerado um re-inventor do pandeiro, criando concepções inovadoras, com foco na batida samba-funk e a utilização de sons mais graves. Já tocou com meio mundo de gente da música brasileira e durante anos foi co-diretor artístico do festival Perc Pan.

De uma geração mais nova, o instrumentista Jhonathan Ferr traz para Salvador seu jazz contemporâneo brasileiro. Nascido em Madureira, no Rio de Janeiro, ele é, ao lado de Amaro Freitas, um dos principais nomes da nova geração do jazz nacional que vem ganhando destaque internacional. 

Com piano, sintetizadores e metais, o artista busca criar um jazz mais acessível, urbano e afro futurista. Sua música promove um diálogo de sonoridades das ruas, como o hip hop, R&B e música eletrônica, ao mesmo tempo que traz referências de Miles Davis e Tom Jobim.

Baianos

Entre os baianos, além de Luedji, três nomes do jazz/instrumental da cena soteropolitana. Um cenário bastante ativo que vem promovendo uma boa quantidade de shows em diversas casas de shows e espaços. O maestro Ubiratan Marques é o mais conhecido deles. À frente da Orquestra Afrosinfônica e integrante do BaianaSystem, o maestro, pianista, compositor, arranjador e educador lançou recentemente seu primeiro álbum autoral, Dança do Tempo. No trabalho, ele desenvolve com seu piano uma sonoridade com elementos sinfônicos, da música pop e do jazz.

A Jam Delas é um “coletivo de mulheres instrumentistas que se juntaram para fortalecer o protagonismo das mulheres na música instrumental”. Elas promovem e incentivam a presença feminina na cena de Salvador. A sonoridade enfatiza a música afro-baiana e nordestina, em tons jazzísticos. Nos shows costumam mesclar composições de autoria das integrantes, com obras de importantes nomes música instrumental brasileira e obras de nomes, como Letieres Leite e Moacir Santos.

Fora do ambiente mais jazzístico, a Sonora Amaralina é uma big band que faz música instrumental latino-americana. Com uma formação de instrumentistas de vários nacionalidades do continente, a banda tem foco no naipe de sopros, com clarinete, trombone, trompete, sax barítono e sax tenor, complementado por percussão, congas. guira, baixo e piano.

No repertório, a banda traz cumbias autorais aliadas a composições de orquestras da música popular latino-americana, de compositores clássicos como Lucho Bermudez, Pacho Galan, Climaco Sarmiento, além de artistas contemporâneos de outros países. 

O curador do evento, o músico e pesquisador Fabrício Mota, ressaltou a importância do Salvador Jazz como um marco no cenário da música instrumental, não apenas na Bahia, mas também no Brasil e no mundo, promovendo encontros significativos entre artistas nacionais e internacionais. “É uma missão e responsabilidade fazer parte da curadoria do Salvador Jazz, porque é um evento que aposta no cenário da música instrumental, no segmento do jazz produzido na Bahia, e também na força que esse gênero musical tem na obra de outros artistas do Brasil e do mundo”, disse.

Ele lembra que Salvador será novamente palco de encontros inesquecíveis. “Uma cidade que é conhecida mundialmente como capital da música e da música negra”, afiam o músico. “Nada melhor que celebrarmos a força de um movimento musical que floresceu no Atlântico e se renasceu em outros cantos das Américas, como todo fruto poderoso da diáspora Negra”, completa.

Serviço:
O que é? Festival Salvador Jazz – Edição VI
Dias 18 e 19 de maio a partir das 17h
Local: Largo da Mariquita – Rio Vermelho
Gratuito. Classificação: livre

Programação:
– Dia 18/05 – 18h
Bixiga 70 | Luedji Luna | Jam Delas | Jonathan Ferr
– Dia 19/05 – 17h
Mayra Andrade | Spok Quinteto | Marcos Suzano | Ubiratan Marques | Sonora Amaralina

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