Russo, o Rei do rock BR?

Quem é o maior nome da história do rock brasileiro? Difícil responder ao certo, mas sem dúvida o cantor e compositor Renato Russo disputa o posto. Completando dez anos de sua morte e do fim de sua banda Legião Urbana, ainda é impressionante a popularidade da obra deixada por ele. Discos como “Quatro Estações” e “Dois” com mais de 1,7 e 1,2 milhões de cópias vendidas, respectivamente, estão entre as obras de rock no Brasil mais bem sucedidas comercialmente do gênero no Brasil. Dados não oficiais dizem que os discos da banda já venderam ao todo mais de 12 milhões em mais de 20 anos. Mesmo sem existir há algum tempo, a Legião ainda é um fenômeno. Para se ter uma idéia, discos do grupo estão ainda hoje entre os mais vendidos no páis. O álbum “Mais do Mesmo”, por exemplo, permanece há algumas semanas entre os 20 mais vendidos. Outro disco, “As Quatro Estações Ao Vivo Vol.2”, está no top 50. Não à toa, a banda e Renato Ruso ainda ganham tributos, discos relançados, são destaque na mídia e estampam capas de revistas especializadas em música. Caso da nova Bizz, que está chegando às bancas essa semana trazendo o cantor na capa pela décima vez em sua história, além de um conteúdo em que conta histórias não tão bacanas da vida de Russo. Faz dez anos que ele morreu, mas seu nome ainda rende muito dinheiro, além de uma briga entra os que lançam qualquer caça-níquel com o nome dele e os que reclamam da exploração necrófila.

Novos espaços
Por mais que se tente ser mais “realista” diante das dificuldades de uma cidade como Salvador, não dá para sentir que a cidade caminha para um avanço. Um dos maiores problemas da capital baiana, quase uma unanimidade entre público, produtores e artistas, é a escassez de espaços para shows e festas. A boa notícia é que nos próximos meses algumas novas casas serão abertas dando vazão às produções nos mais diversos gêneros musicais. Um destes espaços é a Boomerang, capitaneada pelo músico Alex Góes, que ocupa o lugar da Seven Inn [Rio Vrmelho] a partir de novembro, abrindo para shows, festas e eventos em geral. A casa receberá artistas de jazz, MPB, festas de eletrônica [a Pragatecno já acertou temporada com a casa], além de música pop e rock. Outro novo espaço deve demorar um pouco mais. É o Portal Cruz Aguiar, também, no Rio Vermelho, que chegou a funcionar por um período sem estar finalizado e agora entra na última fase de apronto. Outra casa nova é a Fuarfuia, na Boca do Rio, que já está funcionando com uma programação de jazz, blues, MPB e salsa. Não dá para negar também que a mudança no governo estadual traz perspectivas positivas para a cultura na Bahia. Basta ter uma postura menos atrelada ao turismo, basta pensar mais democraticamente nas diversas expressões existentes, basta não ser voltada para uma máquina viciada com os mesmos nomes. É cobrar e fiscalizar.

Seguindo o rastro
Um conhecido comentava dia desses sobre o não-efeito do sucesso de artistas baianos no rock nacional. Diferente de qualquer outro lugar, após o sucesso de algum artista rock, ninguém era puxado junto. Com o sucesso de Raul ninguém fez sucesso na rasteira. Com o Camisa de Vênus a mesma coisa. A pergunta era se agora com Pitty isso ia acontecer. A cantora faz seu papel, sempre fez questão de puxar e se referir a bandas baianas. A veterana Cascadura parece que foi a primeira a conquistar um espaço aberto, não tão grande, mas o lançamento pela Revista Outra Coisa foi importante. Agora parace que os olhos se voltam para a Canto dos Malditos na Terra do Nunca. Com investimento da Warner, a banda já ganha destaque na mídia e pode crescer, já quem tem elementos fundamentais para se dar bem dentro do espectro da música pop hoje. Mas se hoje não basta estar numa grande gravadora, é bom lembrar que a Brinde acertou disco novo pela indie Monstro Discos de Goiânia, a Los Canos pela Laja de Vitória, além de outras possibilidades que começam a ser comentadas nos bastidores.

  1. Eu penso que seria realmente um incentivo se as bandas que querem ser famosas não saíssem daqui e tocassem aqui sempre. Pitty raramente faz shows por aqui, em Recife, as bandas continuam morando e tocando muito por lá. A Nação Zumbi que o diga. Posso até estar errado em alguns pontos, mas músicos da axé moram aqui, a maioria, e tocam sempre em Salvador. Acho que o problema não é só shows, mas essa configuração onde as bandas de rock saem atras de sucesso no sul, assinam com uma grande gravadora e não voltam mais.

    De fato, a cidade não oferece estrutura, casas de show, etc. e a melhor opção às vezes é sair. Mas convenhamos, seria mais interessante que, ao menos, os que têm pretensões de fazer o tipo de sucesso que se baseia apenas em números, não deixassem a cidade, como fez Pitty, Canto dos malditos, não estou condenando eles, se pudesse faria o mesmo, porque seria um problema tentar mudar as coisas. Invejo Recife, onde a Nação Zumbi sempre toca por lá, e as outras bandas de lá também. Em Salvador sempre tem shows de artistas nacionais de “peso”. Nando Reis, Zeca baleiro, nação Zumbi esse ano deve ter tocado umas 3 vezes, Matanza, Cachorro Grande, Paralamas, etc etc etc… é tão difícil assim pra Pitty vir tocar aqui. Ou é mais fácil apenas citar nome de bandas a vulso nos palcos da MTV pra que todas as bandas fiquem desesperadas pela fama? O que realmente falta? Na minha opinião, é valorizar a cultura local, e para isso não se trata apenas de valorizar apenas o rock, mas a música, alternativa, independente, dependente, folclórica.

    Torço pela Sangria por exemplo, espero que eles atinjam o maior numero de pessoas possível com sua agressividade típica, mas, por outro lado, rezo para que eles fiquem por aqui, que viagem para milhares de lugares, mas não “abandonem” Salvador e toquem aqui raramente como Pitty e, provavelmente, Cantos dos malditos. Salvador precisa da Sangria, e até poderia precisar de Pitty, mas vomitar nomes é pouco. Se ela quisesse realmente fazer algo tava tocando por aqui. Enquanto isso não mudar, não dá pra ficar reclamando da falta de valor que o rock ou a música alternativa daqui não tem espaço.

    A única coisa que Pitty fez foi estragar Smells like Teen Spirity, usar Admirável Mundo Novo como referência de forma incompetente (não deve ter entendido), e fazer os empresários ficarem sedentos por uma nova Pitty, como a Canto dos Malditos… alguém aqui acredita que aquela indicação do clipe da CMTN no VMB teve algum sentido? Não é só falta de lugares e público que não incentiva. É uma questão de mentalidade.

  2. A indicação da Canto no VMB só tem um sentido, Eduardo: jabá. (Como aliás, é a forma que todos aqueles prêmios são outorgados, na base do “quem dá mais”?).

    Uma pena, por que nem acho que a banda não seja merecedora, apesar de, pessoalmente, achar o som deles uma bosta, a banda como um todo imatura e a voz da menina, um pato rouco depressivo, mas por que no Brasil, e não só na MTV, as coisas só emplaquem por esse caminho, que é o do suborno mesmo. É de lascar.

  3. E qual a diferença de CMTN e Pitty? Apenas que Pitty veio primeiro. Eles estão sedentos por uma nova cantora pseudo-rebelde. Eu sempre cito a Nação como exemplo, porque não bastou a perda de Chico, eles se mantém, goste ou não, no cenário pop sem precisar apelar para esses exemplos. Eles não deixaram recife, e ainda tocam pelo Brasil, Europa, e, mesmo tendo o guitarrista medíocre do Hateen na banda dos sonhos, qualquer um reconhece que Lúcio Maia é um dos melhores guitarristas do Brasil. A nação conseguiu isso tudo graças a que? Eles usam a MTV! No caso de Pitty, a MTV usa ela, da mesma forma que vai usar CMTN. Repito isso sempre. Referências a Admirável Mundo Novo e depois fazer reality show é falta de bom senso. Ainda vamos Ter um representante à altura da Nação Zumbi. Mas por enquanto é isso. Não basta reclamar de espaços, público, etc. é uma questão de mentalidade.

  4. lendo as entrevistas da para perceber o quanto ela diz repudiar o culto a celebridade. Então pra que porra ela faz reality show? isso é para se indignar? É. aceita quem quer. Como dizia manoel de Barros… “e a ignorância jorra lá onde o saber goteija”

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