Rock nas bancas

Há 21 anos era lançada no Brasil a revista Bizz, que depois de quatro anos fora das bancas voltou à ativa no ano passado. Há quarenta anos era lançada nos Estados Unidos a revista Rolling Stone, uma das bíblias da música e da cultura pop. Neste mês, a revista norte-americana ganhou uma nova versão brasileira [houve uma outra edição nos anos 70], que já pode ser encontrada nas bancas. Curioso que, num momento em que a informação circula livremente e de graça na Internet e a indústria fonográfica reclama dos poucos lucros, se aposte em duas grandes publicações com perfil rock e pop. Parece até um tiro no pé. A editora da RS brasileira jogou alto e divulga um número de 100 mil exemplares. A edição número 1 revela que as fichas estão sendo colocadas em temas que não estão na grande imprensa. Mesmo que a capa seja Gisele Bündchen e inclua um perfil da atriz Mariana Ximenes, uma revista dar grande destaque para matérias sobre Bob Dylan, Slayer, a nova psicodelia, o Acre [sim, o estado] e um foco em rock, cultura pop e uma dose política, chega a ser uma ousadia diante da realidade atual. Principalmente porque é com um foco nacional, com a revista chegando em peso para absorver um público talvez adormecido. Está aí a aposta da revista. Se o resultado vai ser obtido só o tempo dirá, mas o saldo é muito positivo ao ver o conteúdo da revista. Além das matérias citadas, entre outras, ainda têm resenhas de discos, filmes, livros e games. Nesta primeira edição, a Bahia aparece com um texto sobre a banda Zecurydamm [feita antes de mudar de nome para Formidável Família Musical], Pitty indicando a banda Sangria e um elogio ao disco da banda Canto dos Malditos. Uma boa concorrente para Bizz, que até então navegava solitária no mercado. Boa briga.

Gente que faz
Salvador está longe de ter o perfil de cultura pop universal, apesar de ser uma cidade do tamanho de uma Chicago, Buenos Aires ou Roma e até maior que Barcelona ou Glasgow. Muitos na cidade, no entanto, preferem reclamar e fazer pouco para a mudança do perfil. Já outros preferem tomar iniciativa e tentar fazer com que a cidade saia dessa situação. É o caso da Eletrocooperativa, uma organização que tem atuado com jovens num trabalho de inclusão social através de música e tecnologia. O instituto acaba de ser selecionado no disputado edital nacional do programa cultural da Natura, numa concorrência que escolheu cinco entre 500 projetos inscritos. Além de colaborar com aulas de composição, arranjo, gravação, edição, entre outras, a Eletrocooperativa realiza eventos como o Papo Sonoro, que abre espaço para discussão de diversos aspectos do mundo da música. A nova edição do evento começa amanhã, às 17h30, em sua sede no Pelourinho, com o mentor do Pragetecno [coletivo de música eletrônica], Cláudio Manoel. Outra iniciativa é o programa de rádio pela Internet “É pra Jazz”, que traz a cada edição um repertório de jazz focado em um determinado instrumento.

Smetak
Em tempo, entre os outros selecionados do programa da Natura está outro projeto da Bahia. ‘Smetak – Imprevisto’ será uma exposição interativa, site e projeto educativo sobre a vida e a obra de Walter Smetak, músico, escultor e filósofo que adotou a Bahia para se transformar num dos responsáveis pela música experimental no Brasil e inspirador do Tropicalismo.

Carbona na Outra Coisa
Para quem pensou na revista OutraCoisa como concorrente da Bizz, esqueça. A revista tem outro foco. Com um conteúdo irregular e focado apenas no universo independente, a revista tem atraído principalmente pelo bônus do CD. Depois de Cascadura e Plebe Rude, a nova edição está chegando às bancas nessa semana com o novo disco da banda carioca Carbona. Traz também matérias com Moptop [que confirmou show em Salvador dia 26 de novembro], sobre um movimento contra a prática do jabá, outra sobre Mash Ups [não sabe ainda o que é isso?], além de entrevista com o tecladista do Skank, Henrique Portugal, entre outras coisas.

Para botar na agenda
Até o fim do ano, Salvador recebe shows de Negroove, Angra, Marcelo Nova, Ratos de Porão, Moptop, Cordel do Fogo Encantado, Matanza, DJ Anderson Noise, DJ Felipe Venâncio, além do Mercado Cultural. Já o Festival de Verão estuda a possibilidade de trazer Ben Harper para sua edição de 2007, além de Donavon Frankenreiter.

  1. Até qdo resolve trazer nomes estrangeiros, o festival de verão só revela ainda mais seu perfil popularesco, chapa branca, mal informado, cafona e playboyzista. Com todo o respeito à Ben Harper, que tem sim, sons legais, mas que infelizmente, caiu na vala comum de som pra surfista mané. Pior ainda é esse Donavon num sei das quantas, um sub-Jack Johnson (que já é chato pracaralho), e inclusive, já tocou na Bahia, num campeonato de surfe em sauípe, com Kid Abelha (!), para meia dúzia de “integrados”. Mais chapa branca, impossível. Salvo algum imprevisto, ainda não será em 2007 que esse festivalzinho vagabundo terá o privilégio de contar com a minha qualificada audiência.

  2. Ben Harper conta com o meu apoio! Gosto do som do cara, só não acredito muito que vá rolar… Todo ano é a mesma história. Nomes pululam e acaba sempre vindo um jamaicano de menor categoria. Só espero que o jamaicano desse ano, se houver, seja Damian Marley, que é muito bom! hehe

  3. Luciano, a Rolling Stone ta bem bacana e Bizz continua legal tb.A internet nao acaba com o veiculo impresso, elas convivem e se complementam, de forma nem sempre harmoniosa, mas buscando novas formas de intermediaçao da informaçao, cada vez mais difusa e dispesa e ao menos tempo concentrada em conglomerados de comunicaçao gigantescos.Tudo ao mesmo tempo agora. E Luciano, nao da pra comparar Salvador com Chicago e Barcelona, por exemplo a populaçao de Chicago é de 3.000.000 de habitantes, (quase a mesma de Salvador) mas sua area metropolitana tem 9.000.000 milhoes de habitantes, Barcelona 5.000.000 com area metropolitana ,isto sem falar no poder aquisitivo.A hermana Buenos Aires tem mais de 10.000.000 de habitantes em sua area metropolitana e é a principal cidade sul-americana(sorry paulistas). , Roma tem mais de 5.000.000 de habitantes na sua area metropolitana.Acho que vc quer dizer que Salvador é uma cidade grande(concordo) mais por favor a compare com estas Metropoles.

  4. Leo, eu tb achava que Burning Spear era um jamaicano de menor categoria, até ler em uma biografia do Sonic Youth que a banda batizou uma canção com esse nome em homenagem ao cara. Não gosto de reggae, mas depois de saber disso me arrependi de não ter prestado mais atenção no show do FV. Confio no gosto musical de Thurston Moore (que adora o cara).

  5. luciano, depois anota ai na agenda: dia 2/12 tem humbertão na concha (finalmente!) e dia 3/12 tem pato fu tbm na concha… dezembro começa quente em nossa cidadezinha!
    abração!

  6. Pow, Salvador tá de parabéns pela energia e receptividade! Tocamos na casa da Dinha no final de setembro. Só faltou vc por lá, né, Cabong!? A gente podia ter batido altos papos, feroz! Quem sabe na próxima? Abraço e axé, o blog tá pra torar o ingá no meio, hehehe!

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