Para onde vamos?

Novos horizontes
Ninguém sabe ao certo para onde o mundo da música vai com o desenvolvimento de novas tecnologias. Muitos afirmam que o suporte CD está fadado a morte (sempre falam em morte com o surgimento de algo novo). Talvez não seja nem o suporte que desapareça e sim o modelo. Essa estrutura de grandes gravadoras como responsáveis pela música no mundo. Em várias capitais brasileiras já se encontra CDs de MP3 com toda a discografia de um artista ou todos os lançamentos de um gênero popular específico. Os CDs piratas continuam infestando ruas e praças como algo absolutamente normal. Na cidade de São Paulo é um negócio tão sério que não são apenas os mega artistas que podem ser encontrados. Artistas não tão massificados também já circulam nos camelôs. O fato é que alguém ainda continua capitalizando em cima dos “compact discs” feito de 12 cm de diâmetro feito de Policarbonato. A diferença é que as gravações não são em mega indústrias. Fábricas de fundo de quintal já produzem cópias piratas em alta escala e não é mais novidade. Difícil entender que moral tem essa indústria que reclama de pirataria, mas se mantém pagando propina para música tocar em rádio e TV. Nos últimos anos o mercado se voltou também para a música virtual, que nem é tão nova assim. Já se vão sete anos que o Napster explodiu, mas as majors só agora começam a tirar lucro da venda virtual.

Música digital
A música vendida na internet parece ser um dos caminhos mais promissores para a indústria. No mundo todo a música digital já representa 6% do mercado e a previsão é que esse setor tenha um crescimento de 613% nos próximos anos, chegando a 25% do mercado em 2010. Outra previsão otimista para a indústria, feita pela consultoria In-Sat, diz que em 2007 a venda legalizada de música pela Internet ultrapassará a comercialização de CDs. No Japão, a música digital já consegue suprir o declínio das vendas de CDs e DVDs. Apesar disso os downloads gratuitos e, considerados em boa parte, ilegais (que incluem as trocas por programas como o Soulseek e Emule) ainda são superiores aos downloads pagos, com exceção de Alemanha e Inglaterra, que já conseguiram reverter esse quadro. Na Inglaterra, inclusive, já aconteceu de uma faixa vendida exclusivamente na Internet chegar ao primeiro posto da parada. O feito, inédito até então, foi com a música “Crazy”, da dupla de hip hop Gnals Barkley. A parada de singles britânica vinha em decadência nos últimos anos (de 80 milhões nos anos 90 para pouco mais de 20 milhões, em 2005), até que foi incluída a venda de faixas pela Internet há um ano. A música digital acabou turbinando a parada britânica. No ano passado foram mais de 26 milhões de faixas comercializadas. No Brasil, esse mercado de música pela Internet ainda é reduzido. Pelo menos quando se fala em vendas, já que a troca de arquivos virtual vem crescendo.

Indústria em queda
O mercado de música nacional, aliás, continua vivendo um momento delicado. Nem os tão propalados DVDs, que seriam a salvação da indústria fonográfica suportaram a crise no setor. A queda nas vendas em 2005 foi geral. Um recém divulgado relatório da anual da Associação Brasileira dos Produtores de Disco (ABPD) mostrou que o mercado de DVDs no Brasil obteve uma queda de 9,6% em unidades vendidas em relação a 2004. Um feito inédito num mercado que ocupa 25,2% do total da indústria fonográfica. As vendas de CDs seguem o mesmo caminho, com um declínio de 21,7%. No total a indústria fonográfica amargou uma queda de 12,9% em valor e 20% em unidades em relação a 2004, um desastre. Assustador até, se a referência for o mercado mundial que caiu bem menos: apenas 3%. Assim mesmo o Brasil voltou a ficar entre os dez maiores mercados, com 52,9 milhões de unidades de CDs e DVDs vendidas gerando um total de R$ 615,2 milhões.

Antenados
Enquanto isso, as gravadoras independentes e alguns artistas mais bem informados já se atêm a novos modelos e não vêem um mercado tão sombrio. É o caso de gente como o grupo pernambucano Mombojó e o cantor baiano Lucas Santanna, que acaba de lançar pelo próprio selo Diginóis seu terceiro disco “3 Sessions in a Greenhouse”. A idéia é priorizar a distribuição pela Internet, disponibilizando de graça no site do selo (diginois.com.br) o disco quase que integral, com exceção das músicas de outros autores, que incluem Nação Zumbi e Tom Zé. O disco físico será vendido apenas nos shows. O músico disponibilizou também as faixas abertas, disponíveis para quem quiser trabalhar em cima delas. Na contra-capa ele avisa: “Letras, faixas abertas, novas mixes. Participe da evolução desse trabalho”. Na música “Tijolo a tijolo, dinheiro a dinheiro”, Lucas diz “Só baixo se for de graça”. É o futuro?

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