Os independentes pedem seu espaço

Textos produzidos par ao site www.carnaval.ba.gov.br e publicados originalmente durante o Carnaval

O Carnaval de Salvador já passou por diversas transformações e parece estar vivendo mais uma. Na verdade uma necessidade cada vez maior de retorno ao Carnaval popular e democrático de anos atrás. Se os blocos e camarotes são os que ainda comandam a festa, com muito dinheiro e turistas, está cada vez mais claro que os trios independentes precisam de mais espaço para que os baianos que gostam do Carnaval espontâneo continuem podendo curtir a festa. A massa de foliões pipoca que seguem os trios independentes é prova disso.

Em 2008, os trios independentes voltaram a ganhar uma atenção especial, mesmo que ainda longe do ideal. Primeiro foram os contratos com a Bahia Gás e o Guaraná Antarctica, que garantiram que vários trios independentes fossem as ruas. A Companhia de Gás da Bahia apoiou blocos afros e trio independentes, com artistas e trios importantes da música baiana como Armandinho, Dodô & Osmar, Baby do Brasil, Novos Bárbaros, Paulinho Boca de Cantor, Luiz Caldas e Gerônimo. Já o Guaraná da Ambev garantiu vários trios independentes na rua, desde o desfile do pipocão de Carlinhos Brown e do Trio Armandinho Dodô & Osmar, além de 10 trios da Associação Baiana de Trios Independentes.

O reforço veio também da Secretaria de Cultura do Estado, que foi responsável pelo cachê de 102 artistas independentes dos 112 cadastrados pelo Conselho de Carnaval. Alguns, como Carla Visi, Edson Gomes e Mariene de Castro não assinaram o contrato e preferiram se apresentar no interior do estado e em outros projetos. A maioria, no entanto – 102 artistas selecionados pelo Conselho de Carnaval -, se apresentou nos trios independentes e nos palcos dos bairros. Nomes de estilos e períodos diversos. Incluindo os ex-integrantes dos Novos Baianos, Pepeu Gomes, Baby do Brasil e Paulinho Boca de Cantor, nomes do início da Axé Music, como Luiz Caldas, Gerônimo, Missinho e Sarajane; ex-estrelas do Axé, como Márcia Freire (ex-Cheiro de Amor), Zezéu (ex-Timbalada), os ex Banda Mel Buck Jones e Maria Short, além de bandas de reggae, pagode, axé, entre outros.

Mas nem tudo são flores, os independentes ainda sofrem bastante diante dos poderosos blocos de corda. Os maiores problemas são os mesmos enfrentados há alguns anos, o horário de saída e a qualidade dos trios, ainda a desejar. Apesar de uma negociação ter garantido que os trios saíssem em horários mais nobres, a realidade é que quase todos foram colocados para o fim da fila e só saíram depois de todos os blocos. Muitos só conseguiam chegar em Ondina depois das 4 horas da manhã, tocando para um público já reduzido. No final da fila ficam cerca de seis trios seguidos, um bem próximo a hora cumprindo hora, como disse Gerônimo em cima do trio.

Foi o cantor quem também reclamou da poluição sonora causada por essa fila. Colocados bem próximo um do outro, como se tivessem que tocar e acabar o percurso o mais rápido possível, os trios disputavam praticamente o mesmo espaço e a briga por quem sobrava na rua. Tarde da noite, não restava muito o que fazer. Camarotes vazios, emissoras de TV já fora do ar e os trios se esforçando com uma qualidade de som na maioria das vezes desejável. Apesar das negociações entre autoridades e exigência pelo cumprimento de bons horários pelo Ministério Público, não foi o que aconteceu, nem tampouco a qualidade ods trios. O lado positivo é que foram eles que garantiram a festa do povão resistente na rua até altas horas da madrugada e sempre com muita paz e tranquilidade.

Trio Armandinho Dodô & Osmar arrasta multidão na Barra

Não teve estrela que desse conta. Por mais que há anos não tenham uma música nova tocando nas rádios , por mais que os sucessos sejam antigos, a qualidade aqui é quem manda e os clássicos do Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar comandaram, a bordo do Fobicão, o Carnaval da Barra na noite desse domingo. Depois de uma saída com atraso, o trio entrou na avenida agitando o Farol da Barra com o que mais sabem fazer, frevos elétricos a base de guitarra baiana. Depois da passagem dos blocos era a opção para quem queria curtir boa música em paz e na tranqüilidade. O sucesso dos antigos carnavais continua, imortais, passando de geração em geração, pelo menos para quem corre atrás de mais qualidade do que celebridades.

Já a partir do Farol estava claro que havia um público ali só para ver Armandinho e os irmãos destruindo qualquer teoria que só estrelas do Axé se destacam no Carnaval baiano. Uma multidão crescente aos poucos ia se juntando, na frente, dos lados e atrás do trio. Sem as cordas, o clima era de altíssimo astral, paz e tranqüilidade reinando. Do meio para o fim do circuito, metade do público já parecia se conhecer e muitos se tornaram amigos ali mesmo. Era o preciso para começar a surgir coreografias espontâneas e o sorriso estampado na cara de todos. O clima ia contaminando quem passava, quem assistia e inclusive quem não entendia (especialmente turistas) o que aquela banda “desconhecida” estava fazendo ali com uma multidão entusiasticamente se divertindo.

Se o público dava seu show criando coreografias, correndo em bloco, pulando, dançando, inventando, a banda não ficava pra trás. Os irmãos Macedo tocavam um repertório que reunia sucesso da música baiana, com músicas de Luis Caldas, Margareth, Banda Mel, clássicos de carnavais antigos de Caetano Veloso e os imbatíveis frevos elétricos do próprio grupo, indo ainda para canções imortais como o frevo “Vassourinha” e até o “Bolero de Ravel”. O desfile teve ainda direito a Primeira-Dama Fátima Mendonça embalando boa parte do público subindo no trio e cantando o “Hino do Bahia”, além de um duelo entre os dois maiores guitarristas baianos, o próprio Armandinho e Pepeu Gomes que vinha num trio logo atrás e que rendeu “Satisfaction” empleno circuito.

Era a prova que o que é bom permanece, músicas de 50, 40, 30 anos, na voz de um público heterogêneo, jovens, veteranos, negros, brancos, baianos e turistas, todos pareciam estar emocionados com a festa livre e democrática que contagiava quem assistia. Mais uma noite histórica no Carnaval baiano.

Trios independentes garantem a festa no circuito Barra-Ondina

Basta dar espaço que o povo vai atrás do trio elétrico. Da Barra até Ondina a noite de ontem (domingo) foi um bom exemplo de como os Trios Independentes tem papel fundamental no Carnaval de Salvador. Passado os blocos, o que garantiu a festa até de madrugada foram eles, que traziam como atração artistas menos famosos e badalados. Pouco importava, quem faz a festa é o povo e lá estava ele atrás de todo tipo de trio. E tinha de tudo.

Quem abriu a noite dos independentes foi o Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar, que depois da passagem dos blocos era a opção para quem queria curtir boa música em paz e na tranqüilidade. O Trio arrastou uma multidão animadíssima com seu frevo elétrico. Logo atrás o Expresso 2222 trazia três gerações diferentes juntas, Pepeu Gomes e sua guitarra, relembrando o tempo dos carnavais dos Novos Baiano, o cantor Jauperi e Preta Gil, que se destacou cantando pagodes e decretando o fim do preconceito contra as gordinhas e as mulheres fora de padrão, com a música “Toda Boa”, música do Psirico.

Tinha mais trio atrás e foram os independentes que deram vida ao circuito Barra-Ondina madrugada adentro. Uma seqüência animou o grande público que ainda permanecia mesmo depois da passagem das principais estrelas. Cada um com seu perfil, mostrando que a diversidade reina mesmo é nos independentes. Viviane Trípodi, comemorando 20 carnavais, puxava uma massa cantando hits de todos os tempos do Carnaval baiano, enquanto a banda Mosiah mandava sucessos mundiais e nacionais do Reggae.

Bruno Nunes batizou seu trio de “Trio do Rock” e tocava Raul Seixas para depois emendar com o sucesso de 2006 “Crazy” do grupo Gnalrs Barkley, acompanhando de um DJ português. Logo atrás Wilton Pitta lançava sucessos de antigos carnavais, desde o galope “Cometa Mambembe” até os hits do samba-reggae “Senegal” e “Faraó”. A festa se estendeu até o fim da madrugada, provando que sem eles o Carnaval baiano vira apenas vitrine para as TVs e os horários que elas transmitem a festa.

  1. Me descupa, mas é ter muito estomago pra ter q ouvir os sucessos de outros carnavais na ´voz de viviane tripodi – afffffffffffffffffffffff. Aqui n é recife e nunca vai ser, n adianta querer colocar uma banda de rock pra tocar ao lado de bel do “chicrete”, que n vai rolar. Preconceitos a parte, cada um no seu devido lugar, sem ter q existir competição, muito menos atrito. Que existam outros espaços no período do carnaval pro mundo alternativo e independente possa se apresentar, agora subir num trio elétrico, passar pelo camarote da rede bahia, desplugar os pedais, colocar o clean no amp. e tocar “dança da manivela” pra fazer o gosto de uns e provar que somos abertos a diversidades e misturas musicais.complica e muito aliás, na minha pequenina cabeça, n rola! Só falta depois disso tudo, ter como headlinner do Boombahia Marcia Short e tocando o seu pop axé gostouso. Me faça uma garapa!

  2. Dommy,

    Ainda bem que você destacou sua cabeça pequenina, poupa o trabalho.

    Luciano,

    Gostei do seu comentário, me fez relembrar os tempos em que eu frequentava o carnaval. Os melhores momentos eram esses que você descreveu com detalhes: as pessoas ao lado dos trios independentes, dançando músicas antigas ou atuais relidas por músicos competentes, numa animação contagiante, em paz, quase irmanadas pela música — isso — irmanadas pela música. Só lembro de ter percebido isso em apresentações como as de Armandinho e seu trio. Vamos torcer pra que no próximo ano o espaço se alargue ainda mais e que as demandas sejam atendidas.

    Abraços

  3. Desculpa leonardo bernardes se vc tem o espirito carnavalesco baiano aflorado. Eu sou do roke e n tenho vontade nenhuma de querer mudar essa conduta, agora, n estou aqui pra catequizar ninguém, só acho ridiculo esse tipo de cituação. Agora, pra quem cresce ouvindo esse tipo de música é muito normal que queira misturar as coisas, até pq roke é uma coisa de momento e moda(pra uns). E continuo a salientar q a cabeça é minuscula e o cerebro é do tamanho de um caroço de feijão, porém o suficiente pra entender que roke é roke e tem q ficar no lugar dele e não se fantasiar de índio com um abadá e saí por aí se balançando todo e se remexendo. Me traga um picolé de giló!
    Lamentável!!!!!!!

  4. é isso mesmo dimmy. vc tá certo man. por esses caras daqui um tempo as bandas de rock da bahia vai estar tudo tocando musica baiana.. lamentável!!!!!!

  5. Dimmy,

    Tampouco eu quero mudar sua conduta, reprovo apenas a idéia tacanha e insustentável que você formula na sua postura “eu sou do roke”, como se existesse um paradoxo entre gostar de rock e prestigiar algum evento ou artista no carnaval. É um preconceito difícil de se manter e que quase sempre acompanha aqueles que têm pouca compreensão da música, como fenômeno cultural, social.

    Se eu fosse adepto desse tipo de carteirada sustentaria que “sempre fui do roke” e logo você se veria no embaraço de ter que provar que sua posição é melhor que a minha.

    Há muitas coisas a se questionar e criticar no carnaval, mas só para os que se sentem a vontade esgrimindo preconceitos um título genérico como “espírito carnavalesco aflorado” pode ser algo deplorável. Se o espírito do carnaval está representado na passagem que Luciano destaca, no instante de encontro e amizade entre os foliões na rua, eu fico contente em ser um eterno apreciador de rock com espírito carnavalesco aflorado.

  6. É isso aí mo pai. Eu ao invés de criticar o carnaval prefiro deixar ele lá e eu cá. Agora o rock nasceu, cresceu e se desenvolveu sempre com um espirito jovem e rebelde e por anos foi contracultura com movimentos hippie, punk, grunge…até o próprio blues era rebelte, pq ia contra tudo o q a igreja na época pregava a seus seguidores…Eu , dimmy ,n concordo com a postura de “vamos ser ecléticos”, axé é cultura, no carnaval vale de tudo…Eu discordo.Vamos vivendo e não aprendendo, como ja dizia aquele disco dos primórdios do axé, opa, do roke, ja estou até me contaminando e trocando as bolas.

    Saúde ,paz, prosperidade e harmonia, seja sempre positivo!

  7. Então Retrofoguetes deixa de ser rock porque Morotó toca guitarra baiana e e se aproxima de clássicos (de qualidade, diga-se de passagem) carnavalescos, ou RJLB quando faz referências à música baiana ou afoxé deixa então de ser rock?

    Man, Armandinho é um dos maiores talentos que Salvador, aliás que o Brasil e o mundo tem. E toca axé. O rock se aproximar do carnaval como neste ano, com todas as melhorias que a festa teve, foi maravilhoso. Bem mais produtivo e interessante que mandar o rock pra casa da porra todo carnaval.

    Dimmy, o carnaval possui também o espírito da contracultura. E como! Por mais impregnado que seja com música de má qualidade e ambição, esse ano houve uma evolução. Isso é inegável e louvável! Quando é pra reclamar, tem que reclamar. Mas tem horas que deve-se reconhecer também quando as coisas evoluem.

    Sua reclamação aqui é totalmente sem fundamento.

    Ninguém disse que tem que colocar uma banda de rock pra tocar com Bel. O que rolou foi bem mais positivo. Teve bandas de rock no Rio Vermelho. E a opção de escolha é uma coisa que esse carnaval ofereceu. Muito se reclamava disso, e agora teve.

    “Cada um no seu devido lugar” é fundamentalismo da sua parte.

    Tu disse: “subir num trio elétrico, passar pelo camarote da rede Bahia, desplugar os pedais, colocar o clean no amp. e tocar “dança da manivela” pra fazer o gosto de uns e provar que somos abertos a diversidades e misturas musicais”. Cara, quem fez ou propôs isso, que eu não vi? O que rolou foi uma opção no Rio Vermelho.

    Eu sei que quem já subiu em Trio foi Rebeca Mata e Cascadura, então man, fale mal deles, cite os nomes de quem realmente te incomoda, seja especifico em sua crítica pra não cair no discurso vazio do “eu sou rocke”.

    Apenas ficar pelado, quebrar guitarra e tocar desafinado não é suficiente. Pra ser contracultura, ou ter “atitude”, é preciso bem mais que isso. Raul tocava, TAMBÉM, brega, man. E ele era “rocke”, ou você acha que não? Aliás, a contra cultura que você disse ai anda muito sumida no rock de Salvador. Qual é a banda que se encaixa, de fato, no que você chama de contracultura, em Salvador?

  8. “Atire a primeira pedra quem nunca pecou”
    O roke sempre existiu no carnaval, lá em piatã, porém é queimação – heheh

    Tocar desafinado, ficar pelado entre outras coisas pode realmente n ser atitude e muito menos modelo de contracultura, mas é o roke, ele é assim querendo ou n. Agora pior é tocar bem, super bem, melhor ainda…e…e…e, servir pra nada, mas aí ja entra em outras questões que fere o ego de muitos, mas ligar pra isso é algo mais banal ainda.

    Não existe fundamento pra discussão nenhuma, quando achamos que estamos com a razão, ou seja, cada um com seu pensamento e a vida vai continuar, uns tocando bunito, outros menos, outros tão pouco, outros reclamando… O mundo é cruel com as pessoas.

    Hehehe eu sou do roke e toco brega. Toco na movidos á álcool – heheh.

    Contracultura? nessa bahia de meu deus? realmente é complicado!

    O que é mais engraçado nessas coisas de atitude, é de bandas “clássias”como o Nirvana, NIN…fazem tudo isso dessa mesma maneira q foi citada e o povo acha sensacional, mas é isso, “não tem nem comparação”.
    A questão vai voltar a ser de gosto, então, vou encerrar aqui os comentários antes q a Bamor invada aqui e faça aqui como fez na fonte nova, levando até grama. huahuahua

  9. dimmy

    não adianta discutir com esses caras não man. de repente gostar de roque em salvador virou pecado. o cara roquero de salvador tem de gostar de tudo. de axé, de musica baiana, de orquestra imperial, de céu e achar armandinho o melhor guitarrista do mundo mesmo tocando axé. salvador já era man. o pessoal do roque aqui é tudo axezêro e radical. cuidado com a bamor. deixa os caras comer grama e tocar musica de trio elétrico

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