O CD se salvando?

cdA reação das gravadoras abaixando o preço dos CDs parece que começa a dar resultado no Brasil. Depois de muitas baixas, foram cinco anos seguidos, as vendas cresceram. Mesmo com a existência da pirataria e a música distribuída livremente na Internet, as vendas de CDs cresceram em julho deste ano aumentaram 14,8% em comparação com 2006, chegando a um milhão de unidades. O faturamento cresceu um pouco menos, 10,7%, alcançando R$ 13,8 milhões. A tendência é que estes números continuem durante o restante do ano, apesar do acumulado no primeiro semestre registrar uma queda de vendas de 7%. A principal razão parece ser mesmo os preços mais baixos. As gravadoras alegam que diminuíram o valor dos CDs em 50% nos últimos cinco anos, com o preço girando em R$ 15. Parece que não foi tão difícil conseguir diminuir o valor do CD já que fizeram o óbvio: cortaram custos, refizeram contratos, reduziram verbas de divulgação e promoção (incluso o famigerado jabá), além de diminuir o número de lançamentos. Como foi dito há duas semanas, apostaram também no óbvio, inundando o mercado com coletâneas, acústicos e discos ao vivo. Apostas em formatos mais baratos como o CD Zero da Sony e o Music Pac da Universal são alguns dos principais responsáveis pelo crescimento nas vendas.

Lembra do SMD (Semi Metalic Disc)? O formato alternativo criado pelo cantor sertanejo Ralf? Destaque na última Feira da Música no Recife, ele começa a ganhar um espaço de respeito. A maior fabricante de CDs, DVDs e games na América Latina está assinando um contrato de exclusividade por 20 anos com o cantor pelo uso da patente. Com a nova tecnologia a empresa pretende colocar nas lojas produtos pelo preço dos vendidos nos camelôs: CDs a R$5, DVDs a R$8 e games entre R$12 e R$15. Os preços já viriam impressos no próprio produto. Para quem quer entender qual o mistério do SMD existem dois motivos básicos para o valor 80% mais baixo. O primeiro é que o SMD utiliza metade das ligas metálicas de um CD comum, o segundo é que pro contrato os artistas e os desenvolvedores do software aceitaram diminuir sua margem de lucro e recuperá-la no volume de vendas. A Nintendo pode ser a primeira grande empresa a lançar no formato, já que está prestes a fechar um contrato para lançar seus cinco principais jogos no formato. Pirateiros tremei.

Nos Estado Unidos a aposta continua na música digital. Novos serviços digitais começam a ganhar corpo e vão concorrer com a principal vendedora da rede, o iTunes. A loja Amazon já assinou com algumas gravadoras e está lançando seu sérvio de vendas de música online, enquanto duas empresas menores, Qtrax e Spiralfrog, anunciam downloads gratuitos em troca de anúncios com faturamento dividido com as gravadoras. No Brasil, as gravadoras ainda estão lentas na venda de música na internet, mas como é de praxe, o mercado mais independente está na frente e já rascunha um modelo de lucrar com isso. Várias bandas estão disponibilizando discos inteiros no site da Trama Virtual. Bom para o público que consegue material novo e de grana e para a banda, já que através de anunciantes, o site paga pelos downloads das bandas.

Selos necessários
E qual a função dos pequenos selos independentes diante disso tudo? Para Fabrício Nobre, um dos proprietários da Monstro Discos, um dos principais do país, a resposta é simples: “Tentar, arriscar, buscar os novos caminhos e depois ser imitado pelas majors”. Segundo ele, para as bandas as vantagens são muitas: ter uma marca agregada, um ponto de apoio, um parceiro e alguém para dividir tarefas e missões. Na Bahia um novo selo, Torto Fono Gramas, estréia no mercado com dois discos de bandas da nova geração. O primeiro é Metamorphic, novo álbum da Cobalto. O segundo é a estréia da banda Yun-Fat, Action Movie Stunts Get To Die, que começa a ser vendido em outubro.

O Dilúvio
Falando em iniciativas independentes, o mercado editorial tem uma boa opção. Trata-se da revista O Dilúvio, do Rio Grande do Sul, que chega a sua décima segunda edição essa semana. A publicação desde seu quinto número traz um CD encartado, que incluiu bandas gaúchas, além do EP da Orquestra Imperial e CD dos pernambucanos da Eddie. A edição deste mês vem com outra boa banda pernambucana, a Academia da Berlinda. Nas páginas matéria sobre licenças livres, os Novos Baianos, entre outras.

Minas e EUA
Em seu disco do ano passado, “The Brave and the Bold” o Tortoise, um dos principais nomes do chamado pós-rock, gravou a música “Cravo e Canela” do mineiro Lô Borges, presente no clássico álbum Clube da Esquina, de 73. Agora o líder da banda, John McEntire, vai mixar o novo disco de Borges que chega às lojas em 2008.

Cibelle
Mais um nome bacana tem show agendado para Salvador. É a cantora Cibelle, paulistana radicada em Londres desde 2002 e que se apresentou recentemente no festival Coquetel Molotov, no Recife. A mistura de Bossa-nova, Tropicália, folk-rock com bases eletrônicas da cantora poderá ser visto no dia 6 de outubro em local ainda não divulgado.

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