Discos: tara_code – ‘Azul e Roxo’

Se o modo neoliberal de ver o mundo comandasse sozinho os rumos da música, artistas como a banda baiana tara_code [assim mesmo, com caixa baixa e underline] não existiriam. Se a música fosse guiada apenas pelas regras comerciais do mercado, “Azul e Roxo”, disco de estréia do grupo, nunca seria lançado. Se existisse apenas um mesmo modo de se fazer música, a arte de compor e tocar não sairia do lugar e ouviríamos sempre a mesma coisa.

Este é um daqueles discos que necessitam de dedicação. Não porque seja difícil, mas não dá para ouvir “Azul e Roxo” sem prestar atenção a cada detalhe, sem apreciar com cuidado a sintonia entre a interface eletrônica, efeitos de guitarra e a poética urbana. Um trabalho delicado de produção e repleto de criatividade a cada momento.

A dupla Gilberto Monte e Andréa May conseguiu um excelente resultado do que eles vêm desenvolvendo há sete anos. No álbum, aparecem músicas dos diversos momentos do grupo, resumindo a trajetória e as diversas influências absorvidas por eles neste tempo. Estão lá o rock’roll, o trip hop, a pesquisa com ritmos, a mistura de timbres e a vivência com o mundo da eletrônica.

São dez faixas, algumas delas criadas há alguns anos, outras com a ambiência sonora do que o grupo faz hoje. A produção caprichada, desde a gravação até a parte gráfica, traz como conseqüência um álbum de alto nível e desde já um dos melhores discos nacionais do ano. [lm]

A dupla Gilberto Monte e Andréa May é ousadia, experimentalismo e arte. Sim, música ainda é arte, apesar dos pesares. Um belo trabalho, que prima pela criatividade e por uma sonoridade característica de quem não de importa em agradar a donos de gravadoras ou programadores de rádios.

tara_codeHermética? De forma alguma. A música produzida pela dupla é até acessível, mas é preciso estar aberto a ouvir algo fora do padrão. Definir a banda não é fácil.

“A gente tem esse dilema, a partir de uma longa trajetória, há um acúmulo de influências. Nosso trabalho é mais para o experimental, a partir de que não fazemos uma coisa convencional. A célula principal é o rock com a eletrônica; nesses dois, conseguimos um equilíbrio”, afirma May, que canta quase recitando as letras.

Andréa e Gilberto, o responsável pelas guitarras e bases eletrônicas, são acompanhados de uma banda

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