Flerte Flamingo

Entrevistas: Flerte Flamingo e seu novo EP

De Salvador, banda Flerte Flamingo lança seu segundo EP e conta mais sobre o trabalho nessa entrevista.

Mais uma edição da série de entrevistas com artistas e bandas que estão lançando discos, especialmente na Bahia. Dessa vez batemos um papo com a banda Flerte Flamingo, que está lançando seu segundo EP, ‘Espero Que Você Entenda’. Formada por César Neto (baixo/ voz), Leonardo Passovi (guitarra/ voz), Rodrigo Santos (teclado, guitarra e voz), Igor Quadros (bateria) e Bernardo Passos (percussões), a banda faz parte de uma nova cena indie de Salvador, que não se prende muito a gêneros musicais. A Flerte Flamingo, por exemplo, faz música brasileira em essência, com flertes com elementos do indie pop contemporâneo.

Veja também:

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– 5 álbuns diversos com menos de 10 anos para prestar atenção.

Leia a nova entrevista da série e aguarde outras nas próximas semanas, sempre ouvindo artistas que estão lançando álbuns este ano.

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Flerte FlamingoQuem: Flerte Flamingo
O Que: Disco ‘Espero Que Você Entenda’
Formato: Digital 
Onde: plataformas digitais (Spotify, Deezer, Apple Music e Tidal)
Por quem: Independente
Preço: Audição gratuita

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– Gostaria que vocês contassem como foi a concepção do disco. Há um conceito nele?

Flerte Flamingo: Como foi um material que nasceu do palco pro estúdio, e não o contrário, como costuma ser, nós tivemos que enfrentar o desafio de saber a hora de se desprender da maneira que se está acostumado a tocar. Nesse momento, é muito importante o olhar do produtor, uma cabeça fresca, uma mente de fora que nos mostre uma maneira diferente de se trabalhar aquela mesma canção. E Junix cumpriu muito bem essa função, tendo experiência e franqueza pra nos mostrar, do que a gente já fazia com essas faixas, o que valia a pena aproveitar e o que era bom reformular. Isso acabou por renovar inclusive o nosso prazer em tocar essas músicas.

Quais foram as principais influências durante esse processo de criação?

A gente costuma canalizar influências de maneira muito espontânea e casual, o que acaba deixando a coisa um pouco difusa e mais original. Consigo perceber muito de Toquinho, Jorge Ben e Caetano Veloso, na composição, que é a parte mais crua da criação do todo. Quando chega na parte do arranjo, da produção, vejo elementos de Papooz, Skinshape, Summer Salt. Às vezes aparece numa linha de guitarra, às vezes num timbre de órgão, sem que necessariamente a gente tenha conscientemente buscado aquilo. Mostra que, quando a gente escuta e admira um artista, ele invariavelmente reflete na nossa obra na proporção que couber ao momento. Dito isso, seria quase desonesto deixar Arctic Monkeys ou Beatles de fora da lista.

Em tempos sem ficha técnica disponível, o disco contou com quem na produção, arranjos, ou mesmo em participações?

Na produção do EP, nos dirigindo musicalmente, contamos com Junix11, um cara que definitivamente sabe pra onde ir quando se quer fugir de lugar-comum. É um guitarrista como poucos hoje em dia e carrega uma vasta experiência que foi dividida conosco ao longo do processo, construindo em conjunto com a banda os arranjos das canções. As sessões de gravação aconteceram no estúdio 12 por 8, de Pablo Moreno, que tem sensibilidade e capacidade técnica ímpares. Marco Agrippa, lá do Rio de Janeiro, foi quem mixou, orientado por Junix, e trouxe um toque mais moderno pro som.

Como ele está sendo lançado e como encontrá-lo?

O lançamento está sendo apenas digital. É um formato que aos poucos está se firmando como único, absoluto e tudo caminha pra reforçar isso. Até alguns carros atualmente vêm de fábrica sem entrada para CD, mas com mil e uma formas de se conectar um celular e ouvir música pela internet. Portanto é lá que a gente tem que estar. E graças ao pessoal da TAG Music, lá de São Paulo, que está cuidando da distribuição desse nosso trabalho, está sendo possível figurar em mais espaços dentro das plataformas de streaming.

Gostaria que fizesse uma análise da evolução musical da banda desde o início da carreira até este disco.

Apesar de ainda nos reconhecermos muito no princípio, já sentimos algumas diferenças de hoje para nosso primeiro ano de rodagem. A gente era muito verde, muito afoito, como todo bom iniciante tem que ser. Acabávamos fazendo arranjos mais cheios de coisa e nesse material extraímos a certeza de que menos é mais. Dividir a responsabilidade da pulsação rítmica entre as diversas camadas do arranjo, ao invés de sobrecarregar um instrumento fazendo a levada completa, enriquece a canção. Usar mais guitarra do que violão neste trabalho também nos permitiu explorar mais timbres, o que com certeza foi um passo à frente em relação aos trabalhos anteriores. Essas noções, aliadas a uma percepção mais sensível de quem nós somos e o que temos de melhor (o balanço, as melodias), nos permitiu fazer com que esse EP fosse o mais satisfatório artisticamente pra a gente até agora.

Porque em tempos de streaming ainda lançar um álbum?

Um álbum é mais do que só um compilado de músicas, é um registro de uma fase de um artista. Um momento criativo, um degrau na caminhada. A necessidade e a vontade de produzir registros desse tipo jamais vai deixar de existir. As formas de consumo e de produção sempre se adaptam umas às outras. Os formatos de single e EP estão se popularizando e inclusive artistas consagrados estão aderindo ao EP pela praticidade e até pela demanda por dinamismo nesses nossos tempos. Mas o streaming de vídeo popularizou ainda mais as séries sem que os filmes acabassem sofrendo. Nós cremos que o álbum vai sobreviver da mesma forma. Ainda vamos mascar um pouco mais os chicletes dos formatos mais enxutos, mas já estamos atentos pra sentir qual o momento de lançar um material maior. Com certeza é um dos nossos objetivos prioritários.

Quais os planos para tornar este trabalho mais visível diante de tanta coisa sendo produzida?

Para artistas novos, artistas emergentes – como seríamos carinhosamente chamados numa hipotética reunião da ONU – acumular material até ter um número considerável de lançamentos pode ser até mais importante do que lutar pra impactar com um trabalho. Ter portfólio pra mostrar quem você é e mostrar que seu material é conciso, no nosso ponto de vista, rende frutos mais consistentes. Portanto, nosso foco no momento é manter a peteca no ar. Seguir produzindo com constância pra ir conquistando espaço no dia-a-dia do ouvinte. Pra isso, inclusive, já temos cartas na manga.

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