O que as pessoas estão ouvindo?

Ao seu redor existe hoje algo que todo mundo ouça? Existe algo onipresente na mídia, nas rádios ou no som que o vizinho ouve? Essa é uma das maiores consequências da chamada crise da indústria fonográfica e das mudanças tecnológicas que estamos assistindo. Não é mais possível vender e empurrar goela abaixo um produto com a mesma força que há alguns anos em todo país. Ainda há grandes sucessos? Obviamente que sim. Boa parte da população que ouvir o que todo mundo está ouvindo e a grande mídia ainda define o que é isso. Não é, porém, de forma tão maciça como já foi um dia e essa mudança tem alguns pontos cruciais. Primeiro é que as gravadoras não tem mais a grana e poder que já tiveram e não conseguem controlar os meios de massa da mesma forma que antes. O jabá ainda existe, mas com muito menos predominância do que em outros tempos. Com isso, abre-se mais espaço para diversidade. O espaço para novidades já é maior, especialmente nas rádios. Essas precisam ainda se adaptar a nova realidade tecnológica e de uma atualização em seus repertórios, ainda bastante viciados. Outro fator parte do próprio público. Se antes ele era um ator pacífico no mercado – apenas recebendo o que lhe era oferecido – agora tem um papel mais presente e atuante. Um dos principais elementos para isso é a internet, que mesmo não sendo ainda utilizada por grande da população, a cada dia aumenta a sua presença nos domicílios brasileiros. Com a internet, gravadoras grandes e pequenas, grandes redes de rádio e rádios pessoais concorrem de forma mais equilibrada. Mais do que isso, os próprios artistas encontraram um meio para se relacionar com seu público e divulgar sua música sem intermediários. Isso tudo já vem sendo dito, mas há de verdade mudanças no dia-dia? Se pensarmos que não há hoje um gênero monopolizando o gosto musical já temos um indício. Pode-se ainda discutir a qualidade do que está sendo mais ouvido. É outra questão. Mas no momento há uma diversidade musical dominando o país. A lista dos discos mais vendidos mostram isso. Duplas sertanejas, trilhas-sonoras de novela, grupos de música brega-popular travestidos de forró, um jovem saxofonista fazendo versões de clássicos da MPB e até grupos de rock pesado (Evanescence e Iron Maiden) se revezando entre os cinco mais vendidos do país são uma mostra disso.

Viva Duprat
Infelizmente é preciso que os mestre morram para que eles ganhem algum reconhecimento. Apesar de ser um dos responsáveis pelo Tropicalismo, pela sonoridade do grupo de rock mais importante do país e de colocar elementos criativos em álbuns de alguns dos principais nomes da música brasileira, Rogério Duprat morreu sem obter o respeito que merecia. Vindo da música erudita, o maestro inseriu elementos rebuscados flertando com a música pop na Tropicália, deu o rumo que os Mutantes precisavam para ser algo além de garotos fazendo rock no Brasil e trabalhou os arranjos em discos de Alceu Valença, Chico Buarque, Jorge Ben, Trio Mocotó, entre outros. Um minuto de música em homenagem a Duprat.

Panela velha
Bob Dylan, Bruce Springsteen e Jerry Lee Lewis mostram que idade não é empecilho para se fazer música de qualidade. Os três, cada um a seu modo, lançaram este ano discos interessantes e que figuram entre os melhores de 2006. Provam que melhor do que lança trabalho novo todo ano, é guardar a criatividade, mais escassa com a idade, para soltar um álbum apenas quando têm algo relevante a dizer. No Brasil, depois de muito tempo, Caetano Veloso se livrou das amarras da MPB mainstream, se cercou de jovens e lançou um disco com frescor, de certa forma ousado e com resultado acima da média.

Barulho
É preciso que a prefeitura se defina. Reconhecida como uma cidade musical, vive os excessos dos barulhentos, mas deve saber como atuar com a noite musical, especialmente no Rio Vermelho, um notório bairro boêmio e musical da cidade. Fechar casas e interromper festas e shows que oferecem opção na complicada noite não parece ser a solução mais interessante.

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