Discos: Djunks e Narguilé Hidromecânico

Dois discos de bandas nordestinas em destaque, a estreia da baiana Djunks e o terceiro álbum da piauiense Narguilé Hidromecânico.

Djunks – “Quando tudo parecia tão ruim”

A Bahia já tem seu CPM22. Djunks é o nome da banda, que segue os passos do emo-core tão na moda no país. Estão lá todos os clichês. O vocal sem graça e sem alma, que é uma das marcas mais presentes no estilo. As letras, falando quase em 100% das vezes de desilusões amorosas, sem muita inspiração. O peso, na verdade, peso mosca, que é um disfarce, já que é o tipo de som (com aqueles riffs de sempre) para adolescente que ainda não aprendeu do que o trio guitarra-baixo-bateria é capaz. Os meninos (não passam de 23 anos) tocam bem, mas precisam ampliar as referências. O resultado mostra, no entanto, que a Bahia já tem um bom representante no emo-core, não devendo para nenhuma outra do estilo no país. Só não sei qual a relevância e importância disso. Evidente, que um disco deste gravado aqui mesmo em Salvador, com profissionais locais, mostra a capacidade de se produzir um trabalho de alto nível técnico, da capa e material gráfico (muito bons) até a gravação. A produção, a cargo de Luisão Pereira (ex-Penélope) merece destaque. Os fãs do gênero podem comprar de olhos vendados, com certeza vão gostar. Já quem não gosta pode permanecer à distância.

Narguilé Hidromecânico – “Com Gosto de Gás”

Vinda do Piauí, a Narguilé Hidromecânico faz uma mistura bem azeitada de rock, ritmos do nordeste, reggae e muita percussão, mas que chega no limite entre um trabalho interessante e a música mais comercial com pouca ousadia. Em alguns momentos a banda se perde tentando inserir elementos pop quase clichês, desde timbres óbvios até misturas pausterizadas, como se precisassem disso para atingir um público maior. Mas a junção de peso com sotaque nordestino, os passeios pelo reggae e um meio funk têm bons momentos. Destaque para os reggaes “Novo Mundo” e “Pode Ser”, a carnavalesca frevo-rock “Frevo Lição” e os bem feitos mistos de rock e sons nordestinos que remetem às misturas feitas em Pernambuco, como em “Bilãozinho Astral”, “Cabaça Dela” (com sua letra sensual dúbia), “Redondilha” e “Só Vou Mudar”. Guitarras distorcidas, zabumba, pandeiro, berimbau, caxixis, triângulo, fole, efeitos eletrônicos, pick ups, sintetizadores, histórias e termos nordestinos nas letras criam uma música sintonizada com as produções recentes feitas na região.

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