Lanny Gordin
Quem não foi há duas semanas ver o grande guitarrista Lanny Gordin,perdeu umdos melhores momentos que envolveram música este ano em Salvador. O músico, para quem não sabe, foi o guitarrista de boa parte de discos bacanas da MPB nos anos 70, essencialmente a Tropicália, gravando com Caetano, Gil, Gal e Jards Macalé (os melhores discos deste pessoal, bom ressaltar). O show fez parte do Projeto Mostra Tua Cara, que em dois dias reuniu artistas de estilos diversos. Idéia boa. A Unitech, empresa que promoveu o evento, merece aplausos. Apesar do público bem aquém do esperado, graças ao evento Salvador pode receber uma daquelas lendas vivas que jamais pensamos que passaria por aqui.

Lany Gordin se apresentou ao lado do Projeto Alfa, banda que vem acompanhando ele ultimamente, inclusive com um disco gravado juntos. E que banda! Ao ouvir Fábio Sá, baixo, Guilherme Held, guitarra, e Zé Aurélio, bateria dava para sacar a exata noção do que é música extremamente bem tocada. Nem sempre é preciso ser músico, conhecer a técnica, para se saber quando estão fazendo o uso dela de forma absurdamente bem feita. Qualquer poderia dizer ali “esses caras tocam muito”. Porque aquilo estava claro nos ouvidos, extrapolava o conhecimento musical bastando sensibilidade. Boa técnica aliado a uma dose cavalar de alma, de sentimento. Técnica a serviço de música sensorial e não de virtuoses gratuitas ou músicos vidrados.

A banda toca sentada, com cada um entrando num mundo particular com seu instrumento, mas ao mesmo tempo criando um monolito de música que passeia por jazz, rock e música brasileira. O baixista era um tipo de Yamandú Costa, vibrando com o som que tirava e entrando numa sintonia como instrumento que parecia incorporar o baixo ao próprio corpo.

Lanny ainda demonstra as consequências do excesso de drogas e do tratamento que fez para se livrar delas, que incluiu remédios, insulina e eletrochoques. Mas tocando demonstrava o porque de ser considerado o Jimi Hendrix brasileiro. Com toques simples, sem virtuosismmo barato, tirava sons fantástico do instrumento. Protagonizou um daqueles momentos mágicos que pouca coisa alémde música pode realizar. Num momento solo tocou “Pássaro” música de Hermeto Pascoal na época da banda Brazilian Octopus e um trecho de Hendrix para delírio dos poucos po~´em atentos presentes. Quem esteve lá não vai esquecer tão cedo.

Para quem gosta de música sem preconceitos.

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