Garotas de responsa

Não deveria ter essa de diferenciar homem ou mulher, menino ou menina, fazendo rock ou qualquer coisa. No fundo tem um pouco de machismo nessa história. Mas, querendo ou não, o fato é que as garotas estão invadindo o palco (e também o público) e mostrando que esse papo de rock ser coisa do sexo masculino já era.

No último domingo, um evento chamado “Rock de Batom”? reuniu alguns dos novos nomes do cenário. Foram bandas que contavam sempre com garotas em sua formação. Algumas não tão novas, como Lilit, mesclando MPB e rock e a Ulo Selvagem, fazendo um hardcore e punk estalando os ouvidos.

Um dos destaques da noite foram as meninas da Uninvited, banda com menos de duas semanas de formada, mas que fez um grande show. Música próprias, covers de Nirvana, Radiohead, Offspring e Alanis Morrisette serviram para agitar, e muito, o público. A banda tem futuro. É para ficar de olho na vocalista e guitarrista Jerusa Leão, que no alto de seus 20 anos, mostra competência vocal e uma presença de palco invejável para muito marmanjo.

A noite teve ainda o rock barulhento da banda de Lauro de Freitas Boneca Kaolha, o grunge do Playground, além da Lucy in the Sky, que com uma boa vocalista recebeu Rebeca Matta para cantar o “hino”? da nova geração de garotas roqueiras: “Garotas Boas vão pro Céu, Garotas Más vão pra Qualquer Lugar”?.

Outra banda de meninas que vem ganhando espaço é a Dirty Dolls. Formada por cinco garotas de não mais do que 20 anos, elas fazem new-metal de responsa. Se você imagina que uma garota com esta idade não sabe tirar sons guturais de dentro dos pulmões, preste atenção nas vozes que a baixista Carol faz, parece até que tem um monstrinho dentro da boca. Bonitinhas e barulhentas.

Essas e outras garotas são herdeiras de outras roqueiras baianas, quase uma tradição nessa terra. Nancy Viegas é talvez uma das abre-alas dessa história, pelo menos das que ainda se mantêm em atividade. Ela fez parte da histórica banda Crac! e hoje faz, ao lado dos rapazes do Grazzers, rock de primeiro nível. A banda Rabo de Saia, que gerou Érika Nandi (ex-baixista da Penélope) e a agora cantora Lan Lan, foram outras que deram início a essa linhagem.

As meninas da Penélope também são influenciadoras do rock baiano feito por mulheres. Elas estão lançando o terceiro disco, com direito a turnê pela Bahia. Outra que despontou no meio mais alternativo e hoje brilha é Pitty. A ex-Inkoma vem colecionando elogios de seu novo trabalho, agora solo, despontando em paradas de mais pedidas na MTV e rádios de outros estados. O mulherio tá solto. (luciano matos)

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