A velha e a nova música brasileira

– O grande e pouco ouvido Sérgio Sampaio vai ter um disco inédito lançado quase dez anos após sua morte. O traste do Zeca Baleiro parece que vai dar algum sentido a sua proximidade com a música. O maranhense metido a estrela da MPB vai produzir o disco, tirado de fitas e gravações inéditas de Sampaio. Soube que essas gravações circulam pela internet, conheci um cara no tal do Orkut que diz ter. Para quem não sabe, Sérgio Sampaio é autor do megahit do passado “Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua”

Monsueto Menezes é outro daqueles caras da música brasileira, genial, mas não muito conhecido. Talvez a tal crise da indústria ajude a reerguer esses grandes nomes. Pois Monsueto que tem versões de suas músicas (principalmente “Mora na Filosofia”, “Me Deixa em Paz” e “Eu Quero Essa Mulher”) cantadas por nomes como Caetano Veloso, Luis Melodia, Milton Nascimento e Alaíde Costa, além de nomes de gerações mais novas como Virna Lisi e Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta. Humorista, artista plástico, cantor e compositor, Monsueto foi homenageado recentemente no Prêmio Rival BR, com exibição de de trechos de filmes que participou e um show. Mais. O disco Bigorrilho, lançado em vinil pela Polydor entre 1963 e 1964, vai ser relançado em CD pela Universal até o fim do ano. O álbum traz faixas como “Jorge Veiga Bigorrilho” (Sebastião Gomes/ Romeu Gentil/ Paquito), sucesso do carnaval de 63, “O Malhador” (Donga/ Pixinguinha/ Valfrido Silva), matriz da faixa-título, o afro-samba pioneiro “Aruanda” (Carlos Lyra/ Geraldo Vandré), “Pula Baú” (Jorge Ben) e inéditas (na época) do próprio Monsueto, “Quero o Meu Nariz”, “Casa de Chá”, “Olho Grande” e “Resfriado”. O disco, uma raridade nos dias de hoje, ressurge pelas mãos do pesquisador Rodrigo Faor.

– Reactivus Amor Est (Turba Philosophorum). Este é o nome do primeiro disco de Jorge Ben Jor no milênio. Oito anos depois de seu último álbum com músicas inéditas, Benjor acerta, não na mosca, mas supera os trabalhos que vinha fazendo e mostra ainda ter fogo para queimar. Com várias referências ao maior de seus clássicos, o antológico “A Tábua de Esmeraldas”, o velho Jorge utiliza eletronices, vozes femininas, muita percussão e coloca o samba a frente do funk.
“Mexe-Mexe” (anteriormente gravada pelo Mundo Livre S/A) abre o disco dando uma pista do que virá adiante. A velha forma de falar das mulheres, num misto de sensualidade e sensibilidade. Como em “Janaína”, onde num gostoso sambinha pra dançar a dois canta: “por isso quando ela passar, ninguém mexe que tem dono/ está comigo, pode olhar, mas sem tocar” ou na homenagem talvez não tão merecida a Astrid Fontenelle. Referência a “Umbabarauna” em “Tupinambás”, com um coro feminino e por ai vai. O velho Babulina mostra que não perdeu toda criatividade.

– Tem mais um grande nome da música brasileira retornando. Arnaldo Baptista, acreditem, vai lançar disco novo com músicas inéditas. “Let it Bed” é o nome do álbum, primeiro de Arnaldo em mais de 15 anos. O trabalho virá encartado na quinta edição da revista “OutraCoisa”?, editada por Lobão e prevista para chegar as bancas nos próximos meses. Constam do repertório canções inéditas do ex-Mutantes, um spiritual negro do início do século 20 e uma paródia do artista para o samba clássico “Favela”, que passou a ser chamada de “Fivela”. O disco tem dois músicos convidados, mas Arnaldo toca todos os instrumentos. Gravado no sítio de Arnaldo, o CD tem produção de John (Pato Fu) e Rubinho Troll que inseriram alguns timbres eletrônicos ao trabalho.

A Farsa do Samba Nublado é o título do terceiro e novo disco do alagoano Wado, que deve chegar às lojas em setembro pela Outros Discos, agora sob o nome Wado e Realismo Fantástico, a banda que o acompanha. Segundo o próprio Wado esse novo trabalho está mais próximo do primeiro disco Manifesto da Arte Periférica, mas é mais estúpido, mais tenso e com letras longas. “Um disco de dúvida que trata de oscilações de humor e fé e mais rock”, afirma Wado. A Farsa do Samba Nublado possui doze músicas, entre composições próprias e versões do carioca Luis Capucho e da banda Oito de são Paulo. Tem ainda participações especiais de nomes como Hugo Hori, do Funk como Le Gusta; o pessoal do grupo Bojo e o Minima, ambos de São Paulo.

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