Sem fronteiras

Nos anos 90, nomes como Chemical Brothers, Prodigy, Daft Punk (que está lançando disco novo) e FatBoy Slim despontavam da cena eletrônica colocando os beats na ordem do dia. Foi uma estremecida na música pop e uma boba divisão entre os apocalípticos e integrados, pregando a morte do rock e a proclamação da e-music como o som do futuro. Não tem sentido ainda hoje colocar rock contra música eletrônica ou qualquer “briga” entre rótulos. Ninguém é obrigado a gostar das novidades dos beats, mas também não é proibido de gostar, mesmo desfilando diariamente com camiseta do Ramones. O início do século XXI só tem reforçado a quebra de preconceitos e o fortalecimento dos passeios por caminhos diversos no mundo da música. Mesmo ainda cheio de guetos, é exatamente nesse tom que o universo da música eletrônica tem se consolidado, no exterior, Brasil afora e também em Salvador. De todos os lados, algumas modas não sobrevivem, seja o grunge ou o drum´n bass, mas cada vez mais os gêneros coexistem e fica difícil e desnecessário separar uma coisa da outra. O que importa é soar bem aos ouvidos. A cena eletrônica vive, novamente, dias férteis com artistas mesclando elementos diversos e se utilizando das ferramentas eletrônicas para produzir sua música. Ao mesmo tempo, cada dia mais o próprio rock se apropria de samples, beats, loops, efeitos, sem perder suas características. Da e-music nomes como o projeto alemão Digitalism, o duo francês Justice, os grupos-projetos LCD Sound System, MSTKRFT, as bandas New Young Pony Club, The Rapture, os australianos do Midnight Juggernauts, entre tantos outros, tem feito o dever de casa e mostrado como podem (e devem) entrar no mp3player de qualquer mortal, mesmo que ele tenha crescido ouvindo Heavy Metal. A chamada música eletrônica já deixa de ser um rótulo e passa a ser uma característica contemporânea. O mundo é eletrônico e isso não significa desprezo ao acústico e orgânico. Há um convívio natural e cada vez mais estabelecido. Música é o que entra pelos ouvidos, não importando a fonte.

e-Brasil
No Brasil, e em Salvador também, a e-music já está consolidada. Seja com o funk carioca e suas conseqüências brancas de classe média, como o Bonde do Rolê, o cearense Montage (uma das atrações do Festival Boom Bahia) ou o tosco projeto baiano Solange to Aberta. Seja com a infinidade de festas tocando house, electro e subritmos diversos. Seja com o trance e suas subdivisões, que levam milhares de pessoas, e cada vez mais o público playboy, para raves e festas pelo Brasil. Seja com artistas nacionais como Gui Boratto, os Twelves, DJ Dolores, Patife, Marky, entre outros. Outra prova desse sucesso é o próprio Carnaval de Salvador, que em 2008 terá mais uma vez FatBoy Slim e convidados, além de Tiësto, um dos maiores DJ de Trance no mundo.

1001 discos
Listas são sempre difíceis, mas ao mesmo tempo imprescindíveis para conhecer aquele disco obscuro ou aquele artista que você nunca ouviu falar. Em tempos que o produto disco anda meio desprezado, nada melhor que o livro 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer, que, como o título entrega, contabiliza 1001 álbuns lançados entre 1955 e 2007. A seleção comentada por críticos estrangeiros reúne um bom acervo que passa por vários estilos e origens. Do Brasil aparecem discos de Caetano Veloso, Tom Jobim, Chico Buarque, Sepultura, Maria Bethânia, Jorge Ben, Milton Nascimento & Lô Borges e Os Mutantes, entre outros.

Wado
Ainda pouco conhecido da maior parte do público, mas com três bons discos lançados, o alagoano-catarinense Wado prepara seu quarto álbum, “Terceiro Mundo Festivo”. De volta a Maceió, o músico (que chegou a integrar o elogiado Fino Coletivo) montou uma nova banda com quem prepara o material. Em dezembro, o público baiano vai poder finalmente conferir o show do rapaz.

Para quem gosta de música sem preconceitos.

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Veja as festas, shows, festivais e eventos de música que acontecem em Salvador, com artistas locais e de fora dos estilos mais diversos.