Entre os diversos lançamentos da última semana, destacamos 10 que merecem atenção especial. Destaque especial para os veteranos, como Caetano Veloso, com o novo álbum Meu Coco; o inédito encontro de João Donato e Jards Macalé, em Síntese do Lance; além do novo trabalho solo do inglês Jarvis Cocker, ex-Pulp, num álbum de pop francês. Das gerações mais contemporâneas, aparecem desde a baiana Márcia Castro, com uma homenagem à Axé Music, os latino-paulistas da Francisco, el Hombre, e a musa indie Lana Del Rey, com seu segundo álbum no ano. Tem também o pó-punk dançante dos novaiorquinos da banda Parquet Courts, a primazia da música cubana com a Orquesta Akokán, a delicadeza da sírio-americana Bedouine e o trabalho sempre ousado de Helado Negro.
Caetano Veloso – Meu Coco
Primeiro álbum de inéditas em nove anos, Meu Coco capta elementos do Caetano das últimas décadas. Desde o retorno de Jaques Morelenbaum aos arranjos (ao lado de Thiago Amud) até o trabalho em cima de timbres, que flerta com a sonoridade da banda Cê em algum momento. O bardo baiano também traz referências sonoras à musicalidade contemporânea brasileira, como o funk e a afro-baianidade, além de diálogo com o samba e o fado e citações a vários artistas da atualidade.
João Donato & Jards Macalé – Síntese do Lance
Dois dos maiores mestres da música brasileira se unem numa parceira inédita com um repertório também só de inéditas. O universo musical dos dois se encontra Em sambas, bossas, latinidades, se cruzando como se eles fossem parceiros desde sempre. Mas na prática só há uma composição fruto da parceira, o restante são obras individuais ou com outros parceiros. A questão que fica é porque esses dois não se juntaram antes.
Lana Del Rey – Blue Banisters
Eu seu segundo álbum no ano, e oitavo da carreira, a artista norte-americana mergulha em seu habitual clima folk com voz sussurrada e belas tristes canções. Como poucos nomes da música pop atual, ela sabe tratar de melancolia e desespero, em baladas grandiosas ou singelas canções. Aqui ela trata da solidão, tédio e das dores de relacionamentos amorosos, do desespero com o mundo atual, incluindo pandemia e racismo, mas também trata de família, processo criativo e lutas pessoais.
Márcia Castro – Axé
A cantora baiana faz uma sincera homenagem à Axé Music, rememorando o clima dos anos 1990. Mas não se trata de versões, são novas composições de gente que trafegou ou não pelo universos dos trios elétricos. Tem Carlinhos Brown e Tenisson Del Rey, mas tem também Russo Passapusso, Emicida, Teago Oliveira e Nando Reis. Com produção de Letieres Leite e Lucas Santtana, o álbum tem ainda a participação de Margareth Menezes, Ivete Sangalo e Daniela Mercury.
Javis Cocker – Chansons d’Ennui Tip-Top
Conhecido como o líder do Pulp, o cantor inglês solta seu primeiro álbum solo em 12 anos e surpreende com um álbum de versões de canções pop clássicas francesas. Chansons d ‘Ennui Tip-Top está associado à trilha sonora do novo filme de Wes Anderson The French Dispatch, e nele Cocker apresenta 12 covers cinematográficas, incluindo algumas de outros filmes.
Orquesta Akokán – 16 Rayos
Formada por 16 experientes músicos que já trabalharam com Chucho Valdés, Irakere e Los Van Van, a Akokán reaparece depois do aclamado e premiado disco de estreia. Gravado num tradicional estúdio cubano, a orquestra é uma big band especializada em ritmos e estilos cubanos. Com melodias e harmonias engenhosas e ritmos implacáveis, a Akokán expande as convenções de mambo, jazz e tradições folclóricas e religiosas.
Parquet Courts – Sympathy for Life
Uma das melhores bandas da atual safra, o quarteto nova-iorquino coloca os dois pés e a cabeça na pista de dança. Cheio de groove e batidas eletrônicas, a banda não abandona as guitarras, as críticas e os ecos do pós-punk e krautrock, mas, em seu sexto álbum, aposta num som mais divertido, acessível e dançante.
Francisco, el Hombre – Casa Francisco
Depois de focar em projetos paralelos, os integrantes da Francisco, el Hombre voltam a trabalha com a banda com um olhar para si mesmo. O quinteto capturou canções antigas que estavam guardadas e se reconectou com as raízes latinoamericanas. O resultado é o terceiro disco da banda, que trafega pelo já conhecido misto de música latina, brasileira, punk e folk. As participações de Dona Onete, Josyara, Céu e dos catalães da La Pegatina contribuem com a atmosfera.
Bedouine – Waysides
Nascida na Síria, criada na Arábia Saudita e residente em Los Angeles, Azniv Korkejia, mais conhecida como Bedouine, apresenta seu terceiro álbum em que, mais uma vez, tece suas canções entre folk, country e soul. Ao tempo que sua música remete a ícones do folk do passado, a jovem artista mostra uma sonoridade contemporânea, combinando guitarra, violão, piano e uma voz marcante. Por trás da doçura de sua voz, se revela uma poesia forte, triste e por vezes áspera.
Helado Negro – Far In
Em sua estreia pela gravadora independente 4AD, o norte-americano filho de imigrantes equatorianos apresenta seu álbum mais longo, com 15 faixas. Trafegando entre canções soturnas e faixas alegres e dançantes, o trabalho deixa de lado o ambiente folk costumeiro e mergulha em texturas, camadas eletrônicas e contrações rítmicas que aparecem ao lado de naipe de sopros, cordas e piano.