Os melhores shows que você viu e não viu em 2010

Quais os melhores shows de 2010? Veteranos, novidades, encontros, lugares inesperados. Lembrem o que marco o ano nos palcos.

Há uma verdade repetida de que com a tecnologia e as facilidades da internet as pessoas estão cada vez mais isoladas ouvindo faixas e não discos, valorizando as efemeridades da música. Não estariam nem dando bola para álbuns, trabalhos mais amplos e nem mesmo se importando para a própria carreira dos artistas. O que talvez contrarie tudo isso são os shows, as apresentações onde o artista se mostra vivo, real, reunindo fãs ou simpatizantes com atenção para seu conjunto de músicas e outros atributos em cima do palco. 2010 foi o ano de provar que ali, em cima do palco, o artista ainda é um ser especial. Com tecnologia ou não, fizeram daquele espaço seu santuário.

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Em 2010 assistimos uma invasão de shows internacionais no Brasil, os festivais independentes ou não se consolidando ainda mais, outros (vários) surgindo, muitos artistas circulando, várias apresentações especiais, originais e marcantes, aqui e lá fora. Gente nova com grandes apresentações, veteranos retornando aos palcos, lendas se apresentando e várias curiosidades, como encontros inusitados e ótimos momentos. E nada melhor que as gravações que o próprio público tem feito de alguns desses shows. Vamos lembrar de alguns?

Algumas das apresentações mais faladas, com razão, aconteceram num palco improvável: a Casa Branca. Por lá estiveram dois dos nomes mais relevantes do rock mundial atual. Dave Grohl, que fez uma versão sensacional para “Band on the Run”, de Paul McCartney, com o digníssimo Beatle na platéia, além do presidente Obama.

O outro nome foi Jack White, que mandou bem em uma versão de “Mother Nature’s Son” mesclada com “That Would Be Something”, música do primeiro disco solo do Paul. A série de shows na Casa Branca também contou com o próprio Paul, além de Stevie Wonder, Elvis Costello, Herbie Hancock, Emmylou Harris, entre outros.

Por falar no ex-beatle, Paul McCartney teve o show mais falado do ano. Começou como boato, mas as apresentações dele no Brasil acabaram se confirmando. Foram três shows memoráveis, inesquecíveis para quem foi e quem não foi, daqueles que todo mundo comentou e que quem viu vai contar para os netos que esteve lá.

O encontro de GILBERTO GIL com MACACO BONG. Da velha guarda da música brasileira com uma das novidades do rock independente nacional. Encontro inusitado de duas escolas, duas gerações, dois mundos, mas que vem se convergindo com as novas visões sobre música, economia da cultura e mercado.

Uma idéia bacana foi a gravação do DVD de Arnaldo Antunes. Depois de um ótimo disco lançado em 2009, ele convidou amigos e colegas para gravar em sua própria casa. Adaptou o lugar e gravou lá mesmo.

Um desses encontros mais legais do ano foi também entre duas gerações e de dois mundos aparentemente bem distantes. Uma das revelações do ano, a banda de rock mineira The Dead Lovers Twisted Heart e Odair José, um dos ícones do “brega”.

E entre os vários retornos anunciados durante o ano, o show do Planet Hemp foi um dos mais falados. Não se sabe ainda se essa volta vai se resumir apenas a essa apresentação na festa da MTV, mas já foi o suficiente pra deixar o gostinho na boca.

Uma das bos revelações do ano foi a cantora Tulipa Ruiz. Além de lançar um ótimo disco, mostrou ser ótima no palco, com um show sedutor que foi elogiado por onde passou e que em sua primeira apresentação fora do Sudeste, em Salvador, mostrou que tem um caminho longo e bonito pela frente.

Uma banda que rodou bastante e chamou atenção por onde passou (e foram muitos lugares) foi a baiana Vendo 147. Som instrumental, pesado, com duas baterias (clone drums) e uma energia brutal.

Mesmo com vários problemas, especialmente na primeira noite, o SWU marcou o ano. O Brasil ganhava um festival nos moldes europeus, espaço aberto numa fazenda, com área pra camping, vários palcos e horas e horas de shows. Reunir mais de 160 mil pessoas a 100 km de uma cidade grande durante três dias não é fácil. Apesar de tudo o festival foi aprovado. E na noite que mais importava trouxe de volta para o Brasil um dos shows do ano: Pixies.

Dos vários shows gringos que passaram por aqui, alguns produziram momentos imortais. Um dos melhores do ano foi com o Queens of The Stone Age que mostrou ter valido a espera e aquele show de anos atrás não valeu nada. Um dos momentos ao vivo do ano foi o QOTSA tocando “No One Knows” no SWU.

O show do Rage Against The Machine era um dos mais esperados do ano de muitos anos no Brasile na América do Sul. Na prática não poderia ser diferente. Arrebentaram no SWU com direito a polêmicas, mas foi no Chile que causaram uma das imagens mais impactantes do ano. Olha esse público insano:

E é assim, tem shows que a banda faz o espetáculo em cima do palco e o público faz outro lá embaixo. O show de Marky Ramones Blitzkrieg no festival DoSol, em Natal, proporcionou isso. Daqueles shows que você percebe que marcoua vida de quem assistiu. Não era o Ramonesde verdade, mas era como se fosse e o público perccebeu isso.

O Brasil recebeu também de bandas menos badaladas, mas nem por isso menos importantes. Comoos norte-americanos do The Mummies, um dos destaques do Goiânia Noise.

O Circo Voador é um dos lugares mais bacanas para ver shows no país. Esse ano, o lugar foi sede de umas das iniciativas mais legais, em que um grupo de conhecidos bancava a vinda de shows internacionais ao Rio de Janeiro, faziam campanha, corriam atrás, viabilizavam e tornavam os shows lucrativos. Bom pra todo mundo. Um desses shows foi a volta do Belle & Sebastian ao Brasil, que acabou proporcionando um dos momentos mais marcantes nos palcos brasileiros com direito até a um pedido de casamento com trilha-sonora especial. Se em São Paulo o show parece ter sido xoxo, no Rio foi só elogios.

Quem apareceu no Circo Voador, e em mais um show em São Paulo, foram os franceses do Air. Belo show com uma dose precisa de mescla de música digital e analógica, com eletronices, vários tipos de teclados vintages, e instrumentos comuns, essencialmente baixo e bateria. Climão.

O festival Planeta Terra foi mais uma vez um dos mais interessantes do ano no Brasil. Mesmo com o Playcenter tendo problema com a circulação do público e algumas filas inexplicáveis, foi bola dentro. Uma das boas surpresas foi o show alto astral de Mika, que mostrou saber animar uma platéia.

Também no festival, o Pavement não fez muito mais do que desfilar seus hits indies. Nem precisava de muito mais, os fãs já estavam rendidos. A banda foi um dos retornos mais comentados de 2010 e o bom é que nem demorou pra vir ao Brasil. Depois de onze anos parados, sem músicas novas, a banda mostrou no Terra músicas de todas as fases e fez um show que agradou muito alguns, mas passou longe da unanimidade.

O Terra recebeu ainda um show bastante controvertido do Smashing Pumpkins. Billy Corgan montou uma banda nova e mostrou que não está disposto a viver só do passado. Tocou vários hits, alterando alguns deles, mas tocou também músicas novas e músicas menos famosas. Até brincou com o público, mas muita gente se decepcionou com a postura de artista que não senta notrono da fama. Uma coisa é incontestável, ele ainda tem o que mostrar.

Quem roubou a cena num festival que tinha como pricipais atrações Pavement e Smashing Pumpkins foram outros franceses. No Planeta Terra, o Phoenix não contou conversa mandou de cara seus dois maiores hits, mas manteve o nivel, mostrando que não precisamos viver só de saudosismos. Showzaço.

Em Salvador, o número de shows gringos cresceu (longe do que “Queremos”) e bons nomes passaram pela capital baiana em projetos como o PercPan. O encontro, que cada vez é menos percussivo e mais mundial, trouxe, entre outros, o grupo de Chicago Hypnotic Brass Ensemble.

E se o Rio tem o Circo Voador, Salvador tem a Concha Acústica, que recebe há 40 anos shows históricos. Em 2010, a Concha reabriu depois de uma leve reforma e recebeu ótimos shows, como os do festival Coquetel Molotov. Em especial, um dos destaques internacionais do ano por aqui: Dinosaur Jr. Um show barulhento, com um muro de guitarras poucas vezes visto por ai e marcante.

Mas um dos shows que será mais lembrado na Concha foi a volta do Los Hermanos à Concha Acústica, na turnê que fizeram pelo Nordeste. Nessa volta da banda foram poucos shows,sendo dois deles em Salvador e na Concha. Eles que fizeram apresentações históricas no local – que rendeu tanto carinho com o local que até a gravação do DVD da carreira de Marcelo Camelo acabou sendo por lá -, não poderiam de voltar e fazer uma grande e bela apresentação para o fiel público baiano. O tecladista da banda, Diego Medina, deu uma boa resumida do que foram aqueles dois shows e o que representa o lugar:
“Aos que nunca lá estiveram, vale observar que a Concha Acústica está para a música brasileira assim como a Bonboneira está para o futebol Argentino. Trata-se de uma panela de pressão, onde a plateia forma um paredão que se separa do palco apenas por uns dois ou três metros. Disposta como um anfiteatro, a casa permite a peculiar possibilidade de se fazer apresentações de grandes porte sem perder o clima intimista.
Essa característica, submetida ao público soteropolitano, me levou a temer pela viabilidade do show, visto que, na primeira música, cogitei se o equipamento de som daria conta de encobrir o coro de nossos fãs. Era impossível se ouvir! Uma certeza eu tenho: aquilo não foi projetado para um show do Los Hermanos, hehehehe…”

Outra apresentação marcante na Concha foi o lindo show “Música de Brinquedo”, do Pato Fu. Mesmo os instrumentos em miniatura e de brinquedo não dando conta de soar num volume adequado, foi um daqueles shows pra ver com um sorisso de cara a cara e sair passando alegria para os outros.

Outros shows internacionais passaram por Salvador em 2010, deixando a esperança de aos poucos a cidade entrar no grande circuito. O bom é que foram shows grandiosos, com alta produção e para grandes públicos, algo que a capital baiana está provando ainda ser capaz de receber. Quem provou e se deu bem foi Beyoncé, que reuniu cerca de 50 mil pessoas, um dos shows mais cheio da turnê brasileira.

Entre os shows nacionais, alguns já vem se repetindo anualmente entre os melhores. É o caso do Móveis Coloniais de Acaju, que por onde passa tem levado um grande número de fãs.

Quem também fez, a seu jeito, shows memoráveis foi Otto. Agora com todo mundo se rendendo ao novo disco, levou ao palco as canções novas e os hits da carreira. Por onde passou emocionou e divertiu.

Se teve gringo por aqui, também teve Baiana System no exterior. Uma das boas novidadse do ano, lançou um discaço, tocou em vários lugares do páis e foi parar na China. Guitarra baiana, com groove, dub, Carnaval, ragga e percussão pra chinês ver.

Quem também, rodou pelo exterior foi a banda paulista Garotas Suecas. Com um repertório de rock, funk, soul setentista tocaram várias vezes na gringa, fazendo uma turnê de 26 shows de costa a costa dos Estados Unidos, e ainda lançaram um dos discos mais bacanas do ano.

Quem é ainda mais rodada no exterior e continua se dando bem por lá é Céu. Em 2010, a cantora fez uma turnê pela Europa, com 23 shows, incluindo apresentações em festivais como o Roskilde, na Dinamarca.

Outro retorno marcante foi o do Strokes aos palcos. Depois de 4 anos parados, eles voltaram a fazer um show em junho no pequeno pub Dingwalls, em Londres. Era um show secreto, onde foram anunciados como uma banda chamada Venison. Mas não deu pra esconder por muito tempo. 400 pessoas lotaram o bar e puderam ver o Strokes tocar quase todos seus hits. O primeiro show oficial de fato ocorreu um pouco depois no festival Isle of Wight, também na Inglaterra.

Quem não apareceu tanto nos palcos, mas rendeu uma aparição curiosa foi Amy Winehouse. Ela estava num pub londrino, o Jazz After Dark, no dia que o músico brasileiro Rodrigo Lampreia se apresentava com sua banda por lá. Pra lá de Bagdá, pra variar, Amw subiu no palco e cantou duas músicas com ele: uma versão de “Garota de Ipanema” e outra do próprio Lampreia, “Samba Sofisticado”.

Outra aparição surpreendente foi a de Jeff Mangum, o homem por trás do Neutral Milk Hotel, que tem ganhado status de culto, mesmo ainda vivo, o que é ótimo. Recluso, com apresentações bem raras, ele subiu ao palco sem deixar pistas de quando volta a se apresentar. Em maio, ele participou de um show beneficente a Chris Knox. Em dezembro, apareceu novamente num show secreto num loft no Brooklin, tocando dez músicas do NMH para pouco mais de 70 pessoas. O show já virou cult, com gravações do áudio bastante procuradas pela internet. No entanto, pouco se tem de imagens.

Tem outros? Sim, diga ai..

…2011 tem mais nos palcos, por aí…

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