Sharon Jones

Top 17 – shows internacionais marcantes em Salvador

A menos de uma semana de um dos shows mais importantes que Salvador já viu, sim, Paul McCartney, o el Cabong decidiu relembrar as mais inesquecíveis apresentações de artistas internacionais que a a capital baiana já recebeu. Pedimos para músicos, cantores, produtores, jornalistas relembrar o seu show favorito e destacamos 15. Eles lembram shows que muitos nem souberam que passaram por aqui ou não lembravam, como uma histórica apresentação de Nina Hagen, Paul Simon, Mano Negra, Sly & Robbie, além de alguns shows mais “recentes”, como Placebo, Marky Ramone, Elton John, Sharon Jones, Lee Ranaldo, Mudhoney, Paul McCartney e Roger Waters, entre outros.

Veja também:
Paul McCartney em Salvador: O dia em que tivemos um Beatle na Bahia
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Ainda fizemos questão de relembrar três experiências frustantes na cidade, com os três não-shows internacionais que não passaram por aqui. Bom lembrar ainda que outros importantes shows que Salvador recebeu ficaram de fora, como A-Ha, Mano Chao, Alanis Morrissete, Ray Charles, Sean Kuti, Ben Harper, Madeleine Peyroux, Orchestre Poly-Rhytmo de Cotonou, até Beyoncé, mostrando que são poucos, mas até que recebemos alguns nomes interessantes por aqui. Se delicie nessa viagem no tempo:

Na foto: Nina Hagen. Foto: Arquivo A Tarde Data: 18/09/1985 Shows internacionais Salvador
Na foto: Nina Hagen. Foto: Arquivo A Tarde Data: 18/09/1985

Nina Hagen – Associação Atlética (1985)

“Em 85 Salvador também foi Brasil. Acostumados a pegar a estrada ou embicar para o aeroporto toda vez que se anunciava a apresentação de uma grande estrela internacional no país, traduzido por Rio, São Paulo e eventualmente Curitiba ou Recife, teríamos aqui pertinho na descida da Barra Avenida a apresentação de Nina Hagen, artista alemã que estava em super exposição devido a sua participação no Rock and Rio. Desse dia histórico lembro dos amigos estupefatos à beira do palco, surpresos com o fato dos alto-falantes em 1985 tocarem Sex Pistols na cidade da Bahia, de uma amiga mais surpresa ainda com o fato do restaurante vegano da mãe ser responsável pela buffet do camarim e de como nos colocávamos superiores por usarmos preto e entendermos um pouco do que se passava naquele mar de “playboys e patricinhas” que lotou a Associação Atlética da Bahia (N.E.: foram 15 mil pessoas segundo o Jornal da Bahia). Quanto ao show, lembro que na metade do espetáculo nos deslocamos pro fundo da plateia meio cansados da performance teatro do pato rouco da camarada Nina”.
Por Sora Maia – Fotógrafa

Na foto: Mano Negra, banda de rock francesa Foto: Arquivo A Tarde Data: 27/05/1992 Shows internacionais Salvador
Na foto: Mano Negra, banda de rock francesa. Foto: Arquivo A Tarde Data: 27/05/1992

Mano Negra – Concha Acústica (1992)

“Eu tinha visto um clipe na TV e o som da banda circulava em Salvador em k7. Era 92, o Mano Negra estava em tour pela America Latina. Vieram em um barco cheio de atores, um circo, ambientalistas e anarquistas, para apresentações em cidades portuárias, e aportaram em Salvador para um show bombástico na Concha Acústica. Lembro da Concha lotada, o público agitava e se impressionava com a energia da banda. O naipe de sopro muito bem encaixado com a sonoridade punk, ska. Essa tour teve também um antológico show no Rio com a participação de Jello Biafra (DK). Tinha muitos punks e simpatizantes naquela época. Foi impactante. Na época todo mundo guri. Foi Foda”.
Por Nancy Viegas – Cantora

Paul Simon – Centro de Convenções

“A lembrança que tenho cristalizada é da emoção de ver e ouvir Paul Simon tocando em Salvador, no Centro de Convenções. Pra mim, que o acompanho desde o início dos anos 80, disco a disco, foi uma emoção indescritível. Ele veio a Salvador tocar com o Oludum, acredito eu, como uma espécie de agradecimento à colaboração que o grupo baiano fez no seu disco The Rhythm of the Saints. Poucos anos antes, Simon havia lançado o emblemático Graceland, um tapa na cara do mundo, não só pela beleza e inspiração das canções, mas também por desafiar o boicote cultural que era imposto à África do Sul.  Simon estava no topo do mundo! O show em Salvador foi muito impactante, tanto pelo inusitado de ver um artista da estatura de Paul Simon (sem dúvida um dos maiores compositores da história dos Estados Unidos) tocando em Salvador, quanto pela qualidade da música que ele e aquela banda espetacular faziam! Lembro como se fosse hoje, Michael Brecker, Steve Gadd, Bakithi Kumalo, aqueles músicos africanos e brasileiros em ação. Foi realmente especial!”
Por Maurício Pedrão – Músico

Alpha Blondy – Clube Costa Verde (1995)

“Como Salvador sempre foi precário no quesito espaço para grandes eventos, este o qual eu me refiro aqui foi realizado no extinto ‘Costa Verde Tenis Clube’. Isso mesmo, em um clube de tênis na orla. O ano foi 1995, final de verão e só se respirava o reggae pela cidade… Todo mundo só falava nisso: – Vai rolar “Alfa Bloni” e a notícia se espalhou pelos cantos de vielas. Eu que conhecia apenas Jimmy Cliff, Bob Marley, Peter Tosh e Jacob Miller, fui pesquisar e descobri logo que se tratava de Alpha Blondy da Costa do Marfim lançando seu cd “DIEU”. Me convenci que iria ao show e fui junto com um brother da escola, chegamos ao balcão de ingressos e encaramos aquela fila gigante. De ingresso carimbados nas mãos restava aguardar mais uma semana ouvindo os sons e comentários sobre o show. Dia do show, pegamos carona e cedo chegamos, uma multidão caminhava em direção ao clube, parecia uma romaria de um só povo. Aquele ambiente repleto de Rastas, quase 15 mil pessoas, várias figuras icônicas do movimento reggae de Salvador e interior da Bahia juntos, muita ganja e o clima de paz. Assistimos a abertura com a banda Mirim do Olodum, na seqüência Nadegueto, Zeed Resolution e o mestre Edson Gomes. Edson, que tinha recém lançado o clássico álbum “Resgate Fatal”, denunciava mais uma vez todas as mazelas desse sistema falido. Alpha entrou no palco lá pelas tantas da manhã ao lado de sua competente banda “The Solar System Band”, que fez a introdução e um medley instrumental alinhadíssimo com todos indo ao delírio. Logo o show foi parado por um fã mais exaltado que subiu ao palco quando tocavam exatamente “Jerusalem”, mas a segurança o removeu. Rapidamente, o cantor e a banda voltaram com o set matador, cantados em francês clássicos como “La Guerre” (versão de “War” de Bob Marley) e “Massada”, sem falar no ativismo e religiosidade abordados em sua obra, bem como questões de sua terra, ouvir músicas como “Abortion is a Crime”, “Piece in Libera”, Multipartisme”, entre tantos outras que embalaram a massa por quase duas horas, foi inesquecível. Depois dessa apresentação vários artistas internacionais do Reggae Music passaram a aportar com frequência em Salvador.”
Por Flavus Regis – Produtor e radialista responsável pelo programa ‘No Balanço do Reggae’.

Shelter – Estação Zap – Patamares (1996)

“Shelter em Salvador não foi aquele showzinho fim de carreira, incrível tocaram na Praça Tereza batista – Pelourinho, o clipe da musica “Here we go” bombava na MTV foi um show insano e bastante cheio, se não me falha a memoria Injúria e Penelope abriram esse show, e encheu o rock local de esperança de que “agora vai”… Foi muito bom por a banda estar no auge, lotar, galera cantar junto e nos encher de esperança.”
Por Rogério BigBross – Produtor

Dog Eat Dog – Praça Tereza Batista – Pelourinho (1997)

“Falar em Shows Internacionais em Salvador é quase uma heresia. Uma pena mas nossa capital não entra quase nunca em turnês internacionais, de grandes medalhões da música. Fui a poucos, dentre esses, muitos bons e marcantes, um que destaco foi em meados dos anos 90: Dog Eat Dog, Banda de Hardcore crossover de NYC, que veio a Salvador pra uma turnê de lançamento do cd ‘Play Games’, segundo disco de carreira da banda. O show foi na Tereza Batista no Pelourinho e teve participação das extintas Penelope Charmosa e da Injúria. Praça lotada, show quente, me lembro que eu sabia todas as letras e estava na beirada do palco cantando todas, (eu era adolescente fissurado em HC hahaha), eis que John Connor ao me ver cantando a música “who’s the king” me entrega o Microfone pra eu cantar a música com ele, foi Phoda!!!!!”
Por Mauro Telefunksoul – DJ

Marky Ramone & The Intruders – Concha Acústica (2000)

“Os Ramones sempre foram unanimidade pra galera do rock de Salvador. Imagine a reação de quando se noticiou (provavelmente via Telefanzine) que o baterista Marky Ramone viria a Salvador com sua nova banda, The Intruders. Todo mundo ficou contente. E no dia 8 de outubro de 2000, a Concha (que não lotou) recebeu o show que teve abertura da banda punk Os Hereges e dos Dead Billies. A apresentação de Marky Ramone e os Intruders promovia o disco de estreia da banda (que chegou a ter um minihit executado na MTV, Three Cheers for You) e claro, tinha canções dos Ramones. Teve até promoção na noite pra que quem comprasse o disco pudesse pegar autógrafo de Marky no backstage – e há quem jure que o Ramone usa peruca.”
Por Zeca Forehead – Designer e DJ

Salvador,BA,Brasil.25/10/03 10º PercPan, Panomaram Percussivo Mundial. Os jamaicanos Sly & Robbie ,baixista e baterista, acompanhados de Dean Fraser no sax. Foto © Marcos Issa/Argosfoto Shows internacionais Salvador
Os jamaicanos Sly & Robbie no 10º PercPan, Panomara Percussivo Mundial. 25/10/03 Foto © Marcos Issa/Argosfoto

Sly & Robbie – Perc Pan – TCA (2003)

“Dos poucos e disputados shows internacionais que vi aqui em salvador, os que mais me marcaram foram os da dupla jamaicana Sly & Robbie no Percpan. Lembro que nessa época eu estava escutando muito a dupla e quase não acreditei que eles iam tocar aqui. Foram 2 noites de show e eu fui nas duas e alguma coisa estava me dizendo que eles não iam repetir o mesmo repertório da noite anterior…dito e certo! outro showzaço com os clássicos riddins jamaicanos fazendo a platéia do TCA se levantar e terminar curtindo o show de pé!”
Por Jorge Dubman – Músico (IFÁ e Dr. Drumah)

Como a mídia falou do show: “Sly & Robbie, e outros grandes nomes do Reggae, fazem show destruidor no evento Percpan”.

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A banda Placebo no Claro que é Rock, na Concha Acústica. Foto © Marcio Costa/ Bahiarock

Placebo – Claro que é Rock – Concha Acústica (2005)

“Para a geração rock / indie / alternativa (termos que nem mais são usados) do início dos 2000 de Salvador, especialmente para aqueles que não tinham grana pra viajar para fora de Salvador, ver uma banda como o Placebo tocando na sua cidade era um acontecimento inimaginável. Olhando em retrospecto, a banda de Brian Molko perdeu relevância com o passar dos anos, mas quando passou pela capital baiana, em abril de 2005, o Placebo e seu glam rock embalado na onda britpop do fim dos anos 90 ainda tinham o seu lugar. Só o fato de terem gravados um dueto com David Bowie (a pedido do próprio), que chamava andrógino Molko de “a filha que ele nunca teve”, já credenciaria que a banda merecia atenção. A banda divulgava a turnê da coletânea “Once More With Feeling”, compilação dos seus quatro primeiros discos. Ou seja, era um show praticamente cheio de hits que sempre estavam em alta rotação na MTV. E ainda havia o fato da baiana Pitty tocar o cover de “Special K” em seus shows, inclusive na apresentação meses antes em Salvador no Festival de Verão. Ou seja, para diferentes gerações admiradoras do rock na cidade, todos os caminhos levavam naquele dia para a Concha Acústica. Ainda tivemos o luxo de na mesma noite cinco banda locais tocarem na seletiva do Claro que é Rock, Festival que viabilizou a quase impossível vinda de uma banda de rock não decadente para a capital baiana, que ainda em 2017 está atrás de cidades como Recife e Fortaleza na capacidade de atrair shows de atrações internacionais (sejam de rock ou não). Los Canos, Canto dos Malditos na Terra do Nunca, Brinde, Theatro de Séraphin e a vencedora Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta fizeram as honras da casa para o momento aguardado. E o show já começou quente: o som perfeito da banda (igualzinho ao que estava no DVD da turnê) em “Taste In Men” só parou quanto Brian, não se sabe se num ataque de estrelismo ou por alguma provocação, quis tomar a câmera de alguém que estava gravando show (era pré-celulares em shows). Passado o susto inicial de alguma indisposição do vocalista que pudesse estragar a noite, o show continuou com todos seus hits, que eram recebidos sempre com muita disposição pelo público. Ou a banda realmente tinha um bom número de fãs na região ou o público estudou direitinho para ir ao show. O fato é que foi uma bela noite de rock na Concha e que ainda se estendeu para uma pós-festa, com bandas baianas e os próprios integrantes do Placebo na saudosa casa Miss Modular, onde Brian estava realmente muito simpático, dançando e conversando sem maiores cerimônias, só fechando a cara quando alguém pedia uma foto, quando o DJ da casa tocava Muse (ele até pediu ao DJ que não tocasse mais) ou ainda quando viu o mesmo DJ tocando músicas do Placebo em um cd pirata. Cantor implicando com câmera na plateia, DJ tocando em cd (pirata). Realmente, 2005 já faz muito tempo.”
Por Lucas Cunha – Jornalista

mudhoney boombahia salvador
Mudhoney – Praça Pedro Arcano – Pelourinho (2008)

“17 anos. Sim, esse foi o tempo que levou do momento em que eu ouvi a primeira música do Mudhoney até o dia que ouvi o primeiro acorde basicão da guitarra de Steve Turner fazer voar cervejas para cima no Pelourinho. ‘O passado não faz sentido, e o futuro parece tenso. Eu sou agora!’, cantava Mark Arm para uma Praça Pedro Arcanjo lotada, que foi transportada para uma mítica Seattle hypada dos anos 90, pelo Boom Bahia de Rogerio Big Brother e Messias. Incrível como uma banda que não teve o sucesso videoclípico de um Smells Like Teen Spirit pudesse reunir mais de 1500 baianos numa rodada de “stage dives”. Soube depois que muitos tinham vindo ônibus de algumas cidades do interior, Feira de Santana, Serrinha, Jequié, sei lá, com uma boa parte do publico…..não levem cientificamente a serio essa informação, ha de se imaginar que um show como aquele consome uma boa dose de neuronios. Fato é que eu que pensava encontrar as mesmas caras do rock nômade de Salvador, e encontrei uma molecada, umas duas gerações abaixo da minha, com uma vontade de rock que fez a banda acostumada a rodas de pogo caóticas darem dois passos para trás na primeira faixa tocada. Lembro de esculhambar alguns amigos, não citarei nomes, educadamente de mãos dadas com as namoradas, ou tomando uma cerveja encostados na parede do bar, lá longe do palco, longe daquele caos saudável, tão longe que o som não chegava, e como nunca vai chegar com a mesma vibe da frente de um palco de rock de garagem. Bom, para mim, naquele dia eu tava com Mark: “Eu sou agora!” Embaixo da banda, ombrada, alegria, cutuvelada, distorção, Sweet Young Thing, banho de cerveja, Suck You Dry, óculos quebrados, Touch me I`m Sick, alguém levanta aquele seu broder que tava derrubando todo mundo faz favor? Um sorriso no rosto. No bis, uma amiga nada blasé, me pega pela mão e me leva para a lateral do palco: “Pedi pra eles tocarem Into The Drink”. O Baixista olha pra ela, aponta o dedo e realiza desejos: “You`re messing baby, messing hard!” Todo mundo bagunçou hard. Os tiozão grunge terminam o show com Hate the police e o Pelourinho nunca mais seria o mesmo para mim, e tudo ao custo de 1 livro infantil.”
Por Bruno Aziz – Quadrinista e ilustrador.

Como a mídia falou do show: “Mudhoney enlouquece 1,5 mil no Pelourinho”

Dinosaur Jr Festival Coquetel Molotov Shows internacionais Salvador
Dinosaur Jr – Festival Coquetel Molotov – Concha Acústica (2010)

“É quase surreal lembrar que em 2010 o Dinosaur Jr (uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos) tocou na Concha Acústica, com a formação original – incluindo o baterista Murph e o baixista Lou Barlow, do Sebadoh – com ingresso custando simbólicos 10 reais. Lembro que em muitos momentos do show me peguei pensando se aquilo estava mesmo acontecendo: J.Mascis detonando com sua Fender Jazzmaster 1967 e quatro paredões de ampliadores Marshall no talo, a menos de 3 metros de mim, tocando todos os clássicos de todas as fases, como Out There, Feel the Pain, Startups Chopin, Thumb, Over it, e fechando o show com Just Like Heaven, do The Cure. Até entrei na roda de pogo quando tocaram Freak Scene, a música que me fez aprender a tocar guitarra. No dia seguinte, meus ouvidos reclamaram muito (o show foi muito disparado o mais alto que já vi na concha), e o corpo estava todo dolorido, mas nada é tão gostoso quanto a sensação de assistir um showzaço tão incrível e atípico praticamente ao lado de casa.”
Por Bruno Carvalho – Jornalista e músico.

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Na foto: Sharon Jones no Teatro Castro Alves. Foto: Adenor Gondim/ TCA

Sharon Jones – Teatro Castro Alves (2011)

“Posso resumir o show de Sharon Jones, que aconteceu em uma segunda-feira chuvosa, no Teatro Castro Alves, como um dos 3 melhores que já assisti naquela sala. “Descoberta” tardiamente pelo grande público, Sharon foi sem dúvida uma das maiores vozes da música norte americana. Em 2011, ela fez uma turnê histórica no Brasil, acompanhada dos Dap-Kings, banda que gravou o “Back To Black” da Amy Whinehouse. Foi esse esse show que veio a Salvador. Com um TCA lotado, quem estava ali viveu uma grande noite. Foi um absurdo, nunca tinha visto isso acontecer, na sexta música o teatro todo se levantou e começou a aplaudir, todo mundo se olhando sem saber se dançava, sentava, ou chorava. Foi uma aula de tudo, apesar de miúda, Sharon defendia sua música com tanta entrega, e presença, que o palco ficou pequeno. A banda não parou hora nenhuma, uma música colada na outra, com mudanças rítmicas só vista em bandas lendárias da Stax, Motown, e toda aquela escola do soul encabeçada por James Brown. Salvador tem dessas surpresas, se ligue!”
Por Thiago Trad – instrumentista

Como a mídia falou do show: “Como um furacão de saias, Sharon Jones esquenta TCA com show apoteótico de funk e soul music”.

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Na foto: Esperanza Spalding no Teatro Castro Alves. Foto: Adenor Gondim/ TCA

Esperanza Spalding – 9 de junho de 2013 (TCA)

“Assim que soube que ia ter Esperanza Spaulding em Salvador fiquei empolgadíssima e corri para comprar o ingresso, mesmo comprando com antecedência só tinha fila Z, a última.Fiquei super frustrada mas comprei mesmo assim. No dia do show do lado de fora do teatro, começaram a surgir ingressos na minha mão, trocando um por outro eu já era fila V até que um ingresso da tribuna de honra veio até mim, o melhor local até então e finalmente entrei feliz. Que show lindo, que artista excepcional! Passei o show em estado de encantamento envolvida por aquela voz linda e cheia de poder e toda sua técnica e sensibilidade tocando contra-baixo; eu nunca tinha visto uma baixista tão virtuosa ao vivo e isso me deixou em êxtase.O TCA reverenciava aquela diva dos graves que fez um show impecável acompanhada por uma banda sensacional. Inesquecível.”
Por Tatiana Trad – Instrumentista

Elton john - Foto Ulisses Dumas Ag BAPRESS Divulgação

Elton John – Arena Fonte Nova (2014)

“Sou fã de Elton John desde que me entendo por gente. Ele influenciou minha música e meu modo de cantar. Tenho um projeto musical, inclusive, onde canto seus maiores sucessos. Já havia visto dois shows dele em outros países mas no quintal de casa, aqui mesmo em Salvador, era algo impensável. Foi das maiores emoções de minha vida. Cerca de 45.000 pessoas compareceram para vê-lo de perto. Fiquei no gramado próximo ao centro do campo. O choro me veio em diversos momentos. Principalmente na canção que mais gosto GOODBYE YELLOW BRICK ROAD. Quem foi, tenho certeza de que nunca esquecerá. E para além do lado pessoal, foi de fundamental importância esse show no estádio da Fonte Nova para a inserção de Salvador na rota dos grandes shows no Brasil. Que venham os próximos……estarei lá!”
Por Alex Góes – Cantor

Como a mídia falou do show: “Elton John embala público com hits e amor na Fonte Nova”

Lee Ranaldo - foto-Rafael-Souza Shows internacionais Salvador
Lee Ranaldo – Solar Boa Vista (15 de setembro de 2016)

“Quando o show do Lee Ranaldo foi anunciado, a sensação de surpresa e euforia foram tão fortes, que a notícia quase beirou a incredulidade. Um dos integrantes da hoje lendária Sonic Youth viria a tocar em Salvador, só com sua voz e um violão. Algo inimaginável, mas ele veio! E foi uma apresentação para além da sua voz e seu instrumento, com um repertório de muita personalidade e sem uma música sequer da sua banda de origem. Munido com não mais do que quatro pedais, Lee Ranaldo conseguiu tirar efeitos e distorções, além de fazer experimentos com a acústica do lugar, criando, de maneira elegante, uma sinfonia de sons que ecoavam pelo Teatro Solar Boa Vista como uma força brutal e delicada da natureza. Ele também foi elegante no momento em que pediu para calar a boca a quem estava conversando durante o seu show. Depois da sua performance, o músico ainda interagiu com o público se misturando com todos, dando autógrafos, tirando fotos, batendo papo e entonando um “bora baêa minha porra” cheio de sotaque. Foi surreal e mágico, tão certo assim que a Kim Gordon (sua companheira no Sonic Youth) lançou o seu primeiro single solo nesse mesmo dia! Inesquecível!”
Por Leonardo Cima responsável pelo site Soterorock

Como a mídia falou do show: Lee Ranaldo em uma noite histórica para Salvador

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Depois de termos selecionado os 15 shows internacionais mais marcantes que passaram por Salvador, recebemos dois ícones, duas lendas da música que fizeram duas das melhores e mais importantes apresentações que a cidade já viu:

Paul McCartney – Arena Fonte Nova (20 de outubro de 2017)

“Paul McCartney fez um show histórico na Arena Fonte Nova. O repertório, caprichosamente pensado, com 37 músicas que iam das origens com a banda pré-Beatles, até a última parceria com Rihanna e Kanye West, que tornava tudo ainda mais mágico. O público parecia estar entre hipnotizado, estupefato e cansado. Se o mundo anda tão atribulado, confuso e descrente, durante aquelas horas parecia ser só amor, paz e música.”

Como falamos do show: “O dia em que tivemos um Beatle na Bahia”.

Roger Waters – Arena Fonte Nova (17 de outubro de 2018)

“Roger Waters fez uma apresentação histórica para cerca de 30 mil pessoas. Pincelando clássicos da obra de sua ex-banda, Pink Floyd, o artista inglês demonstrou como a arte pode e deve dizer muito. Com um aparato gigantesco, promoveu um mergulho sensorial de três horas, uma experiência estética que foi muito além de simples entretenimento.”

Como falamos do show: “Roger Waters mostra em Salvador como um show de rock pode ser arte, política e crítica social”.

Os não-shows e as lendas

Além dos shows marcantes, decidimos lembrar também aqueles que não aconteceram por diversos motivos. Alguns deles com histórias antológicas e que parecem lenda, mas são realidade.

Ramones na Concha??

Imagine você andando na rua e ver um cartaz anunciando que uma das principais bandas de rock da história iria se apresentar na Concha Acústica. Aconteceu. Não teve show, não tinha nada concreto, mas um jovem estudante resolveu brincar com a fé das pessoas. Produziu com amigos diversos cartazes anunciando o show e espalhou por escolas, cursinhos e locais da capital baiana. Era só sarro e perturbação para eles, mas deixou muita gente louca e ansiosa. Nunca aconteceu e poucos sabem quem fez aquele cartaz. O jovem anos depois virou publicitário e revelou a história para os amigos. O Ramones chegou a ter um show negociado com produtores baianos, mas nunca foi muito adiante.

Nick Cave na Concha???

O artista australiano era casado com uma brasileira e vivia em São Paulo. Foi articulada uma turnê dele com a banda alemã Diet Haut (eles chegaram a gravar com Cave) e Salvador foi incluída no roteiro com uma apresentação na Concha Acústica com abertura da banda. O espaço não estava lotado, mas um bom público compareceu e assistiu ao primeiro show. Todos ansiosos e sedentos pela atração principal. Nick Cave era ainda mais obscuro do que é hoje, mas era elogiado pela crítica e os shows internacionais, de rock especialmente, eram ainda mais raros em Salvador. No intervalo, porém, o apresentador anunciou que Nick Cave não mais se apresentaria, teria comido muita comida baiana e teria passado mal, estaria no hospital sendo medicado. Virou lenda.

Beirut no TCA

Esse aconteceu. Pelo menos em parte. Banda pouco conhecida de folk alternativo, a norte-americana Beirut vivia dias de idolatria depois que a música “Elephant Gun” virou tema dos protagonistas Bentinho e Capitu da minissérie ‘Capitu’ da TV Globo em 2008. No ano seguinte, a banda desembarcava no Brasil para uma série de shows, incluindo uma apresentação no festival Perc Pan, em Salvador. Depois de cerca de 1 hora de show, o vocalista Zach Condon, visivelmente sob efeito do álcool (um copo do que parecia ser caipirinha o acompanhava durante toda apresentação), convocou o público para a frente do palco do Teatro Castro Alves. Logo depois foi mais além, e os convidou para subir ao palco. Junte jovens fãs ensandecidos, carência por shows internacionais e ídolos e um artista deslumbrado, fora de si e irresponsável. O resultado foi centenas de pessoas em cima do palco, show parado, um microfone furtado e o seguranças desesperados. O fato ocorreu durante a participação da banda no 16º PercPan – Panorama Percussivo Mundial.

Como a mídia falou do show: Beirut encanta o público no Percpan, em Salvador, mas acaba afogado em caipirinhas

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