Autor de hits que marcaram os anos 1980, como ‘Fricote’, ‘Magia’ e ‘O Que É Que Essa Nega Quer?’, o cantor, compositor e instrumentista Luiz Caldas voltou a emplacar um sucesso da forma mais atual possível. Dessa vez, um tanto quanto imprevisto. Nas últimas semanas, a música ‘Haja Amor’, outro dos clássicos do artista, despontou entre as trends da plataforma de vídeos TikTok.
A canção chegou ao aplicativo por meio do perfil @cammyzzy, que costuma publicar vídeos com letras de músicas. Embora a conta não tenha um grande número de seguidores, seu post com o refrão de ‘Haja Amor’ chamou a atenção de outros usuários, muitos deles surpresos por não terem reparado anteriormente no duplo sentido da música, e chegou a marca de mais de 1,8 milhões de visualizações.
A partir daí, ‘Haja Amor’ começou a circular na rede social e, ao ganhar uma nova coreografia, viralizou entre o público usuário da plataforma, em sua maioria jovem. Até esta sexta-feira (10), o áudio postado por Cammy já foi utilizado em mais de 240 mil vídeos, incluindo publicações com influenciadores famosos no aplicativo, como Xurrasco 021 e Vanessa Lopes, que impulsionaram a trend.
Como consequência, a faixa do álbum Lá Vem o Guarda, lançado em 1987, subiu ao topo da lista de músicas mais populares de Luiz Caldas no Spotify e entrou na playlist editorial ’50 que viralizaram – Brasil’, ocupando atualmente o 41º lugar da seleção.
O músico falou ao portal Metro1 sobre ver seu sucesso viralizar tanto tempo depois. “Foi uma surpresa muito agradável, muito legal, ter uma canção de quase quatro décadas, que é o caso de Haja Amor, de repente ser descoberta por uma geração que não viveu aquele som, aquela forma de viver a música. Estou surpreso e feliz”, declarou.
Ele comentou ainda sobre a nova dança que tem embalado os vídeos no aplicativo. “Eu sempre sempre dancei no palco. O que não falta são vídeos meus dançando, mas eu vou deixar essa aí para galera jovem, que já fez a coreografia, e ficar daqui só curtindo e assistindo”.
O artista também comentou o novo contexto da indústria da música, em que muitas músicas já nascem com uma coreografia: “Antes não tinha essa coisa da gente criar uma coreografia para a música ao mesmo tempo. Não tinha nada pensado assim, mas hoje em dia sim. É até uma forma de comunicação muito forte entre os jovens”.
Famoso pela produção carnavalesca, Luiz Caldas segue na ativa, há alguns anos lançando discos mensais com composições suas nos mais diversos estilos e gêneros musicais. Em 2019, já eram cem discos e mais de mil músicas, como noticiado pelo el Cabong no texto “De pai da axé music a homem com mais de mil músicas e 100 discos’.
TikTok e mercado da música
Essa não é a primeira vez que um sucesso de outra década retorna às paradas graças ao TikTok. Nos últimos anos, além de impulsionar o alcance de artistas contemporâneos, a plataforma tem relembrado clássicos e os apresentado a um novo público por meio de danças, challenges e outras tendências.
Um exemplo semelhante é o da música ‘Dreams’, da banda Fleetwood Mac. Após um vídeo despretensioso do estadunidense Nathan Apodaca viralizar no aplicativo, o disco Rumours, que inclui a faixa, voltou à lista de álbuns mais populares da Billboard, passados mais de 40 anos desde o seu lançamento.
Outro caso que demonstra o potencial de influência do TikTok no mundo da música ocorreu com ‘Say It Right’, música de Nelly Furtado produzida por Timbaland. Sucesso nos anos 2000, a canção também voltou à cena recentemente, por meio de um remix acelerado que já registra mais de 450 milhões de visualizações na plataforma.
No Brasil, essa história foi ainda mais longe, já que a mesma faixa gerou uma das músicas mais populares dos últimos meses. O funk ‘Lovezinho’, de Treyce, que se vale de um sample de ‘Say It Right’ no refrão, também viralizou no TikTok e atualmente ocupa a 5ª posição na playlist ‘Top 50 – Brasil’, no Spotify.
