Bossa-nova, samba, Carnaval. Mutantes, Sérgio Mendes, João Gilberto, Tom Jobim. Sepultura, Chico Science, Carlinhos Brown. DJ Marky, Céu, Cansei de Ser Sexy. Esses são alguns nomes da música brasileira que de uma forma ou de outra deram certo na Europa ou Estados Unidos. Cantando em português ou em inglês, fazendo sons tipicamente brasileiros ou não, o mercado externo de música consegue às vezes abrigar nomes brasileiros. Apesar disso, historicamente, boa parte desses artistas deram certo com apoio de um aparato maior, as gravadoras, que sim, já foram fortes e faziam diferença. Cada vez mais, é outro tipo de estrutura que pode fazer com que um nome brasileiro de certo no exterior. E como é no próprio mercado local, cada caso é um caso, cada experiência é diferente e não existe uma fórmula mágica para todo mundo. Bandas de rock, por exemplo, têm conseguido aos poucos furar um bloqueio e agendar shows, turnês e participações e em festivais. Descobrindo que lugares e eventos são receptivos pode se conseguir esquemas bem interessantes. Acontece o mesmo com a música mais próxima da MPB, mas contemporânea, que já encontrou um nicho lá fora e consegue manter uma periodicidade de shows. O bom é que já mostrando qu eo Brasil possui produção atual, que não é apenas samba, carnaval e bossa-nova. São ações que não são nem tão recentes, só mostrando que é um caminho viável para ampliar os mercados da música feita por aqui.
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Os exemplos atualmente, além daqueles lá de cima, são vários, cada um numa dimensão e de forma diferente. Autoramas, Otto, Macaco Bong, Curumin, DJ Dolores, Siba, Joseph k? e tantas outras tiveram ou estão tendo experiências lá fora. Tem até bandas que fixaram residência em outros países, como Wry e o CSS, repetindo nomes da bossa-nova nos anos 60. Da Bahia, Vandex iniciou uma aposta no exterior se apresentando no South By Southest este ano, assim como várias bandas brasileiras, enquanto Mariela Santiago e a banda Radiola estiveram na Espanha no ano passado através do Festival Brasil no Ar. A Radiola continua nesse caminho, se articulou e conseguiu voltar esse ano, acompanhados de Nancy, para dois shows em Barcelona (veja fotos).
Das novas apostas pelo mercado grino, a Holger, de São Paulo, vem consquistando seu espaço. Depois de se apresentar, em março, no SXSW, a banda agendou shows no Canadá, um deles no Festival Pop Montreal, que acontece no final de setembro. Outra banda brasileira que está de malas prontas para o festival canadense é a Cassim & Barbária, que além do Pop Montreal, no dia 30 de setembro, já tem show agendado no Indie Week Toronto em outubro. Eles ainda foram convidados para o CMJ, mas ainda estão avaliando se vão poder confirmar. A banda catarinense iniciou sua carreira internacional com uma extensa turnê pela América do Norte no início de 2009, incluindo apresentações no South By Southwest e no Canadian Music Week.
Quem está inciando uma carreira internacional é o carioca MoMo , Marcelo Frota, que vai fazer uma longa turnê pelos Estados Unidos passando por 12 estados americanos em 40 dias. Serão 30 shows em teatros, universidades, programas de rádio, começando no World Music Festival Chicago, nos dias 23 e 24 de setembro, onde se apresentarão outros 56 artistas de 32 nacionalidades. No evento, que é realizado há 11 anos, já passaram brasileiros como Otto, Cibelle e Orquestra Imperial, além dos internacionais Youssou N´Dour, Calexico e Amadu e Marian. O convite para o veneto veio depois que o primeiro disco de MoMo, “A Estética do Rabisco”, foi incluído na lista dos 10 melhores de 2007 do jornalista Peter Margasak, do Chicago Reader, e a inclusão de música na programação de rádios da cidade. Com a participação no festival acertada, MoMo articulou a turnê, prevista para durar mais de 30 dias.
Inscrições
Já que falamos do South by Southest, o festival está com inscrições abertas para bandas, de qualquer gênero e lugar do mundo que queiram se apresentar por lá na edição de 2010. As inscrições podem ser feitas no site do evento até o dia 6 de novembro, bastando preencher o formulário de inscrição e pagar a taxa de US$30.
Ajuda lá fora
Evidente que é muito importante ter ajuda de alguém no exterior para colocar o trabalho dos artistas em rádios, lojas, festivais etc. Alguns selos como o Six Degrees, que já lançou Céu, Beto Villares, Bebel Gilberto, Cibelle, Trio Mocotó, Lenine, Bossacucanova, Celso Fonseca, entre outros, distribui, articula turnês e promove artistas. Outro mais novo que vem fazendo esse trabalho é o (©urve)music, uma proposta do brasileiro Afonso Marcondes, radicado em Londres desde o fim dos anos 80. A proposta é ser mais do que uma gravadora e editora, já que pela experiência que tem no mercado Marcondes dá apoio aos seus contratados, produzindo e gerenciando suas carreiras. Interessante que além de lançar o CD físico (foram dez em agosto), ele trabalha seus artistas também com ações de marketing para celulares, vendas de MP3, widgets etc. O próximo passo é adcionar o catálogo no iTunes. Entre os nomes que ele já está trabalhano estão Nego Moçambique, Lucio K, os grupos cearenses Fóssil, Realejo Quartet e O Jardim das Horas, o gaúcho Thiago Correa, as cantoras Aricia Mess e Monique Maion, o músico Tupinquin, o rapper Slim Rimografia e por ai vai.