Tom Zé Coca-cola

Tom Zé no comercial da Coca-cola?!? Artista responde a críticas

Muita gente estranhou ao ouvir o comercial da Coca-Cola pra Copa no Brasil e perceber que a locução era de Tom Zé. Havia ele se vendido? Era um traidor hipócrita? Muito se apressaram em julgar o músico baiano, sem ter a mínima ideia das razões. Como se ele não pudesse ou precisasse dar alguma explicação. E como se fosse ilegítimo ele faturar algum dinheiro dessa forma. Bom, Tom Zé se sentiu incomodado com as críticas e respondeu em sua página no facebook os motivos da participação na propaganda. Veja o VT e abaixo a carta.

“SOBRE O ANÚNCIO DA COCA-COLA

Pois é, pessoal, estou preocupado.
Eu dou importância à opinião de vocês. Essa alegria sempre me acompanhou.
Quando o anúncio saiu na tv, imaginei que até as opiniões contrárias eram uma espécie de comemoração por eu aparecer com status de locutor de uma propaganda grande. Mas agora, quando perco o sono por causa do assunto… não, agora eu estou preocupado!
O apoio de vocês sempre foi uma base de sustento. Será que uma alegria nascida do privilégio de até hoje, aos 76, ter vivido dessa profissão de músico e cantor, me fez pensar que eu poderia afrontar essa sustentação?
É curioso que quando fui consultado sobre o anúncio nem pensei nessa probabilidade. No ano passado meu disco fora patrocinado pela Natura e como eu nunca tinha recebido patrocínio desse tipo – nem de nenhum outro – , cara, eu me senti como um artista levado em conta!
Para profissionais de meu tipo as gravadoras são agora inalcançáveis. A Trama, de João Marcello Bôscoli, me deu grande apoio nos anos 90 e até Estudando o Pagode, em 2004. Mas em Danç-Êh-Sá”, já dividimos as responsabilidades. Em 2008 Estudando a bossa foi muito ajudado pela Biscoito Fino; Agradeço, mas ficou difícil continuar lá. No ano passado o apoio da Natura me deu tanta confianca pessoal que ousei fazer o Tropicália Lixo Lógico.
No lançamento de Danç-Êh-Sá, em 2005, o resultado foi de extremos. A gravadora francesa teve um ódio tão grande do disco que quase perco até a amizade de Henri Laurence, que lá me lançava pela Sony. Nos E.U.A. houve comentários apaixonados na crítica, mas Yale Evelev recusou o disco na Luaka Bop. Logo a seguir a mesma Luaka Bop me respondeu com entusiasmo ao Estudando a bossa de 2008 e depois lançou o super set box de vinis com os 3 Estudando…
E o … Lixo Lógico recuperou também a amizade de Henri Laurence.
Toda essa dança de lançamentos e esse céu-e-inferno com os editores-lançadores é própria desse setor onde não devo nem quero relaxar o arco-tenso-da-ousadia. Mas nos dias atuais vivemos a era da internet e a venda de disco passou a ter um peso insignificante. Já o papel desses lançamentos, em termos de divulgação, é muito eficiente.

* * *
Voltemos ao presente. Atualmente sinto paixão pela retomada do projeto dos instrumentos experimentais de 1972. Com a eficiente colaboração do engenheiro Marcelo Blanck, começamos a desenvolver alguma tecnologia, mas com recursos parcos, insuficientes. Os resultados estão nos animando muito. Aí entrou o anúncio da Coca-Cola que, mesmo sem ela saber, patrocinaria boa parte da pesquisa.
Será que o uso dos recurss obtidos com o anúncio muda a avaliação de vocês?

Madrugada de sexta, 8 de março, 6h22. tom zé”

  1. Pô, não acho que tom zé tem que desculpar por nada, mesmo se ele usasse a grana pra tomar cachaça e daí? o artista vive disse, o que importa é a qualidade de seus discos. Ou será que o povo peferia ouvir a voz de um pagodeiro ou forrozeiro universitário no lugar dele? se colocasse neguinho ia dizer “ah, olha quem colocaram pra representar o brasil”. A Copa tá aí, e vai rolar, que seja ao menos com a voz de tom zé representando o povo brasileiro.

  2. Tom Zé mostrou-se um artista humilde, ao dar satisfação ao público. Mas o povo tem que entender que nem sempre o artista não pode se dar ao luxo de escolher como ganhar dinheiro. Tem tantos artistas (cheios da grana) que participaram (e participam) de campanhas políticas para presidente, e no entanto confessaram que nunca votariam no candidato para o qual eles foram contratados. Qual é a diferença? Tom Zé, toque sua vida sem ter que dar satisfação a ninguém. Quando você estava fora da mídia, ninguém solicitando para ela votar o foco para você.

  3. Viva Tom Zé, Tão Zi…
    Acredito mesmo que muitos que criticam não ouvem a sua música e se fartam de coca-cola… Já evitei coca e outros produtos norte-americanos no passado… Hoje, outro que recusam a coca devem beber Kuat, rs
    Enfim, o capitalismo hoje tem outras formas.
    Mas, Tom Zé continua o mesmo.

  4. A diferença de Tom Zé para “artistas que participam de campanhas eleitorais e não votam no candidato”, AJ Cardiais, é que Tom Zé sempre foi, e sempre se vendeu assim(no bom sentido), o avesso do avesso do avesso dessas figuras.
    Aliás, na boa, cara, que comparação escrota de burra, hein!
    Lobão diz que: “Quem vende idéias não vende produtos”
    Uma banda como o J.Quest pintar o cabelo de Uva por causa da Fanta Uva é normal.
    Agora, ficaria pra lá de cretino O Rappa(dos tempos do Yuka) fazer o mesmo, né?
    Acho que o Baiano, depois de tudo que já passou, poderia passar sem essa.
    Mas o texto dele me pareceu sincero, sem ironias.
    Bacana essa atitude dele.
    Enfim, que pelo menos depois dessa celeuma toda a Coca-Cola coloque algumas latinhas com o nome da cidade de Irará.

    PS: Nos anos noventa o grande Tom Jobim, que nunca pregou os ideais e as idéias de um Tom Zé, que nunca foi da contracultura, pelo contrário, vendeu os direitos da música Água de Março para a mesma Coca Cola e tb cairam de pau em cima dele.
    O Tom saiu-se com ironia e humor(uma de suas marcas registradas), ele disse:
    “Ué, pensei que todos vcs gostassem de Coca-Cola” rsrssrss

    PS2: Em meados dos anos 2000 Fred 04 do Mundo Livre S/A, artista da mesma cepa de Tom Zé, vendeu uma música de sua banda para uma campanha da Azaléia.
    Ficou conhecido em Recife como Fred Melissinha.

  5. Acho louvável a atitude de Tom. Claro que todos nós, precisamos de dinheiro. Entendo também o desespero e a confusão de quem busca desesperadamente acreditar que o dinheiro nada mais deve ser, do que moeda de troca. O Brasil está cada dia mais triste, frio e assustador, com tantas arbitrariedades sendo legitimadas. A angústia torna-se parte de quem ainda quer ser humano e é humano ter medo. Medo que diminui quando ainda dá pra ver gente que entende e respeita aquele que tem medo e não é covarde pra buscar respostas.

  6. Só pra completar.
    O Lobão há um tempo recusou uma grana preta e não liberou a música “Me Chama” para uma empresa de telefonia e o Mano Caetano tb negou a música “Leãozinho” ao chá Mate leão.
    Alguém pode dizer que o Caetano é milionário e o Lobão, na época, tinha grana fácil.
    Mas aí eu pergunto: As atitudes, os ideais e a ideologia têm a ver com quanto vc tem na conta bancária?

  7. E pra finalizar de minha parte.
    Hoje na Folha de SP saiu uma materiazinha sobre esse caso e nela o reporte pergunta ao Tom Zé se ele faria propaganda para a Fifa.
    Ele diz: “Não aceitaria, a Fifa é uma coisa de trapaceiros.”
    Oi?
    E uma empresa do tamanho da Coca chegou a ser grande, e se mantém, sem trapaça?
    Em que planeta?

  8. …já vi muita gente julgando artista por participar de propaganda, colocando isso isso como uma atitude reacionária, vendida, e coisa e tal. de alguma forma todo mundo flerta com esse mundo “capitalista”, não dá pra diferenciar a atitude de alguém que compra algum produto, ou ajuda a vendê-lo, pra mim, em termos ideológicos, é a mesma coisa.

    e no mais, procuro diferenciar o artista da pessoa. a obra de Tom Zé continua muito consistente, mostrando os mesmos sinais da originalidade e qualidade de sempre, pra mim isso basta pra continuar ouvindo sua música.

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