Para quem está acompanhando, segue mais uma entrevista com os produtores que fazem a música acontecer na Bahia. Uma série de papos do el Cabong com quem está por trás da produção de festivais, shows e eventos no estado, sempre com as mesmas oito perguntas tentando extrair e entender a quantas andas a nossa música. A entrevistada desta vez é Fernanda Bezerra, diretora da Maré Produções.
Veja também:
– Papo com quem faz: Rogério Big Bross, um veterano focado no rock.
– Papo com quem faz:: Lídice Berman, agora em vôo próprio.
– Papo com quem faz: Joilson Santos, colocando Feira na rota.
Se você mora em Salvador e lê o el Cabong, com certeza já foi em alguma produção assinada por Fernanda Bezerra. Ela é uma das criadoras da Multi Planejamento e há pouco mais de um ano está em vôo solo na Maré Produções. Se não liga o “nome a pessoa”, fique tranquilo você já compareceu a alguns dos eventos realizados por ela, que vão desde peças de teatro a grandes shows. Shows da Banda do Mar, Elza Soares, Elba Ramalho, projetos como Caravana da Música, Palco Brasil e vários da Red Bull, além de festivais como Sangue Novo (que terá sua segunda edição em dezembro), Eletronika e Coquetel Molotov. Fernanda também era um dos nomes por trás dos ensaios de verão realizados no Clube dos Fantoches, o Pipoca Moderna com Márcia Castro e convidados, o Moraes Carnaval Moreira, o Verão Luiz Caldas, o Baile dos Mascarados, além do show de Elton John, na Arena Fonte Nova.
A música produzida na Bahia é uma das mais interessantes do Brasil. O movimento dessa música contemporânea chama a atenção nacionalmente e já marca presença em Festivais, Feiras e eventos pelo país. No que diz respeito a produção local, vejo uma cena viva, pulsante, produzindo e com muito produtos, porém pouco organizada no que diz respeito a parceiros de fomento do campo privado.
“Salvador é uma cidade que a música está no seu DNA. O público está mais curioso e aberto para conhecer outros sons.”
– Qual a maior dificuldade para quem produz shows em Feira de Santana e no interior do estado?
Pra mim, parceiros privados e espaços bem estruturados.
– Como você tem visto o papel do poder público e da iniciativa privada no apoio a este cenário mais independente?
Estou vendo como um momento bastante positivo. Apoios crescentes e mercado se fortalecendo. Sou extremamente positiva, o momento é diferente, e não podemos perder essa oportunidade.
– Você acha que existe público diverso para todos estilos musicais em Salvador?
Sim, Salvador é uma cidade que a música está no seu DNA. O público está mais curioso e aberto para conhecer outros sons. Como disse acima, estou em um momento muito entusiasmada. Qual outra cidade você conhece, tirando São Paulo, que tem seis Festivais no mesmo semestre?
– Qual foi a grande surpresa entre os shows que você produziu, de público e artisticamente?
Céu. Esgotou com um ticket médio caro e com muito publico pagante de inteira. Me surpreendeu pela ampliação de público da artista. No dia, Salvador estava com vários shows grandes acontecendo e, mesmo assim, Céu lotou de voltar gente!
– Com quem você não trabalhou que gostaria de trabalhar? E que show gostaria de fazer e não fez ainda?
Quero produzir um show de Gil, certa que um dia vamos nos encontrar. rs
– Quais os próximos projetos e o que vislumbra de produção na área de música mais pra frente? Daqui a 3, 5 10 anos pra você?
Fortalecer o Caravana da Música, O Sangue Novo, o Festival No Ar(projeto de Ana Garcia, o qual sou parceria local) e focar na circulação. Estou muito interessada em trabalhar com acessibilidade, distribuição e escoamento da produção musical. Quero sair do Gueto Cultural, sensibilizar públicos diversos. O artista precisa tocar, nossa produção musical está muito pulsante, meu interesse é que essa música chegue nas pessoas. Cultura como ordem do dia. Isso só se atinge com a continuidade. As pessoas precisam se acostumar e criar o hábito de consumir cultura.
“Salvador tá diferente, só não vê quem não quer!”
– Você pensa em trabalhar com shows internacionais? Por que não fez ainda?
Fiz a coordenação de equipe local de Elton John. Experiência incrível. Shows internacionais precisam de grandes investimentos e grandes articulações. Acho que Salvador está mais aberta para isso, porém não temos investidores que banquem esta estrutura. Recife ainda é o pólo, logisticamente, mais forte para receber produtos assim, mas vamos caminhando, um passo de cada vez. Salvador tá diferente, só não vê quem não quer!