Rap surpreende e bota bandas de rock no bolso
Uma agradável surpresa marcou a final da IV Mostra Baiana de Vídeo Clipe. Ao contrário das previsões, o grande vencedor foi o clipe de “Favela é desse jeito”, do grupo de rap Realidade Sangrenta e UsIlva, com direção de Marcio Snow, Usilva e Danilo Umbelino, que receberam uma premiação de R$ 3,5 mil. O resultado foi divulgado ontem em meio a uma concorrida festa que homenageou o rock baiano, com vários artistas fazendo versões de clássicos do gênero no estado. O vencedor recebeu a maioria dos votos da Mostra, enquanto o clipe “Vem”, da banda Margot dirigido por Sarti Werthen foi o primeiro lugar na menção honrosa do júri.
O clipe premiado “Favela é desse jeito” é simples, quase cru, com uma linguagem bem próxima da realidade social no qual está inserido o grupo, o rap e a própria música. Um prêmio que se não chama atenção pelo rigor técnico e pela produção mais caprichada, se destaca pela sinceridade e por mostrar uma realidade pouco vista em TVs, cinema ou meios de comunicação em geral. Taí uma função que um vídeo-clipe pode realizar. Valeu quem soube aproveitar a indicação, aglutinar pessoas e levar para prestigiar o trabalho e votar. A cena de rap de Salvador mostrou a cara e se destacou com vários trabalhos e bons trabalhos, apesar de desconhecidos da maioria. As bandas de rock, que tinha grande parte dos indicados e selecionados, acabaram ficando de mãos abanando.
Salas vazias
O público foi na verdade o destaque negativo da Mostra. Bem abaixo do esperado nas exibições na Sala Walter da Silveira. Na verdade decepcionante, talvez por todos já poderem ser vistos há tempos no YouTube, a Mostra perdeu um de seus aspectos mais interessantes, a participação com gritos, vaias, palmas sempre visto nos anos anteriores. Para o bem e para o mal era o que dava um charme ao evento e foi frustrante ver as salas vazias. Triste ver que nem as próprias bandas indicadas mobilizaram seus fãs para prestigiarem os clipes.
Por outro lado, o evento mostrou que vivemos um bom momento na produção de vídeo clipes. Ao lado de produções risíveis de tão ruins, boas idéias e produções caprichadas. Destaque para a dedicação e os bons trabalhos da dupla Renato Gaiarsa e Rodrigo Luna, com sete clipes inscritos e quatro indicados, e de Ricardo Spencer, emplacando três clipes. O bom nível de boa parte dos trabalhos apresentados cria expectativa para as próximas edições A menção negativa obrigatória vai para o clipe da banda Mensageiros do Vento que parece ter saído do Capão para fazer discursos hippies vazios e uma cover horrorosa de “Coração de Estudante” e para o golpe de um rapaz que filmou a passagem do trio do Chiclete com Banana pela porta de sua casa, inserir imagens da baianidade nagô e inscreveu como um clipe, sem nem a banda ter conhecimento. Cena inúteis.
Premiados
Voto Popular
1º Lugar – Realidade Sangrenta – Favela é Desse Jeito – (dir. Márcio Snow, Marcelo Silva e Danilo Umbelino)
2º Lugar – O Círculo – A Janela – (dir. Rafael Jardim)
3º Lugar – Lumpen – O Processo – (dir. Felipe FranKa)
Menções honrosas júri:
1º Lugar – Margot – Vem – (dir. Sarti Werthen)
2º Lugar – Umkonto – Umkonto – Carapuça – (dir. Jonga Oliveira)
3º Lugar – Cascadura – Mesmo Eu Estando do Outro Lado – (dir. Luís Guilherme Campos e Zeca de Souza)