Jornalistas, radialistas e especialistas escolhem os melhores álbuns baianos de 2017. Além de Baco, lista inclui Flerte Flamingo, BaianaSystem, Vovó do Mangue, Aiace, entre outros.
Quando se tem muitas opções é muito difícil conseguir uma unanimidade. Não seira diferente na votação popular para os melhores discos baianos de 2017. Foram 155 álbuns lançados, entre CDs físicos, EP e discos virtuais, dos mais diversos estilos. Trabalhos de rock, experimental, jazz, instrumental, rap, pop, reggae, axé, afro-pop, e tudo mais.
Um bom apanhado do que foi produzido na Bahia no último ano. Na votação desse ano, mais uma vez, ficou provado que além de diversa nos gêneros e ritmos musicais, a produção baiana também é descentralizada, com vários trabalhos de artistas do interior do estado. Eles, inclusive, estão em cinco posições dos dez primeiros lugares.
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Diante de tantos discos e tantos artistas, não esperaríamos um disco com votação retumbante, muito acima do restante, assim mesmo, tivemos um vencedor com uma boa margem de diferença do segundo colocado. Foram mais de 4 mil votos, com o jovem rapper Baco Exu do Blues abocanhando o primeiro lugar, seguindo pela banda Flerte Flamingo, em segundo.
A margem de votos entre o terceiro e o quinto colocados não chegou a 40 votos, ficando BaianaSystem, Vovó do Mangue e Aiace com 4% dos votos e tecnicamente empatados. Na sequência entre o sexto e o nono, foram 20 votos de diferença, para quatro discos, com OQuadro, Rafique Nasser, Iorigun e Luedji Luna praticamente empatados. Na décima posição, aparece a cantora Xênia França. A surpresa entre os 10 primeiros ficou pela ausência da Maglore, que terminou logo na sequência em 11º.
– Veja a lista completa com todos os discos e a votação completa aqui.
1. ‘Esú’ – Baco Exu do Blues – 7%
O disco de estreia de Diogo Moncorvo, mais conhecido como Baco Exu do Blues, caiu como uma bomba no meio musical não apenas baiano, mas nacional. O jovem rapper de 21 anos já tinha chamado atenção com a música “Sulicídio”, mas com ‘Esú’ foi além e mostrou um álbum forte, maduro e denso. Ele acertou em cheio nas rimas, no texto e nas referências, que passam por Chico Science e Nação Zumbi, Tim Maia e Racionais MC’s, mas também por citações literárias de Jorge Amado e dos poetas malditos Charles Bukowski e Arthur Rimbaud, além de cinematográficas, como Pedro Almodóvar. As bases, os samples, a sonoridade do disco mantêm o nível, com alto nível, encharcam ainda mais o universo de caos urbano, religiosidade, tormentos e conflitos pessoais de Baco.
2. Flerte Flamingo – Postura e Água Fresca – 5%
‘Postura e Água Fresca’ é o segundo EP da Flerte Flamingo, novíssima banda de Salvador, que faz o que chamamos de música brasileira contemporânea. Em cinco faixas, o grupo flerta com MPB, samba, samba-reggae, mas também rock psicodélico, new wave e lo-fi.
3. BaianaSystem – Outras Cidades – 4%
Consagrados com o disco ‘Duas Cidades’, a BaianaSystem aprofundou sua veia eletrônica com ‘Outras Cidades, chamando DJs e produtores do bass music brasileiro para dar nova cara às faixas. Entre os convidados estão Omulu, ÀttooxxÁ, Furmiga Dub, Chico Correa e Mauro Telefunksoul.
4. Vovó do Mangue – Vovó do Mangue – 4%
A veterana banda Vovó do Mangue tem origem há 25 anos na cidade de Maragogipe, no Recôncavo baiano. O grupo deu uma parada entre 2007 e 2014, mas voltou em 2015 e dois anos depois lançou esse primeiro disco. O álbum autointitulado traz as principais composições do grupo, calcado em rock e blues, e com flertes nos ritmos locais.
5. Aiace – Dentro Ali – 4%
Conhecida pelo seu trabalho à frente do grupo Sertanília, Aiace lançou em 2017 seu primeiro disco solo. Em ‘Dentro Ali’, a cantora pega outros caminhos e num trabalho bastante pessoal trafega por MPB, ritmos afro-baianos, reggae, jazz e até rock.
6. OQuadro – Nêgo Roque – 3%
Depois de um excelente disco de estreia, o aguardado segundo álbum da banda ilheense OQuadro era aguardado com bastante expectativa. O resultado é um mergulho ainda mais profundo em referências e em misturas de estilo, com o rap servindo de norte para ritmos jamaicanos e baianos, rock, zouk, soul, cumbia e eletrônica.
7. Rafique Nasser – Arado – 3%
Rafique Nasser é um jovem de 19 anos, nascido em Valença. Ele convidou artistas de outras cidades do interior baiano para registrar de forma espontânea o primeiro trabalho. “Arado” é um EP com cinco composições autorais gravadas sem ensaios e com total liberdade dos músicos. O resultado remete à música psicodélica nordestina dos anos 1970.
8. Iorigun – Empty Houses, Filled Cities – 3%
Direto de Feira de Santana, a banda Iorigun faz um improvável indie rock cantado em inglês e cheio de referências ao rock inglês, dos anos 80 ao mais contemporâneo. O primeiro EP, ‘Empty Houses, Filled Cities’ traz um som muito bem feito, dançante, repleto de riffs e surpreendente.
9. Luedji Luna – Um Corpo No Mundo – 3%
Como destacamos aqui, 2017 foi o ano de transformação de Luedji Luna. Mesmo antes de lançar o disco, a cantora e compositora soteropolitana chamou atenção. Com o álbum de estreia em mãos, ganhou ainda mais destaque. Nele mostra leveza e uma sonoridade que passeia por música brasileira e africana, jazz, samba e reggae.
10. Xênia França- Xênia – 2%
Xênia começou a chamar atenção como uma das vozes à frente da banda paulista Aláfia. Em 2017, essa baiana de Camaçari encarou a carreira solo e lançou o primeiro disco. ‘Xênia’ traz referências do universo musical dela, do candomblé ao jazz, passando por hip-hop, R&B e MPB.