Além dos tributos e compilações, que falamos na postagem anterior, várias versões foram lançadas em 2012 na internet, em EPs, integrando discos autorais ou mesmo apenas apresentadas em shows. Algumas delas chamaram e merecem menção, seja pela ousadia em mexer em um clássico, seja por conseguir dar vitalidade a uma música das antigas. Muitas destas versões destacamos no resumo de encontros que rolaram na música brasileira e na internacional em 2012, outras chamamos atenção no próprio texto dos tributos de 2012.
Mas além destes tributos e apresentações, muita gente inseriu versões interessantes em seus discos de 2012. Entre os destaques está a versão que Lucas Santtana fez de “Músico”, parceria do Paralamas do Sucesso com Tom Zé, lançada originalmente no disco ‘Severino’. Música de um dos álbuns menos populares do Paralamas, que Lucas trouxe à tona numa homenagem aos amigos de profissão e se cercou de um time de responsa na gravação: Céu (voz), Curumin (MPC), Gustavo Ruiz (Tulipa, guitarra), Marcos Gerez (Hurtmold, baixo), Maurício Fleury (Bixiga 70, sintetizador), Rica Amabis (Instituto, sampler orquestra) e Bruno Buarque (bateria).
Músico – Lucas Santtana by diginoisrecords
A cantora Céu manteve, em seu disco de 2012, ‘Caravana Sereia Bloom’, uma característica dos álbuns anteriores, de apresentar versões de músicas muitas vezes não muito conhecidas. Regravou “Pallhaço” (Nelson Cavaquinho, Oswaldo Martins e Washington Fernandes) e “You Won’t Regret It”. Essa última, mais certeira, trazia a importante, mas não tão badalada dupla de cantores e compositores jamaicanos Lloyd Robinson e Glen Brown, que nos anos 60 fazia rocksteadys impecáveis. Entre as músicas da dupla, Céu captou essa linda pérola.
E quando uma banda pós-rock faz uma versão instrumental de uma música célebre, que fez sucesso nas rádios nos anos 80 e que trazia na letra um de suas principais forças? A banda curitibana ruído/mm fez isso, pegou o hit “Índios” da Legião Urbana e recriou totalmente, tornando-o quase irreconhecível até chegar no ápice com o solo marcante.
Passam décadas e “Baby Doll de Nylon”, de Robertinho do Recife (uma das músicas que mais cantam errado na face da Terra) continua irresistível. Lançada em 1982, no segundo disco de Robertinho, a música fez bastante sucesso e já ganhou algumas regravações. Em 2012, quando já não se esperava muita coisa do Bonde do Rolê, o grupo lançou um bom disco e incluiu uma versão moderna, dançante e bem divertida do sucesso do pernambucano. Feita em parceira com a dupla californiana Poolside e com participação de Caetano Veloso, a versão, agora batizada de “Baby Don’t Deny It”, é cantada em inglês e português ao mesmo tempo e é uma das melhores versões do ano.
Além da parceira com o Bonde do Rolê, a dupla californiana Poolside recriou a belíssima e clássica “Harvest Moon”, de Neil Young, no disco “Pacific Standard Time”. Deu uma outra cara a música, mais ensolarada, pra dançar no fim da festa. Mostraram como ainda dá pra refazer obras primas, se não melhorando, mas dando um trato inovador e respeitoso à elas.
Quem fez uma versão tão linda quanto a original foi Martina Topley Bird, Mark Lanegan e as garotas doWarpaint. Eles pegaram “Crystalised”, do The XX, e deixaram deliciosa com as belas vozes de Martina, pra quem não sabe cantora que já gravou com Tricky e Massive Attack, e de Lanegan, aquele que era do Screaming Trews.
E quem imaginaria uma versão de “Refuse / Resist” do Sepultura só com instrumentos de bambu? A proeza é da Karinding Attack, uma banda da Indonésia, que usa basicamente o karinding, um instrumento tradicional do país feito de bambu. Veja se reconhece o som.