Depois da decepção com “Carandiru”, comprei um passaporte disposto a ver vários filmes do Panorama de Cinema. Acabei perdendo filmes como “Enbriagado de Amor” (de Paul Thomas Anderson – o cara de “Magnólia” e “Boogie Nights”), “Simone”, “A Viagem de Chichiro”, “Seja o que Deus Quiser”, “Promessas de um Novo Mundo”, entre outros. Os dois primeiros devem entrar em cartaz no circuito comercial. “A Viagem de Chichiro” também, já que ganhou o Oscar de longa de animação. Bom, é aguardar. Resolvi então me programar e consegui ver quatro bons filmes. Primeiro “Lixo e a Fúria“, documentário que conta a história da banda inglesa punk Sex Pistols. Muito boa a forma de contar a trajetória dos caras, inserindo imagens de TV da época. Nunca tinha visto Sid Vicious sóbrio e sem efeito de drogas (pelo menos aparentemente). O filme havia sido destaque da primeira edição do evento no ano passado, mas tinha perdido. Esse ano tive que ir meio dia de domingo ao cinema, mas não perdi. Outro bom filme foi “O Que Fazer em Caso de Incêndio“, filme alemão levinho que conta a história de anarquistas que envelhecem e se reencontram. Divertido, com trilha sonora legal (Radiohead, Iggy Pop…). Nada sensacional, mas bacana. Dois dos filmes que eu mais queria ver deixei para o mesmo dia. O pernambucano “Amarelo Manga“, dirigido por Cláudio Assis, já entrou na lista dos melhores do ano e acho que também na dos melhores brasileiros dessa chamada “retomada”. Não lembro de um filme brasileiro com personagens tão interessantes e bizarros. Você fica meio aturdido durante o longa porque não há uma história única e simples. São várias histórias paralelas, mas não está aí mais interessante do filme. A construção dos estranhos personagens, a fotografia, a forma como o diretor decide contar tudo aquilo é muito interessante. Fora que mostra muito bem a cultura urbana do Recife, talvez de qualquer grande cidade nordestina, com seus hábitos e características próprias e mais ainda de seus personagens. O roteiro de Hilton Lacerda é muito bom, assim como a fotografia de Walter Carvalho (de novo). Logo depois fiquei pra ver outro filme, o badalado francês “Irreversível“. Muito foda. Quem tinha lido sobre ele, me alertava para o peso da cena do estupro, nem achei a mais forte. Logo no começo do filme tem uma muito pior (queria saber como filmaram aquilo). O filme é muito bom, não dá para desgrudar da tela. A forma de contar, de trás para frente pode nem ser original. Mas, assim como em “Memento”(Amnésia), tem sentido com o próprio objetivo do diretor. Em “Irreversível”, achei que a brincadeira com o “final” feliz fantástica. Grande filme.