Lançada em formato digital, publicação de Marcelo Argôlo reúne entrevistas com BaianaSystem, Larissa Luz, Luedji Luna, Afrocidade e ÀTTØØXXÁ.
Além de ouvidas, as cenas musicais das cidades precisam ser debatidas, contextualizadas e entendidas para além de meras expressões sonoras. É isso que faz o jornalista e pesquisador musical Marcelo Argôlo em seu livro Pop Negro SSA: cenas musicais, cultura pop e Negritude, no qual mergulha na produção musical atual de Salvador, conectando comunicação, música e ativismo negro.
Veja também:
– Filme relembra o festival que uniu música negra e política.
– Discos: Primeiro álbum de Majur traz o afropop, mas não para por aí.
Lançado em formato e-book e com download gratuito através do site popnegrossa.marceloargolo.jor.br, Argôlo tenta compreender a produção musical contemporânea através da ocupação dos espaços urbanos, da relação com as redes sociais e a defesa da pauta do antirracismo.
O livro traz reflexões que o autor vem desenvolvendo desde 2019 no Mestrado em Comunicação na UFRB. São pouco mais de 80 páginas, que traz uma primeira parte com conceitos sobre cenas musicais, cultura pop e negritude. Numa segunda, Argôlo focaliza a discussão em Salvador através de entrevistas com alguns dos principais nomes do cenário contemporâneo que surgiram na cidade e região metropolitana. Ele mostra as visões de uma geração através de Roberto Barreto (BaianaSystem), Larissa Luz, Luedji Luna, José Macedo (Afrocidade) e Rafa Dias, Oz e Chibatinha (ÀTTØØXXÁ).
Segundo o jornalista, sua preocupação com o livro foi mostrar as possibilidades de pensar uma música pop do Sul Global a partir de referenciais negras e representada por bandas e artistas negras. “A gente sempre tem um imaginário do pop com um espaço de divas estadunidenses e, na maioria das vezes, brancas. Quero disputar esse entendimento e mostrar que o pop também pode ser Negro e Baiano, tanto na musicalidade, quanto no discurso e na representatividade”, diz.
O recorte dos artistas é fruto da pesquisa que começou em 2019 e que tentava entender a cena musical que vinha se desenvolvendo em Salvador desde o início dos anos 2010, e que a partir de 2015 passou a ter uma circulação nacional. “Percebi que era uma geração de bandas e artistas que estavam promovendo um outro entendimento para a música baiana”, diz. “Antes de pensar em falar sobre música pop baiana engajada no artivismo negro, eu buscava entender o que esse grupo de artistas tinha em comum e como estavam promovendo essa transformação. À medida que fui avançando nas análises, consegui captar essa associação entre cultura pop e negritude como esse fator de virada de chave”, completa.
O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.