Comédias Românticas
Nos anos 80, um tipo de filme fazia a cabeça de adolescentes. Eram comédias quase sempre bobinhas, mas que contavam histórias divertidas de jovens saindo do colégio ou entrando na faculdade em busca de um amor ou da primeira transa. Variavam pouco, claro que uns com a dose romântica que a época imprimia (sem dúvida os melhores anos de músicas “bregas” – prometo escrever sobre isso e colocar uma lista de imperdíveis) e outros recheados de picardias. Os mais românticos é que interessam aqui, e aí podemos citar alguns clássicos: “Namorada de Aluguel”, “Gatinhas e Gatões”, “Alguém muito Especial” e “Admiradora Secreta”, principalmente. A história trazia uma trama que o herói(na) sempre saia perdendo e dava a volta por cima ficando com seu amor, nada original, até Os Trapalhões traziam isso. Mas eram histórias divertidas, bem contadas e que sempre traziam um charme a mais, seja na trilha-sonora, seja na proximidade com a vida de qualquer adolescente comum. Filmes que fizeram garotos e garotas se deliciarem com seus primeiros amores em tardes de “Sessão da Tarde”.
Mas eles cresceram e talvez ainda busquem pelos amores dos sonhos, não mais o primeiro, mas o definitivo (quem sabe?). A consequência disso no cinema talvez sejam as comédias românticas que vem encharcando os as salas com doses de açucar e pouca graça. O pior é que mesmo mais velhos, o humor não passou a ser mais refinado. Parece que, para agradar, as piadas ficaram mais rasas. Na verdade toda a trama. Continua sendo sempre a mesma coisa. Agora são piadinhas com a rotina de casais, com os desencontros do amor, muito blá-blá-blá pseudo-inteligente e sempre personagens solitários por mil motivos procurando o príncipe (princesa) encantado(a). O final banal como de costume, não emociona, nem com o bg da músic atema subindo o acender das luzes. O problema é que falta charme.
É o caso de “Alex e Emma”, que estréia essa semana nos cinemas. Salvo umas três piadinhas, a beleza simples da atriz Kate Hudson, pouco se salva. Luke Wilson o ator principal é ruim demais (inacreditável os suspiros que algumas meninas deram quando o cara apareceu na tela – falta de homem da porra), a história poderia até ser legal, mas o diretor Rob Reiner (o mesmo de “Harry & Sally”) não soube aproveitar.
Duas exceções em meio às comédias românticas comprovam a regra. “Procura-se Amy” (Chasing Amy) é do diretor que mais herdou as qualidades dos filmes adolescentes dos anos 80, Kevin Smith. O filme, para quem não viu, conta a história de um cara que se apaixona por uma lésbica e quer fazer ela mudar de opção. Já por aí dá pra sentir um dedo de ousadia, um romance com uma homossexual não é das coisas mais comum em Hollywood, mais ainda com o tempero de Smith. Ele insere excelentes diálogos, personagens interessantes e idéias criativas. Um dos chames do filme é que se passa em meio ao mundo dos quadrinhos independentes.
A outra exceção acaba de passar nos cinemas e traz mais um grande jovem diretor, P.T. Anderson (aquele responsável pelos excelentes “Boogie Nights” e “Magnólia”). “Embriagado de Amor” traz o nunca tão bom quanto aqui Adam Sandler, num papel bem esquisito. Já que estamos falando de charme, Anderson carrega a personagem de Sandler de estranhices e dá um charme a história. Trilha-sonora bacana, fotografia massa, historinha de amor básica, se não fosse as complicações da personagem principal e as pessoas que a rodeiam, desde a mulher que ele acaba se apaixonando, aos seus empregados, suas sei lá quantas irmãs. Filme pra rir, se divertir e sair leve do cinema. Como poucos.