As gravadoras podem até alegar crise de criatividade, mas não é essa a justificativa para que os discos mais vendidos do país não sejam trabalhos inéditos. A lista dos dez mais vendidos no país essa semana se resume a trabalhos acústicos, ao vivo ou coletâneas. Os três primeiros são os acústicos de Sandy & Júnior e da dupla Bruno & Marrone, além do ao vivo no Maracanã de Ivete Sangalo. Entre os 12 primeiros nas paradas não há nenhum disco de carreira, exclusivo de músicas inéditas. O primeiro trabalho novo e autoral que aparece é “Sim”, de Vanessa da Mata, na 13ª posição. Entre os 50 mais vendidos, além do CD da cantora, aparecem apenas 16 outros inéditos. Quatro deles são de Marisa Monte (Os dois novos discos separados e juntos, além do CD anterior), um de Amado batista (com um CD lançado por selo próprio e vendido a 10 reais), Roberta Sá (surpresa da MPB no 20º lugar), quatro nomes ligados à música sertaneja (Leonardo, Rio Negro e Solimões, Gino & Geno e Mayck & Lyan), além das cantoras Bebel Gilberto, Ana Carolina e Paula Toller e dos gringos The Libertines, a cantora Rihanna e a banda Interpol (num honroso e surpreendente 48º lugar). As vendas caíram, não há mais como emplacar fenômenos, os CDs piratas se disseminam e as gravadoras continuam apostando suas fichas em caça-níqueis. Nas quatro lojas oficiais de música virtual, entre as músicas mais baixadas sempre aparecem artistas como Fergie e Rihanna. Se houvesse como dimensionar as músicas e álbuns mais baixados em blogs e nas redes de trocas de arquivos ou os discos piratas mais vendidos nos camelôs os resultados com certeza seriam outros. Então quais são os principais da música no Brasil hoje? Quem toca em rádio? Quem vende discos? Quem lota shows ou quem tem músicas mais baixadas? A produção de música brasileira continua existindo com muitos artistas novos, no entanto, está cada vez mais concentrada no mercado independente, que não pára de lançar discos. Basta perceber que os principais nomes e discos do ano estão distantes desse mercado “oficial” e dificilmente estarão em alguma lista senão a dos melhores discos do ano pela crítica.
Festivais baianos
Enquanto não acontece um festival de música pop do porte que Salvador merece com uma preocupação maior em qualidade do que em faturamento, pequenos festivais começam a se consolidar. No começo de outubro (dia 6), acontece a segunda edição do FRIB – Festival Rock Independente do Beirú, com as bandas O Vestido Preto de Valentina, Gramodisco, Declinium (Camaçari), Valle Negro, Sine qua Non, Nicodemos e Neophonia. A idéia é simples: promover a cultura e o lazer a jovens e adultos de todas as idades, oferecer espaço para diversas manifestações artísticas, além de manter um intercâmbio entre os artistas locais e os de outras localidades da capital e do estado. No mesmo dia será realizado o HC Fest com as bandas Orelha Seca, Buddy Ravell, Capitalixo, Spectro Suíno, Alienados do Subúrbio, Cama de Jornal (Vitória da Conquista), entre outras. Que estes cresçam e que venham outros. Tem ainda o Festival Ravat Rorck – Rock Na Bahia Existe com as bandas Memórias de P.A.N, Alt Put, Alternados, Cacos de Vidro, Boddah e Sobras do Prazer, programado para a Casa Muv (antigo Insurgente) no próximo dia 23 de setembro.
Fim de semana
Por falar em festivais, antenas ligadas para quatro deles que acontecem nesse fim de semana fora da Bahia. No Recife, o Coquetel Molotov mescla bandas brasileiras novas com atrações internacionais desconhecidas, mas significantes. Em Belém, o Se Rasgum reúne a promissora produção local com nomes nacionais consagrados no circuito independente. Em Belo Horizonte, o Jambolada, apresenta a pouco falada cena local com nomes de peso como Tom Zé e Nação Zumbi. Em João Pessoa, o Festival Mundo recebe os baianos da Vinil 69 e Matiz, que se juntam a nomes locais e bandas indies de outras partes do Nordeste.
Na telinha
Já está no ar na TV Salvador o programa Som na Caixa, uma boa oportunidade para se conhecer nomes da cena local através de entrevistas (num dos primeiros programas a banda convidada foi a Formidável Família Musical) e assistir a vídeo-clipes, inclusive a boa produção baiana.
Vinil na estrada
A banda Vinil 69 aproveita a apresentação no festival Mundo, em João Pessoa para articular uma pequena turnê pelo Nordeste, incluindo além da capital da Paraíba, as cidades de Recife e Natal.