Um ano bom e nada mais

2007 termina mostrando que cada vez importa menos ser mega

Chega o fim de mais um ano e como vem acontecendo neste novo milênio, novamente marcando o mundo da música pelas mudanças no mercado e na indústria, especialmente pela tecnologia e no modo de convívio entre as pessoas. Se a grande indústria continua reclamando, o mercado independente brasileiro se fortaleceu e como em qualquer lugar decente no mundo passa a existir como uma força paralela, com mercado próprio e uma estrutura que começa a ficar auto-sustentável. Ainda longe do ideal, mas dando os passos para tanto. Prova disso foram os festivais independentes Brasil à fora, cada vez mais consolidados e ganhando espaço, inclusive na mídia limitada. Destaque para os já firmados como Goiânia Noise e Mada e os novos fora do eixo, como o Se Rasgum em Belém. Destaque para novas bandas brasileiras que souberam usar as novas ferramentas, como Móveis Coloniais de Acaju e teatro Mágico, que deram um grande passo no ano, tocando em tudo que é canto, com sucesso e, se tudo der certo pra eles, viram estrelas de médio porte em 2008. Ano em que o Radiohead ajudou a redimensionar os caminhos da música, lançando um excelente álbum de uma forma ousada e interessante. Ben Harper, Matisyahu, Fatboy Slim, The Nation Blue, Madeleine Peyroux e Groundation (além daqueles Reggaes de sempre) fizeram os shows internacionais interessantes por aqui, enquanto lá no Brasil destaque para o LCD Soundsystem como melhor show do ano. O Tim Festival deu uma grande derrapada na edição 2007 e insistiu mais uma vez em não incluir a Bahia e nem mesmo o Nordeste em suas ações. Já o novo festival Planeta Terra se mostrou adaptado aos novos tempos com uma programação sem grandes estrelas, mas bem selecionada. Uma prévia do fim do esquema Mega e foco em nichos específicos. Sucesso de programação, organização e preço. Teve também a confirmação da explosão brasuca com Cansei de Ser Sexy e Bonde do Role fazendo longas turnês pela Europa e EUA, como conseqüência upgrade nos shows, brigas e separações.

Discos
Entre os discos que marcaram o ano e que devem lembrados daqui a algum tempo como os melhores de 2007 estão os novos do Radiohead, LCD Soundsystem, White Stripes, Justice, Foo Fighters, Digitalism, Arcade Fire, The Queens of the Stone, Wilco, Air, Interpol, M.I.A., Klaxons, Arctic Monkeys, além de nomes mais novos ou desconhecidos como The Cribs, Los Campesinos, Yelle, The Fratellis, Mando Diao, New Yung Pony Club, Midnight Juggernauts e tanto soutros. Entre os nacionais Orquestra Imperial, Autoramas, Nação Zumbi, Kassin +2, Fino Coletivo, China, Vanguart, entre outros. (Fora aqueles que só vamos ouvir com mais atenção em 2008) A síndrome Chinese Democracy impediu que vários discos prometidos para 2007 aqui na Bahia fossem lançados, o que deve acabar fazendo de 2008 um ano repleto de importantes lançamentos locais. Lampirônicos, Los Canos, Berlinda e Márcia Castro foram os destaques que soltaram produtos físicos. Se foram poucos discos, as bandas capricharam nos clipes, vários trabalhos de qualidade inundaram o You Tube.

Elas e os retornos
Ano também de cantoras dominando o mercado, da ultraexposta Ivete Sangalo e sua música sem graça, mas de milhões, passando por Maria Rita e Vanessa da Mata, novos ícones de vendas da MPB, indo até “novos” nomes que começaram a ganhar uma merecida projeção, como Céu, Roberta Sá, Mariana Aydar e Teresa Cristina. No campo internacional elas também chamaram atenção: Amy Winhouse e sua doença com drogas incensada pela mídia, Lilly Allen . Ano marcado pela volta de lendas como The Police, Led Zepellin, Jesus & Mary Chain, Rage Against the Machine, Dinosaur Jr, Bad Religion, Smashing Pumpkins, entre outros.

Por aqui
Ano de boas festas na cidade e a confirmação (aqui também) que DJ não é só para música eletrônica e pode ter a função de mostrar novidades. Passaram pela cidade bons shows de gente como Vanguart, Montage, Autoramas, Forgotten Boys, Eddie, Vamoz, Mombojó, B-Negão, Wander Wildner, Ponto de Equilíbrio, Matanza, Nação Zumbi, Céu, Pato Fu, Lucas Santana, Otto, entre tantos outros shows que rolaram.

Negativas
Triste foi o novo fim da Bizz, o recesso sem prazo do Los Hermanos, o novo fim dos Mutantes, o encerramento da 88FM, única rádio rock na cidade em anos, a censura ao ótimo livro sobre Roberto Carlos e, especialmente, a briga para ver quem são os mais limitados, quem manda na mídia, quem manda no marketing ou quem organiza os grandes festivais.

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