No ano passado alguns dos responsáveis pelo Festival South by Southwest (Austin, Texas) vieram ao Brasil e passaram por Salvador apresentando o festival e porque era interessante tocar nele. Parte do público se animou, outra parte se perguntava porque tocaria num festival que não banca nada (passagem, hospedagem etc), apenas uma mísera ajuda de custos. É como se dividisse ali os artistas em duas partes, duas realidades distantes. Aqueles que estão compreendendo e entrando em sintonia com os novos tempos e os outros que ainda acham que tem que esperar cair algo do céu.
Ser descoberto hoje não significa mais (apenas) fazer música e achar que vai ter a genialidade reconhecida. Isso tem muita gente fazendo. Cada dia mais, assim como um médico além de saber sua função em si tem que administrar seu consultório, o artista tem que administrar sua carreira. Sozinho, com banda, com amigo, com parceiros ou pagando a profissionais, ele tem que se virar e correr atrás. Investir tempo, dinheiro e o que for preciso para engatar uma carreira. É assim com qualquer profissional, que pode estagiar de graça, por exemplo, para entrar no mercado. Isso nem é nenhuma novidade. Seria melhor ainda se não fosse absolutamente novidade para ninguém. Aproveitar as chances é a grande sacada. E isso se desdobra em mil coisas. Desde tocar num evento certo, mesmo que de graça.
Ai que entra o South by Southwest. Tocar no festival pode ser uma grande merda sim. Entrar numa noite ruim, num bar sem graça, tocando pra ninguém. Ou se encaixar bem e ser ouvido por gente que importa no mundo dos negócios da música. Ou ainda nada disso, apenas se articular com as pessoas certas e conseguir datas para outros shows, um agente pra vender seu trabalho lá fora ou um selo pequeno para lançar um disco. Alguns dão certo, alguns já deram. Outro não deram e nunca vão dar. É assim aqui, lá fora, no universo underground ou no maistream. Ninguém sabe. Mas tentar, correr atrás é obrigação para quem quer alguma coisa.
O South by Southwest este ano acontece de 18 a 22 de março e reunirá de uma só vez centenas de artistas de várias partes do mundo (42 países) em mais de 1.800 atividades, entre showcases e apresentações. Estarão lá também produtores, agentes, jornalistas, gente da mídia, da indústria e quase todo mundo que interessa. Ou seja. Mais do que ganhar algo financeiramente falando, pode ser, eu disse pode ser, um bom investimento para se mostrar trabalhos. Esse ano entre os nomes que irão se apresentar, afinal é um festival e é bacana ir como público também, estão Echo and The Bunnymen, Circle Jerks, Peter Bjorn and John, Glasvegas, The Von Bondies, Ben Harper, Natalie Portman’s Shaved Head, Calvin Harris, entre outros. Nada muito conhecido ou grande. A programação inteira pode ser conferida aqui e podem reparar que 99% dos nomes você nunca nem deve ter ouvido falar, mas pode ser que semana que vem já conheça.
O interessante é ver que bandas brasileiras estão apostando em tentar algo no SXSX, a lista esse ano inclui La Pupuña (PA), The Twelves (RJ), Alexandre Grooves (SP), Cassim & Barbaria (SC), Holger (SP), Black Drawing Chalks (GO), Pato Fu (MG), Garotas Suecas (SP), S.O.M.B.A. (MG), Kristoff Silva (MG), Cafe Funque (RJ), Los Pirata (SP), Vander Lee (MG), Valeria Oliveira (RN), The River Raid (PE) e Vinil Laranja (PA), Nancy (DF), Tita Lima (SP), Canja Rave (RS), Oxe de (SP), Erika Machado (MG), além do baiano Vandex, único representante do estado.