Seja por saudade da fama ou dos palcos, seja por necessidade financeira, seja por ainda ter o que mostrar, cada vez mais artistas e bandas estão voltando à ativa depois de um tempo paradas. Tanto no exterior quanto no Brasil estes retornos estão marcando os últimos anos e em 2011 alguns deles prometem outros dão medo:
Planet Hemp
Já havíamos anunciando o retorno do grupo carioca. Mas agora as coisas estão mais definidas e o grupo está com uma mini turnê agendada para junho, passando por cinco cidades: dia 4 de junho em Salvador, dia 5 em São Paulo, dia 10 no Recife, dia 11 em Fortaleza e dia 12 em Brasilia. Nessa volta, a banda terá quase a formação original: Marcelo D2, BNegão e Black Alien nos vocais; Rafael, na guitarra; Formigão, no baixo; e Pedro Garcia, na bateria, além do DJ Zé Gonzales. O grupo, que havia encerrado as atividades em 2002, devem tocar nos shows os principais sucessos dos três álbuns lançados durante a carreira.
Gang of Four
O melhor mesmo em uma banda voltar é ter algo a dizer. É se mostrar ainda produtivo e relevante. Ok, algumas vezes a gente quer só matar a saudade, mas quando um artista volta com algo novo para apresentar e o resultado é bom, fica melhor ainda. Esse é o caso da banda inglesa Gang of Four, que acaba de lançar um novo disco, Content. Lançado 16 anos depois de seu antecessor, o álbum mantém a pegada que marcou o grupo, especialmente no clássico Entertainment!, de 1979. O grupo ícone pós-punk influenciou muita gente boa, de R.E.M. a quase toda geração do rock atual, Franz Ferdinand e Rapture que o digam. Esse novo disco contou com uma campanha que o grupo fez com os fãs, que doaram quantias livres para produção do trabalho. A formação atual da banda inclui Jon King (vocais), Andy Gill (guitarra), Thomas McNeice (baixo) e Mark Heaney (bateria), logo não incluindo a cozinha matadora Dave Allen (baixo) e Hugo Burnham (bateria). Assim mesmo sem a formação clássica, o grupo mostrou a que veio, com sua sonoridade seca e crua e letras críticas.
Rubinho Troll
Morando em Londres há cerca de 15 anos, o cantor e compositor Rubinho Troll acaba de lançar seu primeiro disco solo, Stinking Like a Brazilian (Cheirando como um brasileiro). Para quem não conhece, Rubinho era vocalista da Sexo Explícito, banda que surgiu em 1982 em Belo Horizonte e chamou atenção pelas letras ácidas e sonoridade pós-punk. Chamou atenção é mais modo de dizer, pois a banda estava entre aquelas que foi mais falada pela crítica do que conhecida pelo público. Sucesso quase zero, mas muitos e merecidos elogios de quem teve acesso. Pois agora, depois de quase 20 anos do fim do grupo, Rubinho retorna com um disco cheio de canções inéditas, a maioria recente, além de algumas compostas nos anos 90 e uma cover do De Falla, “Repelente”. A Sexo Explícito contava ainda com o guitarrista John Ulhoa, aquele do Pato Fu, na formação. A parceria entre os dois nunca acabou na verdade. Várias músicas de Troll, por exemplo, foram gravadas pelo Pato Fu, como “Mamãe Ama É O Meu Revólver”, “Menti Pra Você, Mas Foi Sem Querer” e “Mamá Papá”. O próprio disco Stinking Like a Brazilian (veja capa ao lado) conta com a produção do parceiro John. O resultado é muito bom, com Rubinho mostrando ainda estar afiado, tanto nas letras quanto na criação de uma sonoridade inventiva e original. O disco está sendo vendido aqui.
Assista matéria do programa Alto Falante com o próprio Rubinho contando sobre sua vida e seu disco
Veja dois clipes de músicas presentes no disco:
Rubinho Troll – 5 Cordas
Rubinho Troll – Alma Turbinada
Ave Sangria
Nem todo mundo conhece a cena psicodélica nordestina dos anos 70. Alguns nomes saíram dali e se tornaram bastante conhecidos, como Zé Ramalho e Alceu Valença. Outros só são conhecidos pelos que se aprofundaram nesse momento de nossa música. É o caso da banda pernambucana Ave Sangria, que alcançou certa fama nos anos 70 no Recife apresentando um rock recheado com referências nordestinas e marcado por experimentalismo e irreverência. O grupo formado originalmente por Marco Polo (vocais), Ivson Wanderley (guitarra solo e violão), Paulo Raphael (guitarra base, sintetizador, violão, vocal), Almir de Oliveira (baixo), Israel Semente (bateria) e Agrício Noya (percussão) está voltando para apresentações especiais e esporádicas. Entre os shows que já realizaram no Recife, a do Teatro do Parque deve virar um DVD, o primeiro do grupo. Esse ano o Ave Sangria já confirmou participação no Festival Psicodália, tradicional evento que exalta o rock dos anos 70 e que será realizado entre os dias 04 e 08 de Março (Carnaval) em Rio Negrinho, Santa Catarina. Atualmente, apenas dois integrantes da formação original permanecem na banda, Marco Polo e Almir de Oliveira, que são acompanhados por Breno Lira (viola e guitarra), Ricardo Fraga (bateria), Jéfferson (baixo), Niedja Rodrigues e Caio César (percussão). Leia mais sobtre a banda aqui, inclusive com link para baixar o disco mais conhecido do grupo, de 1974.
The Cars
Voltar depois de 22 anos não é um tarefa fácil. Nesse tempo o mundo da música mudou totalmente, da forma que se consome a que se produz e até a própria sonoridade em evidência. Imagine uma banda focada em new-wave que parou em 1988 e que resolve se reunir para lançar um disco novo. Pois este é o desafio do The Cars, que no dia 10 de maio lança seu novo álbum, Move Like This (veja capa ao lado), o primeiro disco depois de 24 anos. A formação é a original, com Ric Ocasek (vocal), Elliot Easton (guitarra), David Robinson (bateria) e Greg Hawkes (teclados), com exceção do baixista Benjamin Orr, que faleceu em 2000. A banda voltou de fato no ano passado, quando realizou alguns shows e começou a trabalhar em novas músicas. Além do novo disco, o grupo será uma das atrações do festival de Coachella, nos Estados Unidos. O The Cars lançou seis álbuns entre 1978 e 1988. Com o fim da banda, o guitarrista e vocalista Ric Ocasek se tornou um requisitado produtor, trabalhando com nomes como Bad Brains, Weezer, Hole, Bad Religion, Nada Surf e No Doubt, além de ter lançado bem suscedidos discos solo. Antes do disco, o The Cars já começou a soltar novas músicas, monstrando estar afiado, como essa abaixo, que já tem até clipe:
Big Audio Dynamite
Direto do túnel do tempo, quem também está de volta é o Big Audio Dynamite, grupo inglês liderado pelo ex-Clash Mick Jones, que experimentava uma sonoridade com elementos de rock, eletrônica e pop. Com sete discos nas costas e cheio de indas e vindas para shows esporádicos, o grupo está com nove apresentações agendadas entre março e abril no Reino Unido, finalizando com um show no Coachella Festival, dia 16 de abril, na Califórnia. O BAD volta com a formação clássica, que além de Jones , conta com Don Letts, Greg Roberts, Leo ‘E-Zee-Kill’ e Dan Donovan, e deve apresentar músicas novas nesses shows. O BAD se desfez oficialmente em 1990, tendo assumido outro nome em 1991, Big Audio Dynamite II, e apenas Big Audio, em 1994.
RPM
Bom, nem tudo são flores, nem todo mundo que volta tem o que dizer. E como dissemosi lá em cima, tem aqueles que voltam para ganhar uns trocados. Parace ser o caso do RPM, que fez bastante sucesso nos anos 80, mas hoje ninguém parece sentir falta. Essa volta é daquelas de dar medo, pois a promessa não é de apenas apresentações ao vivo para os mais saudosistas se lembrarem de “Olhar 43”, mas a banda promete (ou ameaça) lançar um disco de inéditas. Isso mesmo, Paulo Ricardo e cia se reuniram e estão gravando um novo disco do RPM. Essa volta terá toda a formação original do RPM: Paulo Ricardo (baixo e voz), Fernando Deluqui (guitarra), Paulo P.A. Pagni (bateria) e Luiz Schiavon (teclados). Esse retorno é mais um da banda, que teve o último em 1997 para uma turnê. Os shows desse ano já estão sendo oferecidos para produtores pelo país.