Com programação diversa, Festival Feira Noise vence adversidades e chega a sua 9ª edição com mais de 30 shows entre 22 e 24 de novembro.
O Festival Feira Noise, em Feira de Santana, quase não acontece em 2019. Sem patrocínio, com dificuldades, sem um local para os shows, por pouco a comemoração de dez anos deixa de ser realizada. Superados os desafios, no entanto, o festival conseguiu criar uma programação bastante interessante, cheia de novidades e também com atrações de peso, da Bahia e de outros estados. Entre os destaques estão nomes conhecidos como Francisco el Hombre, Larissa Luz, Vivendo do Ócio, Selvagens à Procura de Lei, Giovani Cidreira e Supercombo. Mas é também oportunidade de conhecer coisas bem novas entre os mais de 30 shows programados. O festival acontece de 22 a 24 de novembro, na Aria Hall.
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Já estava claro que 2019 seria um ano difícil no país, especialmente para quem trabalha com cultura. Imaginem numa cidade do interior no Nordeste. O Feira Noise sentiu o baque e, assim como aconteceu com o festival Suíça Baiana, em Vitória da Conquista, e o Festival de Inverno de Lençóis, por pouco não teve sua edição deste ano cancelada. “A gente começou 2019 pensando em não fazer o festival, não só pelas dificuldades enfrentadas em 2018, mas iniciava um ano que a gente já sabia que seria difícil pra cultura, como realmente tem sido”, explica o produtor do Noise, Joison Santos.
Para piorar o clima generalizado de paralisia, o festival estava sem local para acontecer. Isto porque o Centro de Cultura Amélio Amorim, onde aconteceu nos últimos anos, estava inviável. “O que mudou é que a mobilização que o público do festival vinha fazendo nas redes sociais, bem como diversos parceiros que se aproximaram do festival e foram se envolvendo e apresentando alternativas, foram nos contagiando e nos dando coragem para encarar a realização dessa edição”, conta Joison.
A partir de um diálogo com o Aria Hall, é uma das principais casas de show de Feira de Santa, as coisas tomaram outro rumo. “Eles abraçaram o festival e tem nos apoiado. Assim como as diversas pessoas e artistas que tem nos ajudado a construir essa edição. Sempre fomos um festival independente, colaborativo, e que envolve muita gente. É isso que é o mecanismo principal que viabiliza o evento, as pessoas que se dedicam junto conosco para que o Feira Noise aconteça”. Deu certo.
Programação:
Dia 22.11
Supercombo | Babi Jaques e Lasserre | Vandal | O Grilo | Isa Roth | Clube de Patifes | Gloria | A vez das Minas
Dia 23.11
Francisco el Hombre | Vivendo do Ócio | Àiyê | Barro | Black Pantera | Getúlio Abelha | Dingo Bells | Casapronta | Iorigun | Meus Amigos Estão Velhos | Tangolo Mangos | Calafrio | Rádio Livre | Sergio Magno
Dia 24.11
Larissa Luz | Selvagens à Procura de Lei | Zimbra | Colibri | Giovani Cidreira | A Cor | Roça Sound | Rádio Livre | Potyguara Bardo | Juli | Sofie Jell | Sons de Mercúrio
Cena local em destaque
Mais uma vez, a cena musical de Feira de Santana ganha destaque na programação, com a presença de veteranos e novos de estilos bem variados. Segundo Joilson, a edição de 10 anos do Feira Noise é uma grande celebração da música, da existência do festival, do cenário independente brasileiro e, principalmente, da produção de Feira de Santana. “É uma cena que não para de crescer e ver surgir novos trabalhos, novos artistas e que se qualifica e se fortalece cada vez mais”.
Ele tem toda razão. A começar pelo rock local, com nomes como Iorigun, Calafrio e Sofie Jell à frente, todos eles confirmados no evento. Mas tem muito mais, desde o blues da Clube de Patifes até as sonoridades jamaicanas do Roça Sound. Além do pop nordestino da Sons de Mercúrio, o rap do grupo feminino A Vez das Minas, o rock, folk e o blues do Casapronta. Tem ainda o reggae da banda A Cor, o coletivo de DJs Rádio Livre e as variações pop de Isa Roth, Sergio Magno e Juli.
Diversidade
Mesmo apostando na diversidade, o Feira Noise acaba fazendo o melhor apanhado da cena roqueira baiana atual. Se ainda não é tão conhecido, o novo rock baiano vem crescendo e a todo tempo mostrando novidades, tanto em nomes quanto em sonoridades dentro do próprio rock. É isso que aparece na programação do festival com bandas como Vivendo do Ócio, Iorigun, Meus Amigos Estão Velhos, Tangolo Mangos, Calafrio, Colibri e Sofie Jell.
A cena baiana, porém, está presente também com vários outros estilos. Nesta edição, fez falta o costumeiro apanhado de artistas de outras cidades do interior do estado no festival. Mas, além de todos os nomes de Feira, a capital aparece com uma diversidade que passa pelo rap de Vandal, o pop experimental de Giovani Cidreira e o afrofuturismo de Larissa Luz.
De fora do estado, destaque para alguns artistas nordestinos. Entre eles estão os pernambucanos Barro e Babi Jaques e Lasserre; Selvagens à Procura de Lei e Getúlio Abelha, do Ceará, e Potyguara Bardo, do Rio Grande do Norte. A programação tem ainda nomes nacionais de peso, em especial os paulistas da Francisco el Hombre. Tem ainda os mineiros da Black Pantera, os capixabas da Supercombo (ES) e os gaúchos da Dingo Bells. Além da Zimbra, de Santos, o projeto de experimentações sonoras Àiyê, de Larissa Conforto (ex-Ventre), o metalcore e post-hardcore da banda Gloria e a mistura de MPB, pop e rock do grupo O Grilo. Mesmo com todas as dificuldades, o Feira Noise conseguiu montar uma programação pouco óbvia e muito interessante. Agora é conferir de perto.