Vocalista Pedro Pondé anuncia saída da Scambo e deixa banda com futuro incerto.
“É só o fim uma banda, pelos motivos de sempre”. Foi assim que Graco Vieira, guitarrista da Scambo, falou sobre o possível término de uma das bandas mais bem sucedidas do cenário baiano nos últimos tempos. Em ação há mais de 20 anos, com alguns intervalos, a Scambo acaba de lançar seu mais novo disco, ‘Animal’, e vai realizar alguns shows antes de decidir se encerra ou não as atividades. Uma apresentação está marcada para o próximo dia 18, no Armazem Hall, abrindo para Nando Reis, além de três shows acústicos particulares previstos no financiamento coletivo promovido pelo grupo.
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O possível fim do grupo vem da decisão do vocalista Pedro Pondé de deixar a banda, anunciado de forma indireta pelo facebook e confirmado em entrevista ao el Cabong. “As relações se desgastaram. Com o tempo havia um distanciamento entre os componentes. O que pode parecer errado foi eu ter falado antes do comunicado oficial da banda, mas eles preferiram não comunicar. Eu que tive essa necessidade de falar por que não quis deixar em suspensão. Não vejo possibilidade de retorno. A minha vontade era sair antes do disco, eu já estava incomodado antes de gravar”, explicou Pondé.
Enquanto o vocalista explica seus motivos, Graco não quis se aprofundar muito na questão. Já o produtor Fernando Maia ainda não bate o martelo sobre o fim do grupo e diz que a decisão vai ser em conjunto. “Pedro decidiu sair do vocal, não foi uma decisão nossa. Precisa agora que o resto da banda se sente e decida. Estamos esperando a poeira assentar. Nós ainda não decidimos, vamos no reunir para definir o que vamos fazer”, explica Maia. Ele lembra que o fim da banda, precisa da opinião de cinco pessoas. “A princípio temos só a posição do vocalista. Tudo mais que está saindo é especulação”.
Segundo Pondé, todos da banda foram avisados há dois meses de sua decisão. “Não foi algo impulsivo. Foi tudo pensado com calma e tranquilidade. Não estava num lugar que estivesse me fazendo bem. Tomei a decisão, mas todos sabiam que não ia mais dar certo estar junto”, explica.
O provável fim da banda ocorre num de seus momentos de maior popularidade, após participação no programa Superstar, na Globo, e o aumento de shows fora dos circuitos que já frequentavam. Talvez passe por ai alguns dos motivos da insatisfação de Pondé com os rumos da banda. “Um programa de TV cria expectativas, mexe com a cabeça. Podem pensar que eu esteja saindo por vaidade, mas é o contrário. Quero menos atenção. O lado racional quando se impõe muito acaba prejudicando o artista, por que a gente funciona como um canal de expressão do sentimento. Não dá pra começar a agir como máquina. Trabalho com sentimento e respeito isso”.
Não é a primeira vez que Pondé sai da banda por estar insatisfeito com os rumos que ela toma. A última foi em 2006, quando ele deixou o grupo alegando forte pressão exercida por empresários e agentes e as constantes divergências com a banda. “Não vou me transformar no que não sou para ganhar dinheiro. Assim também como não canto em inglês porque não falo inglês”, disse ele na época numa entrevista ao jornal Correio*. Naquele período, Pondé permaneceu quase quatro anos afastado, seguindo a carreira em um outro grupo, O Círculo, onde ficou até 2009, e em projetos pessoais, voltando a Scambo apenas em 2012.
Carreira solo – Os fãs da Scambo vão poder continuar acompanhando a carreira de Pedro Pondé. Ele saiu da banda, mas vai continuar em carreira solo. “Sempre acreditei em grupo, em banda, mas no momento me vejo meio frustrado, o que posso fazer é seguir. Não é o que eu queria, mas vai ser assim”. Ele pretende continuar tocando suas músicas, outras que teve participação, além de novidades. “Já estou compondo músicas novas, mas não sei se penso em seguir como o mercado moldou, juntar músicas, gravar um CD… Não penso nisso agora. Talvez lance, mas no momento estou respirando e procurando me entender. Esse desligamento provoca um questionamento: quem sou eu e o que vou fazer. Estou meio atordoado, mas estou tranquilo. Independente do que acontecer foi a melhor decisão. Quero viver minha vida com menos estratégia, sei qual é a realidade, tem que ter os pés no chão.
Quanto ao futuro da Scambo segue em aberto, esperando os integrantes decidirem o que vão fazer.