Que tal conhecer os álbuns que foram fundamentais na vida e carreira de alguns de nossos artistas? É isso que vamos trazer com alguma frequência com a seção “10 álbuns que mudaram minha vida”. Para a primeira edição convidamos o cantor e compositor Teago Oliveira, conhecido pelo seu trabalho na Maglore e também por uma carreira solo mais recente. Ele fez um apanhado de discos marcantes, que incluem álbuns de ícones da música brasileira como Gilberto Gil, Gal Costa, João Gilberto e Jorge Ben, mas também de nomes da música pop mundial, como John Lennon e Nirvana, além de algumas surpresas. Confira os dez álbuns que mudaram a vida de Teago Oliveira.
O Descobrimento do Brasil – Legiao Urbana
“Foi meu primeiro contato lúcido com música. Cresci morando junto com meus tios, que eram apaixonados pela banda e a gente sentava no chão da sala pra ler o encarte desse disco quando ouvíamos.”
Nevermind – Nirvana
“Disco que mudou inteiramente minha vida quando tinha 12 anos. Sempre gostei de música e quando ouvi Nirvana pela primeira vez minha mente explodiu. Decidi ali mesmo que era aquilo que eu queria fazer pro resto da vida. Nirvana virou um espécie de parâmetro musical pra mim.”
Chega de Saudade – João Gilberto
“Eu cheguei nesse disco com 15 anos, por causa do Los Hermanos. Pra mim marcou muito porque eu, na época, debochava de bossa nova e MPB, achava algo inferior. Acabei ficando chocado pelo disco inteiro ser bom, pop, e fiquei instigado a aprender os “acordes de bossa”.
Grace – Jeff Buckley
“Talvez um dos discos que mais ouvi na vida. Estava saindo da fase grunge e indo pra MPB e esse disco me deu uma puxada de volta. Novamente surgiu a curiosidade de aprender aqueles acordes com afinações diferentes e me encantava muito a possibilidade de cantar em tons extremamente agudos e voltar pro grave.”
A Tábua de Esmeralda – Jorge Ben
“Eu considero esse o melhor disco do mundo, rs. Tudo é perfeito, os delays, os reverbs, as melodias, o misticismo, as letras. É a coisa mais conceitual que já vi na vida. E é simples como Nirvana, as músicas tem 3-4 acordes que se repetem. É o meu disco de cabeceira.”
Mind Games – John Lennon
“Esse disco também é uma aula de como ser sincero e passar isso pro papel sem nenhum pudor. Eu poderia citar o Let it Be ou o Abbey Road, aqui, porque Beatles é a banda mais fantástica na minha opinião, mas esse disco de John me marcou muito e me ensinou muito sobre a simbiose “sofrimento – inspiração” e as armadilhas que isso traz pra quem mexe com arte em geral.”
Gal Fatal A Todo Vapor – Gal Costa
“É Gal. É ao vivo, o som é precário em algumas faixas, ela não desafina, tem uma energia incrível, tem umas epifanias de espontaneidade da banda, é rock, bossa, vai da violência à doçura em segundos. Ouvi muito, tem muito aprendizado nesse disco, por mais que seja um “ao vivo” e por isso me marcou muito.”
Fate – Dr. Dog
“Esse foi o disco que mais mudou o meu som e, consequentemente, o da Maglore. Dr. Dog é uma banda super divertida, com ótimas canções e nesse disco eles chegaram num lugar interessantíssimo: voltaram no tempo e conseguiram levar uns elementos do “hoje em dia” (eu não aguento mais o termo “contemporâneo/ moderno”) e soam verdadeiramente como banda. Acabei me inspirando totalmente nesse disco pra fazer o “Vamos Pra Rua”, da Maglore.”
Mergulhar na Surpresa – Mauricio Pereira
“Esse foi o meu disco de chorar na estrada e da minha transição pra São Paulo. Um discaço. Simples e direto, só a canção na frente, sem muita firula, apenas a letra e a melodia. Um troço tão simples que acaba culminando numa sofisticação ímpar. Além de ser completamente retórico, todo músico se enxerga nesse disco. Marcou demais minha vida.”
Um Banda Um – Gilberto Gil
“Não dá pra deixar de citar esse disco apesar de que o Refavela também me marcou igualmente e até o considero mais importante. Mas, em termos de reflexão, esse disco acaba me marcando particularmente, porque me ajudou a sair de uma certa busca vazia e elitista por estética e me colocou de volta no trilho da canção, da palavra e da energia. Eu não sou muito chegado na sonoridade do disco em si, e o fato dele ter me ganhado só pela força da canção serviu demais pra eu acalmar sentimentos fúteis sobre a arte.”
“Infelizmente são apenas 10 discos, mas na verdade preciso fazer menção honrosa ao Dark Side Of The Moon , do Pink Floyd; Cinema Transcendental, de Caetano Veloso; The Rise and Fall of Ziggy Stardust, de David Bowie; Smokey Rolls Down The Thunder Canyon, de Devendra Banhart, O passo do Lui, do Paralamas e o Bloco Do Eu Sozinho, do Los Hermanos.”