Passados os primeiros meses do ano, ainda é tempo de adiantar os discos de artistas baianos que estão previstos para sair em 2018. O primeiro trimestre já começou com lançamentos significantes, especialmente o retorno da banda Maria Bacana, além de trabalhos de Igor Salify, Zuhri, entre outros. Nos meses que restam, teremos muitos outros discos confirmados, incluindo os novos de nomes como Edson Gomes, Larissa Luz, Ronei Jorge, Mateus Aleluia, IFÁ, ÀtooxxÁ e Josyara. É sempre bom lembrar que o número de lançamentos baianos em anos anteriores superou os 150 e a marca deve se repetir em 2018. Portanto, bom ficar atento para os diversos álbuns que devem chegar ao mercado no período.
Já são mais de 15 anos sem um disco de inéditas, o último foi Acorde, Levante, Lute, em 2001. Mas este ano, finalmente, Edson Gomes, considerado por muitos o maior reggaeman do Brasil, vai lançar (espera-se) um novo trabalho. O álbum está com repertório quase pronto, com o artista definindo as últimas músicas, para finalmente entrar no estúdio com a fiel banda Cão de Raça. A promessa é que saia este ano ainda.
Outro veterano nascido em Cachoeira com novidade é Mateus Aleluia, conhecido pelo trabalho com o grupo Os Tincoãs, e que havia lançado um primeiro disco solo em 2010. Ele solta Fogueira Doce, que já caiu na rede desde o ano passado, mas está saindo oficialmente em 2018. O álbum segue o mesmo caminho do anterior, mantendo a ancestralidade como foco e passando por temas como candomblé, filosofia e amor. Considerado por seu Mateus como um tratado sobre sua vivência em Luanda, capital de Angola, o álbum tem composições próprias e parceiras (com nomes como Carlinhos Brown e sua filha Fabiana Aleluia) fundadas no que chama de afro-barroco. Uma das faixas recupera uma cantiga gravada pelo grupo Os Tincoãs, em 1983.
Retornos de veteranos
Além do Maria Bacana, tem outra turma de veteranos do rock baiano voltando este ano com novos trabalhos. A banda Los Canos, que destacamos a volta aqui, deve lançar disco, com algumas sobras e várias músicas inéditas. Outra promessa de retorno é de Messias, vocalista da saudosa brincando de deus. Ele já entrou em estúdio e há alguns anos vem prometendo um álbum. O último foi o triplo Escrever-me, Envelhecer-me, Esquecer-me, que saiu em 2010.
Ronei Jorge também assumiu a carreira solo e este ano sai seu primeiro álbum, batizado como Entrevista. O álbum está gravado, com produção de Pedro Sá e participações de Moreno Veloso, Joana Queiroz e Luana Carvalho. São dez faixas novas, sendo que várias delas já são conhecidas do público que acompanha os shows de Ronei, como “Inferno”, “Parque de Diversões” e “Encabulando os Convidados”. O trabalho segue a linha que notabilizou Ronei, com um encontro de música brasileira com rock, agora contando com mais esmero nas harmonias e um coro feminino em evidência. O CD tem participação de Moreno Veloso, Joana Queiroz e Luana Carvalho. Marcio Mello e Pedro Pondé são outros dois cantores e compositores da velha guarda que estão preparando discos para os próximos meses. Luiz Caldas vai mostrar novidades, prosseguindo sua saga de lançar um álbum por mês.
Tem ainda a volta da banda Radiola, que, depois de um tempo parada, se enfiou num estúdio e finalmente deve soltar um álbum novo. Com produção de Tadeu Mascarenhas, o trabalho deve sair nos serviços de streaming e em vinil, com cerca de 10 músicas próprias. Entre os convidados, destaque para Letieres Leite que produziu uma das faixas, além de Normando Mendes (trompete), Hermógenes Araújo e Heverton Didoné (percussão). A Quarteto de Cinco volta à ativa com a formação original, com João Victor, Filipe Coelho, Sílvio Carvalho, Beto Calasans e Thiago Gomes. O grupo gravou o disco com músicas inéditas e em breve disponibiliza na internet.
A veterana The Honkers deve gravar álbum, mas deve ficar para 2019, assim como a Retrofoguetes, que estreia a nova formação com Julio Moreno (guitarra), Fábio Rocha (baixo), André T (teclados) e Rex (bateria). O grupo já soltou material inédito, o single “Telemetria”, dando indícios do que deve vir. A proposta é seguir o conceito do anterior, Enigmascope Vol. 1, lançado em 2016, com um volume 2 do trabalho, talvez com uma dose a mais de surf music. O repertório está pronto, e a banda deve começar a gravar nos próximos meses.
Bahia contemporânea
Entre os nomes que se destacaram mais recentemente, um dos que devem chamar atenção com novo disco é a cantora Larissa Luz, que vem do segundo, Território Conquistado, bastante elogiado. Ela prepara um álbum produzido por Rafa Dias (ÀtooxxÁ) e com direção artística de Emicida. O resultado deve manter a proposta de transpor instrumentos, batidas e percussões dos blocos afro e as claves do candomblé para o eletrônico, utilizando bases pesadas. O CD vai sair pela Natura, assim como o de outra cantora, Josyara. A juazeirense vai lançar seu segundo álbum no próximo semestre, trazendo de 11 a 13 composições, todas autorais, sendo uma em parceira com a cantora paraense Luê. Todo gravado em Salvador, com músicos locais, o álbum, produzido ao lado de Junix (BaianaSystem), mantém a sonoridade orgânica com o violão marcante de Josy na condução, mas dialogando com pitadas de eletrônica (como beats e baixo synth).
Quem já está com trabalho pronto é a cantora Nara Couto. Ela está lançando o EP Contipurânia, que reúne faixas de compositores como Mateus Aleluia e Batatinha. Além de presentes no EP, todas ganharão videoclipes. As cantoras Jadsa Castro, Lívia Nery, Virginia Luz, Bruna Barreto, Ana Barroso e Luiza Audaz (as duas últimas de Vitória da Conquista) vão soltar disco no decorrer de 2018. Jadsa deve começar com singles nas próximas semanas. Lívia está produzindo em São Paulo.
Bandas, grupos e projetos
Quem está com EP engatado é o Duo B.A.V.I. (Berimbau Aparelhado Violão Inventável), que faz uma música semi-instrumental com berimbau, violão e vozes. A dupla, formada por Anderson Petti e João Almy, lança em julho Que Onda é essa? com cinco faixas. Com participação de Anderson Cunha e Camila Jatobá nos vocais, Nielton Marinho na percussão e Celso Teixeira na bateria, o trabalho tem produção e arranjos da própria dupla, com exceção de uma faixa produzida por Ênio Nogueira.
Depois de estourar com “Popa da Bunda”, o ÀttoxxÁ prepara a segunda parte da trilogia que apresenta os integrantes que passaram a fazer parte da banda ao lado de Rafa Dias. O primeiro, BLVCKBVNG, foi focado nas produções e na voz de Oz. Esse próximo, batizado como LUVBOX, traz à tona Raoni e suas composições. Serão 12 faixas focadas no formato canção e com participação de nomes como Rincon Sapiência e Supremo. O disco deve sair em julho ou agosto, mas antes deve pintar um videoclipe com uma das faixas.
A Funfun DúDú vai soltar seu primeiro EP no segundo semestre, contando com oito faixas autorais. A Toco e Me Voy vem com novo material. A Tabuleiro Musiquim já está com quase tudo engatilhado para o segundo CD, que vai se chamar Mano. Serão 10 músicas, com nove composições de Silvio Carvalho, líder, vocalista, compositor e também produtor do álbum, além de uma de Giovani Cidreira. O projeto de Graco Vieira (Bailinho de Quinta e Scambo), inicialmente batizado como Ba_Co, mas que deve mudar de nome, está na parte final de produção do EP, que deve lançar no final de maio com 7 músicas autorais.
Uma boa surpresa é o disco do Bando Ijexá de Tito Bahiense, formado por figurinhas carimbadas da música local, como Jelber Oliveira, Kainã do Jeje, Miltinho e Eduane Rudhá, além do próprio Tito. O trabalho é autoral, focado em músicas de Tito, que devem seguir o caminho da MPB, com presença de atabaques e instrumentos africanos dando um caráter afro baiano.
A Suinga está com o disco quase totalmente gravado, faltando entrar no estúdio para finalizar alguns detalhes. O novo álbum, porém, pode ficar apenas para 2019, já que a ideia é lançar alguns clipes antes. O CD, produzido pela própria banda e por Israel Lima e gravado no estúdio do Ilê Aiyê, traz músicas autorias que remetem ao início do grupo, com aquele clima carnaval baiano dos anos 80. Para isso, o vocalista, líder e principal compositor do grupo, Diego Fox, retomou a parceria com Marceleza Castilho e Dinho Castilho, remontando o trio fundador do grupo, sem negar a pegada da formação atual.
Para quem anda sentindo falta de novidades da IFÁ, a banda promete material, contando primeiro com um single, em compacto 7″ pelo selo Microgroove, clipes, além do disco cheio, que está sendo gestado e talvez saia ainda este ano. Depois de um EP e CD focados no afrobeat e em sonoridades de vários lugares do mundo, o grupo decidiu partir para um mergulho interno focando nos ritmos de Salvador. Para isso, a banda vem realizando uma pesquisa com os blocos afro e afoxés, preparando uma homenagem a instituições como Ilê Aiyê, Olodum, Filhos de Gandhy e Badauê.
Em paralelo, o guitarrista e um dos cabeças da banda, Átila Santtana, vem soltando alguns de seus projetos solo que dialogam com a proposta de mergulho da IFÁ nas sonoridades baianas. Mesclando saxofone, percussão, guitarra e samples, ele já lançou uma música do projeto Transafoxé, que mantém com o saxofonista e arranjador Vinicius Freitas e que conta com colaboração de Gabi Guedes (ouça abaixo). Com outras três faixas prontas, o Transafoxé vai lançar um EP totalmente baseado nas claves do Ijexá, promovendo o encontro do afoxé com o sound system e com samples das filarmônicas no interior da Bahia. Em outro projeto, Átila mistura beats digitais e guitarras, com o músico cantando temas dos blocos afros.
Outro integrante da IFÁ, Jorge Dubman, vai apresentar mais um disco de seu projeto Dr. Drumah. Entre maio e junho sai Creation & Foundation, no qual ele tenta mostrar a influência da música jamaicana no Rap. Com 15 faixas, o álbum sairá em fita K-7 e será disponibilizado em formato digital pelo selo 77 Rise Recordings da Califórnia.
Alguns outros músicos de Salvador também estão desenvolvendo projetos solos. Caso do cantor, instrumentista e compositor Dimazz, que está em fase final de seu novo disco. Com 12 faixas, o CD vai ser focado em ritmos baianos e numa temática que fala de fé. Outro é o cantor e compositor Danilo Fonseca, que prepara sua estreia, batizada como Crescente, com canções próprias e algumas parceiras produzidas por Sebastian Notini e com auxílio de Felipe Guedes.
Dois dos integrantes do grupo Pirombeira, Ian Cardoso e João Mendes vão lançar trabalhos individuais. Ian vai apresentar um EP com cinco músicas, sendo uma instrumental, uma vinheta e três cantadas. Com produção do próprio músico, em parceria com Tadeu Mascarenhas, o disco ganhará um produto audiovisual conjunto. João preferiu apresentar músicas avulsas e videoclipes. Em maio sai com a primeira das canções, sempre buscando uma linguagem própria para o violão de chula, herança do pai, Roberto Mendes. A ideia é usar frases características da chula em gêneros diversos.
Um ex-integrante do Pirombeira e atualmente no trio Matita Perê, Rafael Galeffi, está preparando um álbum para o primeiro semestre deste ano. Batizado como A Casa do Sol Poente, o trabalho será instrumental, com apenas uma canção, e foco no violão eminentemente brasileiro do instrumentista. Um primeiro single, “Tapurimã”, foi lançado em fevereiro e serve como um bom aperitivo para o que vem por ai.
Do interior do estado, devem sair várias novidades que merecem atenção. De Conquista, Marcos Marinho (ex-Caim) deve vir com um EP e Balaio, que soltou um clipe no começo do ano, deve lançar trabalho. De Ipiaú, o Bando do Mar, grupo que acompanha Ayam Ubráis Barco sai com seu primeiro EP, em maio. O próprio Ayam deve apresentar, até o fim do ano, o último disco da trilogia que vem produzindo desde ¡Partir O Mar Em Banda!, de 2013. Também de Ipiaú, teremos o álbum do cantador popular Bico, que já está em processo de finalização.
De Ilhéus, o grupo Mulheres em Domínio Público vai soltar um EP fazendo releituras de cantigas tradicionais cantadas por lavadeiras, marisqueiras e trabalhadores das roças do sul da Bahia. De Valença, Rafique Nasser, que apresentou um belo EP em 2017, pretende mostrar material novo. Da pequena Matarandiba, situada na Baía de Todos os Santos e com uma população de apenas 700 habitantes, o Samba de Roda Voa Voa Maria prepara CD e DVD. Igor Gnomo, de Paulo Afonso, também apresenta o EP Afrontar focado em composições seis instrumentais inéditas que passeiam entre o Jazz/ Rock em simbiose com elementos da rítmica africana.
Hip hop e reggae
Do universo do rap, sem dúvida devem sair muitos lançamentos. Alguns deles já despontaram nos primeiros meses do ano, como os de Hiran e da banda Zuhri (leia mais aqui). Entre os mais aguardados, estão os novos do rapper Vandal e do grupo Opanijé. Vandal disponibilizou três músicas no comecinho de janeiro, como uma prévia de seu segundo disco. Batizado como Vanguarda, o trabalho deve trazer o artista carregando as tintas no discurso em meio a batidas eletrônicas e a uma sonoridade trafegando entre trap e grime.
O Opanijé está gravando algumas faixas novas e vai soltar um EP com 7 ou 8 músicas, incluindo antigas que não entraram no primeiro do grupo. A primeira faixa, “Eles Podem Tentar”, está pronta, com beat de Jorge Dubman e produção de Átila Santtana (ambos da IFÁ). Em breve cai na rede.
No universo do reggae, além de Edson Gomes, outros nomes estão com discos programados para este ano. A banda Mondaze acaba de lançar o EP Onde Tudo Começou e a argentina/baiana Pali, o seu Original Jamaican Covers. Renata Bastos está em estúdio preparando seu primeiro álbum. Quem está com um prontinho para sair é a banda Cativeiro. Nos próximos dias a banda disponibiliza Expressão e Liberdade nos serviços de streaming.
Prince Áddamo prepara o seu segundo disco, composto por músicas autorais e recheado de convidados (Edson Gomes disse que topa). Assim como a banda Ativos Resistentes, que está gravando CD com produção de André T. Zabah Bush, ex-vocalista da Semente da Paz, soltou o primeiro single do trabalho de estreia, programado para ser lançado dia 7 de maio. São 10 faixas autorais e uma, “Coragem”, em parceria com Pedro Pondé, que também participa cantando na música.
Rock baiano
Além dos veteranos já citados, o rock baiano continua com um cenário repleto de bandas novas. Do interior do estado devem chamar atenção os discos das bandas de Vitória da Conquista, Dona Iracema, Dost e Taro, além da Hotel Mambembe. De Feira de Santana, o Comida de Foguete vai apresentar o primeiro álbum nas próximas semanas, enquanto a banda de metal Martyrdom traz seu álbum de estreia em junho. A Bad Maria, de Itabuna, sai com trabalho em maio, assim como a Pecados Capitais, de Coaraci.
Entre os lançamentos da capital, teremos discos de bandas e artistas como Professor Doidão & Os Aloprados, Soft Porn, Aurata, Os Informais, Bagum, Os Tios, Murilo Sá e Du Txai (guitarrista da Cascadura). A banda Muddy Town deve mostrar um novo EP com 5 canções autorais, uma delas tirada de um poema de Álvares de Azevedo, além de uma faixa bônus com o músico George Christian. Irmão Carlos deve sair com um acústico até o fim do ano. A Cartel Strip Club soltou o single “Ode À Tara” como prévia de seu primeiro álbum que sai nos próximos meses, com produção de Irmão Carlos. Pelo visto, mais uma vez, teremos muitos discos para conferir até o final do ano. Acompanhem as novidades por aqui.