O pop dá a volta por cima


Já percebeu como existe uma nova música pop dando as cartas no mundo de hoje? Gravadoras perdidas? Internet? Livre possibilidade de criação? Novos produtores? Escolha uma ou reúna as opções. O fato é que a música pop mundial vive um momento fértil. Tudo bem. Não é tudo. Esqueça as armações que infestam as rádios. Os exemplos positivos é que vão contar agora e serão lembrados no futuro. O disco de estréia da inglesa de apenas 21 anos, Lilly Allen, é um bom exemplo. Classificam sua música como pop-rock, mas tem isso e tem também rap, reggae e outras coisas que ao se ouvir se percebe. Bom humor, climinha de festa, letras bem sacadas e um dos bons discos do ano. Música pop para tocar na rádio sem parar e agradar desde a dona de casa e sua secretária até a filha e o filho saindo para curtir a noite. É por ai também o som dos nova-iorquinos do Scissor Sisters. Pop sem vergonha e dos bons. Aqui com outras referências – tecladinhos, pista disco dos anos 70, um clima andrógino e certeza de sucesso na pista. Quer mais? O que é o Black Eyed Peas e sua musa Fergie senão uma reunião de referências bacanas a base de uma produção caprichada e bem sacada e a seção rítmica criativa do rap? Você leu bases, produção e rap. Deveria se remeter diretamente a Danger Mouse (foto). Foi ele quem recriou o “Álbum Branco” dos Beatles à base de rap (não ouviu ainda?). Foi ele também quem produziu o segundo disco do Gorillaz, outra faceta desse novo pop de qualidade que ronda por ai. Mouse trabalhou ainda com outros nomes até se juntar a Cee-lo e criar o Gnarls Barkley. Outra mistura de referências diversas para resultar num rap-soul-pop-underground de primeiríssima.

Molho à base de rap
Muito dessa nova música pop é guiado por gente que saiu do ambiente do hip hop e da eletrônica. Além de Mouse, entre outros, se destacam Mirwais [que já produziu Madonna], James Murphy [LCD Soundsystem], Will.i.am [do Black Eyed Peas, que virou parceiro de Sérgio Mendes e pode produzir Michael Jackson] e Timbaland [que botou tempero em trabalhos de gente como Justin Timberlake e Nelly Furtado]. Mais produtores do que músicos, eles têm gerado essa nova música pop, que está voltando ao patamar de tempos atrás. Produções caprichadas, arranjos criativos, bom uso de batidas e efeitos eletrônicos, melodias grudentas sem ser irritantes, grooves e assimilação de diversas sonoridades, sem importar estilos ou a pose. Eles, ao lado Beck, Basement Jaxx, 2 Many Djs, Rapture e tantos outros, comprovam que as fronteiras entre gêneros vão se quebrando e vão dando um novo rumo ao pop.

Sem limites
O bacana de tudo isso é que, como não se criam mais modas tão facilmente quanto antes, também não é preciso mais dizer que para algo estar em evidência, algo tem que deixar de ter relevância. Se o rap e pop estão em grande fase, ninguém precisa dizer que o rock acabou ou que a eletrônica passou. Há novidades espalhadas em todos os nichos. Está tudo livre e sem fronteiras, um universo alimentando o outro e todos convivendo entre si. Bom para a música.

Para lembrar
Nos anos 80 a música Pop como gênero dominou o mundo com músicas calculadas para o sucesso, cheias de refrões, muita produção e forte trabalho na imagem dos artistas. Os baluartes na época eram Michael Jackson e Madonna. Anos depois, a sujeira do grunge varreu aqueles sons bem comportados e limpinhos e que já não viviam seu auge criativo [vareu mais ainda a onda rock farofa que assolava o mundo]. Rock vai, eletrônica vem, o mundo assistiu alternâncias de estilos dominando as paradas. Michael perdeu o trono, Madonna continuou soltando bons hits, mas com menos freqüência e a música Pop deixou de ser relevante como um gênero e virou sinônimo de música feita apenas com preocupação comercial e sem nenhum cuidado criativo [como quase tudo na indústria]. Após as misturas de ritmos e estilos nos anos 90, os anos 00 já estão sendo marcados pelo aprofundamento dessa mistura de ritmos e fim das fronteiras sonoras. Mash-ups misturam o nome mais pop que você conseguir imaginar com aquela banda de rock tradicional e careta. Beatles e rap convivem numa mesma faixa, assim como reggae e Radiohead.

Beatles re-produzidos
Quem tem menos de 36 anos nunca presenciou o lançamento de um novo disco dos Beatles. É mais ou menos isso que está acontecendo com o lançamento de “Love”, feito para o Cirque du Soleil. O álbum não traz músicas inéditas do quarteto, mas reúne, sob a produção de George Martin, várias canções retrabalhadas, misturadas e algumas produzidas com o conceito dos mash-ups [idéia saída do rap com trechos e bases de músicas diferentes juntas numa mesma faixa].

O que vem por ai
Não só os Beatles se “aproveitam” desse momento movido a tecnologia e misturas. O velho Michael Jackson espera voltar aos bons tempos e retomar o trono deixando a produção de seu próximo disco nas mão de Will.i.am, que pelo que anda falando em entrevistas quer abalar as estruturas do mundo pop com o trabalho. O disco já está sendo gravado. Antes de soltar o álbum, Jackson volta às lojas na caixa “Visionary – The Video Singles”, que inclui 20 singles e seus respectivos clipes em formato dual disc. Já Madonna nunca enfrentou grandes problemas como Michael. A ainda rainha do pop continua mostrando que está em cima. O álbum “confessions on a Dance Floor”, lançado no ano passado, liderou a parada de mais vendidos em 40 países, ajudando a cantora a bater outra marca, a de recordista em arrecadação de uma artista feminina em shows. A turnê da cantora faturou US$ 193 milhões em 60 shows vistos por mais de um milhão de pessoas, superando a recordista anterior, a cantora Cher. Madonna, porém, não quer perder o trono [até porque as jovens concorrentes vem mostrando que não têm tanto fôlego] e já engata um próximo trabalho se cercando de gente boa. Ela já convocou Agnetha Galtskog e Frida Lyngstad, a parte feminina do quarteto sueco Abba, para contribuirem na produção do novo álbum. Quem também vem com novidades é o renomado produtor Timbaland. Ele, que já trabalhou com nomes como Justin Timberlake, Missy Elliot, Snoop Dogg e Jay-Z, está produzindo um álbum solo. Depois de ser responsável por sucessos de tanta gente, não era de se estranhar que ele recebesse o apoio de estrelas da música pop. Seu disco, batizado de “Timbaland presents Shock Value”, terá uma série de ilustres convidados, entre eles Dr.Dre, Bjork, 50 Cent, os grupos The Hives e Fall out Boy, Nelly Furtado, Elton John, Jay-z e Justin Timberlake.

  1. Não não. Não acho que seja hype vazio
    Vendeu porque o povo foi gostando, tanto que surgiu do nada na internet
    isso não quer dizer que é bom nem ruim. E mesmo se fosse hype, isso não tem a ver com qualidade. Ser hype ou não não melhora ou piora nada.
    O que façei q é massa é essa questão do gotso.

  2. Baixei o Love. Não me soou caça-niquel não. Não é apelativo, poderia ser se fosse só pra os principais hits, mas não é um trabalho interessante. Admito que tenho que ouvir com mais calma.

  3. “Bom humor, climinha de festa”; “uma reunião de referências bacanas a base de uma produção caprichada e bem sacada e a seção rítmica criativa do rap”; “Música pop para tocar na rádio sem parar e agradar desde a dona de casa e sua secretária até a filha e o filho saindo para curtir a noite.”
    Isso tudo não seria a formula repetitiva de um monte de merda que temos hoje?

    Fico com a opinião de Júlio Medáglia: “Todo este rap, forma de expressão líder do hip hop, é uma música anti-africana, baseada em modelos que vieram da periferia de Los Angeles, com aquele tipo de protesto de natureza racial dos EUA e que foi trazido para um contexto. O negro brasileiro está abandonando sua sofisticadíssima cultura de origem africana para fazer uma música grosseira, primária, que qualquer débil mental pode fazer e, por esta razão, todo mundo faz.”

  4. Bom, se sua referencia é Julio Medaglia acho que está no universo errado de leitura, mas tudo bem. Acho que o Rap tem muita merd, mas tem muita coisa boa. Aliás, queria saber de um gênero que não é assim. Até o axé teve coisa boa. Eu acho assim, se a pessoa não gosta de determinado gênero, não ouve, mas não faa sobre lee, ou pelo menos tenta ouvir sosn diferentes dentro dele pra dizer algo. Se basear pela produção rasteira de rádio e tv é o mesmo que dizer que Caetano só tem “Leãozinho”, que tom Zé é só um velho doido, que rock hoje é só Capital Inicial, Charlie Brown e afins. Ai eu fico me perguntando até onde vai a ignorância, aquela de ignorar as coisas. Porque reclamamos do universo do axé, mas isso está em todos os meios.

  5. Eu concordo com você, mas não é qualquer estilo, segmento, moda ou sei lá o que, que tem, por regra, algo que preste. No caso do axé, alguns precursores que não faziam axé têm qualidade sim. No caso dos Emos, acho tudo de gosto questionável (gosto se discute sim!)
    Citei Medaglia com muita coerência, já que ele falou de um estilo citado no texto. Mais ainda por ser, apesar de erudito, extremamente avançado e lúcido em relação a um universo musical muito amplo.
    Como você bem disse, “Muito dessa nova música pop é guiado por gente que saiu do ambiente do hip hop e da eletrônica”.
    Considero esse hip hop americano o que há de mais pobre na música deles, que são, musicalmente falando, extremamente inferiores aos brasileiros, e também invejosos. Na eletrônica ainda pode-se encontrar qualidade, embora eu não goste e não entenda muito. É um excesso de mesmice que me incomoda, assim como está acontecendo no rock. Todas essas bandas “legais” citadas ai não fazem mais do que repetir o que já foi feito. Digo isso porque sempre quando escuto algo novo, me remete a algo antigo. Racounteurs (é assim que se escreve?), por exemplo, não é ruim, eu achei uma boa banda, mas me incomoda o fato de ser chupado de coisas como Zeppelim, sendo que as guitarras incompetentes não se comparam com Page. Isso eles não conseguem imitar. Aliás, isso eles nem TENTAM imitar. Alguém cita ai um grande guitarrista dessas novas bandas de rock, pop, ou sei lá o que? Tem uma bandinha da Inglaterra ai que dizem ser como Black Sabbath… deus, quem fala isso não deve saber quem foi Tommy Iommi. Miwky usou a expressão acima “hype vazio”, a maioria das coisas que vocês citam aqui são tudo “hype vazio”, como Strokes, Vanguart… devem pensar que eu sou fundamentalista, mas eu gosto de música pop, só que essa música pop que tem ai que você afirma que está dando a volta por cima, para mim deveria ser destruída.

  6. Mas eu não entendo esse clima de dizer que tudo é cópia. Vamos lá, quais as bandas completamente originais da história? Tudo nos anos 60, 70 era inovador? Ou uma pegava uns elemntos, adicinava outros… e assim caminha a música pop? O que eram os Beatles no começo da carreira? Porque sempr etem que ser original? Porque alguém capaz de fazer boas melodias e canções pop ou rock ou sei la o que deve ser desconsiderado? Acho que uns movem a coisa pra sair do lugar, outros procuram refinar o que já existe. Da mistura sai o caldo e seguimos em frente. Essa angústia de exigir o novo de sempre me soa já passado, não precisa disso o tempo inteiro. A música bacana do dia dia tem seu espaço. Claro que é sabe diferenciar o joio do trigo. Mas nem tudo é igual. Isso que acho que o pop tá fazendo, as batidas dançantes, o ritmo gostoso, as letras bacanas, as canções grudentas, só que bem feitas, com cuidado na produção e feitas de forma espontânea, não calculadas….

  7. tem outra coisa também. o rock já é cinquentão, vamos convir que era bem mais fácil ser inovador no genero nos anos 60 do que agora. Nunca, never, jamais, desmerecendo os maiores de todos (beatles), é claro.

  8. Pois é. Esse pensamento de ter que ser original, se fosse levado em consideração, faria 99,99% dos artistas desistirem. Mas não é por ai, uns tem essa função e capacidade. Massa é criar, é mexer, misturar, fazer o que sabe bem…

  9. “Música pop para tocar na rádio sem parar e agradar desde a dona de casa e sua secretária até a filha e o filho saindo para curtir a noite.”

    vixe mainha tá bom pra vc? francamente. tamo precisando rápido de um outro levante como o de 76 pra empurrar essa mediocridade pra irrelevância de novo. guilhotina pra luciano *hype* matos! aliás *hype* vem de hyperbole. sacaram?

  10. Calma ai. Eu não disse que tudo era cópia. Você perguntou quais as bandas originais, tem muitas, e eu imagino que você bem sabe. Não se trata de uma angustia em busca do novo. O que eu quero dizer é que há uma certa desmotivação que leva músicos a optarem pelo caminho mais fácil. Mutantes não começou tendo o Beatles como referência? Claro que sim! E na minha opinião foram melhores que os próprios Beatles. Raul Seixas o mesmo. Acabou fazendo uma música muito mais rica do que suas primeiras referências norte americanas. Existe sim uma desmotivação nesse âmbito pop marcado pela despretensão e pela repetição massiva. Não se trata de ter que ser original. Sempre uso como exemplo o Nirvana, uma das maiores bandas pop que tivemos. Era original? Em alguns aspectos sim, em muitos outros não. Mas o que sobressai no caso deles é que a sua música era o elemento mais importante, ao invés de roupas e cabelos. Virou moda? Sim, mas isso não quer dizer que o “figurino” era tão importante naquele contexto como agora é. Você não pode conceber bandas como King of Lions ou Strokes sem que eles se vistam de museu. Mas cadê, no caso deles, a competência musical de suas referências? Nem The Darkness consegue ter um guitarrista foda como o Van Halem teve.
    Não! Não é obrigado a copiar! Mas acho que, ou melhor, acredito muito que existe um certo motivo nesse mundo maluco em que vivemos que faz bandas como Mutantes, Joy Division, Sonic Youth, Doors, Hendrix, etc etc etc… terem existido por esse tal motivo (podem chamar de romantismo se quiserem. Eu chamo de empatia, vontade, paixão…).
    O que acontece agora na música pop é uma desmotivação, uma repetição exaustiva do que já foi feito, uma apatia causada pela falta de referências, de motivos para se fazer música. Não é obrigação de ser moderno. No Brasil, um dia, tivemos uma música voltada para o consumo de altíssima qualidade. A bossa nova e o tropicalismo eram refinadas sem perder o caráter popular. O que temos hoje em se tratando de música pop? Tem coisas boas? Claro que sim! Mas o que sobressai é uma música desmotivada, repetitiva e que qualquer um faz. Está na moda copiar como nunca esteve. Não é obrigado ser original, claro. Mas é muita descaração o que temos a nosso alcance.
    Quanto a idade atribuída, de rock cinqüentão, isso para mim é burrice. Música não tem idade. Black Sabbath, Beatles e Doors, para citar exemplos que foram bem consumidos, seus discos continuam atuais. O que dizer de Mutantes? Música velha pra mim é música ruim. Mas é isso. Se a única banda verdadeiramente original foram os Smiths, então eu tô fudido. Até porque eu já disse que não acho que deva existir essa obrigação de ser original. Mas isso não exclui a necessidade que a música, nós e o mundo temos SIM por artistas que ousem fazer algo diferente. Pensar que não, é se considerar uma ameba. Tem coisas muito original por ai sendo feito, bom ou ruim, goste ou não, isso é fato e Smiths não foram os últimos. Agora… tem que procurar pois o que está em evidência é uma repetição do que já foi feito. Ninguém ainda me respondeu sobre o guitarrista que eu perguntei acima. Só não vale dizer Paulinho Oliveira.
    Acho que só de falar sobre isso já está sendo muito agradável.

  11. Velho, eu concordo com você e pela primeira vez senti seu discurso sem preconceito. O qu eacho é que existem bandas quenão vão fazer o papel histórico do Nirvana, do Joy Division, do Smiths. Tembandas que não tem grandes papéis na história, no sentido de mudar, dar novos rumos, mas elas fazem boa música, trazem qualidade (sim, isso é subjetivo e discutível). Mas eu fico pensando em bandas que eram desprezadas qnd surgiram. Mutantes não tinha ess evalor como tem hoje. O Ramones não enchia estádios. Com o tempo elas começam a ter seu valor. Acho que o Strokes já fez seu papel, tem feito garotos montarem banda. E sim, eles tem boas canções. E não, eles não vão mudar o rock, mas foram responsáveis pra o rock votlar a fica em evidência e mostrar que esse papo de morte de gênero é bobagem, coisa d meus colegas jornalistas (eu mesmo prego o fim do axé, mas no sentido que nao vai ser nunca mais o que era).
    Essa nossa discussão é bacana, agora sim, dá animo. Acho só que sua exigência como músico, quem toca é diferente da minha, como público. O que você vê como desmotivação outros não vêem. Essa visão do rap eu acho tola. Tm besteiras? tem pobreza? Sim, tem. Como o rock já foi acusado de ter também. O que seria do Beastie Boys sem o rap, por exemplo? E de Mike Patton no Faith no More? Então é buscar, eu não dou a míinima para o que está em evidência na mídia, ela não importa. Se aparecem coisas bacanas nela, ótimo, melhor. Mas se prender a ela é aceitar que os melhores são os que pagam.

  12. Hellraizer, você trabalha em que? Porque pegar um trecho e interpretar como quer é muito fácil.
    “Vixe mainha” não temvários outros quesitos que destaquei no texto, como produção criativa, referências diversas, letras bem sacadas etc… Não basta ser o que você disse, isso é facil, o que ressaltei foi como fazer pop bem feito e poder atingir público diversos, coisa que cabe em sei lá… Beatles no início da carreira.
    Abra a cabeça, esse seu tempo já passou

  13. Mas é isso. Beastie Boys transcende o rap. Não se prende a um estilo, não são repetitivos. Eu tenho um disco deles fantástico só de música instrumental, bem fusion, com pouquíssimos elementos de rap.
    Mas Mike Patton é um caso a parte. Esse ai é um infiel. Não transcende, trai. É um traidor da melhor categoria. Angel Dust que o diga. Mas também é um exemplo para quem acha que The Smiths foi a ultima coisa realmente original. Pepping Tom, novo projeto do Patton, é pop até o talo, assim como Lovage. Podem até não gostar, mas é um sopro de vida num contexto pobre. E é diferente pra caralho. Mas ainda sim é pop!
    Patton é uma espécie de “infiel” Luciano, e por isso muita gente deve desejar a guilhotina pra ele. Quem nem o hellraiser desejou pra você. Isso é motivo para risos, ou indiferença. Eu achei engraçado ele escrever uma bobagem inofensiva como essa. Você deve achar que eu não gosto de você. Mas se não gostasse não lia o que você escreve, assim como evito ler Mainardi. Acredito no bom senso, no debate e, apesar de achar que gosto se discute, eu não tenho princípios fundamentalistas. Só tem duas pessoas que eu desejo mal nesse mundo. Deus e o Diabo.

  14. Eu entendo sua posição, Eduardo. Eu só acho que você, as vezes, cobra algo para todos que só alguns tem. Eu cobro qualidade, um certo nível de qualidade. Claro, que segundo meus conceitos, o que já é bastante subjetivo, mas música pop no fundo é discussão de gostos. Tem um teórico que definiu que é isso mesmo, não tem pra onde fugir. Concordo que Beastie Boys transcendeu. Mas é ai que entra meu ponto. Alguém cria, outros tentam fazr algo com aquilo, seja procurando a canção perfeita, seja repetindo o formato, mas inserindo criatividade ou novos elementos. Para se criar em cima de algo, aquela coisa teve que ser criada e passado por vários outros nomes trabalhando em cima daquilo. Música não é algo estanque, então é tudo processo e os que você acha mero repetidores tem sua função. Não acho que absolutamente TUDO tem muito valor, depende de muitos fatores. Mas esse novo rock do período do Strokes tem sim sua importância, muito dela vamos observar com o tempo. Conheço gente que acha que o rock parou nos anos 70, não considera válido nem o punk, por exemplo. Eu respeito, mas discordo. E Cebola, depois do Smiths, já tivemos gente como Radiohead, Chico Science…
    A discussão tá bacana, mas podia ser um diálogo mais amplo.

  15. Quanto ao hype, sinceramente, não sei se é uma boa idéia que as coisas boas daqui sejam “hype”. Ter mais gente consumindo não é solução. Ter visibilidade sim, mas dai a ser um “hype”… foi isso que determinou que o que aconteceu em Seattle se desgastasse. Assim como o punk, o Mangue Beat, e por ai vai.

  16. Mas o que é hype? O que não é? Isso tem várias leituras. Eu não gosto de nada passageiro assim. Mas se algo é taxado como hype e for legal, não me importo que esteja na moda.

  17. ok luciano, talvez, definitivamente.

    Ave, César, e perdoai minha burrice, tentarei estudar mais na próxima encarnação que nesta já fudeu tudo.

  18. Mandou muito bem, Luciano! Chega de guetos! O pop atual realmente está bem interessante e divertido! Pena que nossa geração já tá tratando Smiths e Nirvana como a geração dos “enta” trata Black Sabbath e Led Zeppelin. :-/

  19. Também não me importo Luciano, muita coisa considerada hype é interessante, independente de ser ou não a bola da vez. Mas quando disse que não acho uma boa idéia, não se trata se ser passageiro. Tem muitas bandas com um perfil pop que nunca foram hype, nunca foram a bola da vez e se sempre fizeram o seu trabalho com público e tudo o mais.

  20. hellraiser é da galera do death metal, aposto! guilhotina e as porra! a coisa tá ficando feia! deus é pai!
    outra coisa: se ele fala de vixe mainha, é pq a carapuça serviu.

    só pra me meter (como sempre faço), tbm acho esse lance da originalidade uma faca de dois gumes. pra mim não TEM QUE SER ORIGINAL. se for, ótimo. e se for original e ótimo ao mesmo tempo, porra, sensacional. viro fã e as porra. mas do que adianta ser original sem um algo a mais? vou citar Tom Zé, uma cara super original, mas que eu acho um tremendo de um cuzão, chato como a desgraça. não aguento nem ver a imagem dele. antes que atirem pedras, é só minha opinião. ele é realmente original, mas acho a originalidade dele um porre sem tamanho. ao contrário dos citados acima como radiohead e smiths, que acho super original e muito criativo, muito interessante, babo no trabalho deles. mas tbm gosto de coisas não-originais como oasis, blur, strokes… não me faz gostar mais ou menos de uma coisa q seja ou não original. acho interessante que as pessoas busquem seu próprio som de forma original e criativa, mas caso não seja, vamos avaliar… sendo boa música, ótimo, passa. isso é questão de ponto de vista.

  21. É esse o ponto Ted. Quanto a Tom Zé gosto muito do trabalho dele, acho que o que estão fazendo com ele e ele está se deixando levar é criar a figura do maluco beleza. Aquele carinha veterano meio doido que age como adolescente. Ele é muito, mas muito mais do que isso. Tá se tornando meio que um Juca Chaves, ou Dercy Gonçalves, aquele carinha das antigas que faz rir. É triste, porque ele é foda, um dos montros da música brasileira. Tenhoq uease tudo dele e tem preciosidades. É original, sim, mas é foda também, muita coisa sensacional. Se desprenda de preconceitos e ouça as coisas mais velhas. Mas se você não morre de amores por música brasileira, samba, esses sons, nem adianta.
    abs

  22. Dizer que Tom Zé é “chato como a desgraça” e gostar de Strokes é sintomático. Mas é compreensível, não apenas o não gostar, mas sim ter uma certa raiva de músicos como Tom Zé. Eu acho sofisticado e provocativo o suficiente para que se ache “chato como a desgraça”. Ta vendo porque gosto se discute? Por mais que se peça para respeitar, sua opinião já vem carregada. E ao contestá-la, eu não estou faltando com o respeito. Só estou usando a razão, e já que você usou exemplos, Strokes, de tão monótono e repetitivo, merece a classificação “chato que nem a desgraça”, e Tom Zé, não por ser original, mas pela “boa intenção”, genial. Tou apenas sendo coerente.

    Mas Tom Zé, nesse momento, esta chato sim. Me lembrou até Godard, eu detesto seus filmes, com exceção de Alphaville. Fora isso, como teórico é incisivo. Tom Zé ta indo bem por ai ultimamente, por isso concordo com Luciano. Sua música enfraqueceu, mas seu discurso, sua INTENÇÂO de existir, seus motivos e sua HISTÒRIA! Tudo isso tem muita importância. Sua obra é genial. Como Caetano, que acha que ta fazendo rock, mas seus discos anteriores são bem mais geniais, e mais rock, como o disco que tem o peido de Duprat. Enfim, são dois grandes músicos BAIANOS que foram, ou ainda são, necessários. “Ogodô” é genial, “Last Night” pode até ser uma boa canção, mas não vai passar disso. Para mim Ted, não tem que ser original não. Tem que ser original e necessário, de inútil o mundo já ta cheio. Eu não sei gostar pouco. E isso não é cobrança não. Eu gosto de Sangria, e não tem nada de original ali, mas tem de necessário, e, consequentemente, uma pontinha de originalidade, se você levar em conta o contexto.
    Ainda sim eu recomendo Tom Zé, e um pouco mais de cautela.

    “A ciência excitada
    Fará o sinal da cruz
    E acenderemos fogueiras
    Para apreciar a lâmpada elétrica” (Tom Zé)

  23. ah, quer dizer que o strokes nao tem boa intenção, só tom zé??
    acho que vc nao entendeu ainda. luciano entendeu, e citou justamente pra eu ouvir as coisas mais velhas. nem tinha respondi aqui, luciano. gosto de musica brasileira pra caralho. já ouvi algumas coisas de tom zé antiga, mas com certeza, muito pouco pra poder formar opinião. já ouvi 2 discos recentes dele… e como disse, achei “chato como a desgraça”. é minha opinião… só isso.

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