Uma prova de como os selos seguem sendo um elo importante da cadeia musical é que eles continuam surgindo e ganhando espaço. Nos últimos meses, alguns deles foram lançados vinculados diretamente a bandas, artistas e festivais. Em comum, todos eles pensam em ajudar na disseminação de novos artistas e da produção musical dita independente, seja em formato físico ou digital.
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– Selos independentes resistem e ganham terreno.
Uma das boas novidades nesse sentido é o BR135 Records, selo vinculado ao festival BR 135 do Maranhão. Segundo um de seus criadores, o produtor e músico Alê Muniz, o BR135 Records é a consolidação do trabalho que o festival vem realizando de colocar em cena a música produzida no Maranhão. “Neste período em que não foi possível realizar o festival na rua, conseguimos reunir um recorte rico e potente da nossa música, com artistas que nos enchem de orgulho”.
O primeiro lançamento do selo é um EP com composições de artistas maranhenses. O ‘Conecta Música 2020’ sai em parceria com a Believe Music, distribuidora francesa que tem trabalhado a cena brasileira no Brasil e mundo afora. A coletânea apresenta a rapper Pantera Bl4ck; o grupo Afrôs; a drag queen Butantan; o rapper Gugs; a cantora Regiane Araújo; e o duo The Caldo de Cana.
Selos de bandas e artistas
Não é novidade que artistas e bandas criem seus próprios selos. Com a nova configuração do mercado, focado em música digital, porém, parecia que a iniciativa estava sendo deixada de lado. Novos selos criados recentemente, mostram, no entanto, que a tendência é que artistas voltem a ter seus selos no ambiente independente. Além de lançar difundir seus próprios trabalhos, o intuito é também atestarem o trabalho de colegas.
É o caso BaianaSystem, que passou a soltar seus discos pelo selo Máquina de Louco, mas também já colocou no mercado trabalhos de outros artistas. O primeiro foi a estreia da cantora, compositora e produtora baiana Lívia Nery, Estranha Melodia (2019), e mais recentemente, o segundo álbum da Orquestra Afrosinfônica, Orin – A Língua dos Anjos (2020).
Outro selo surgido de um artista baiano foi o 999, iniciativa do rapper Baco Exu do Blues. Focado em novos artistas negros, a proposta é trabalhar com a diversidade, passando por rap, trap, pop, arte plástica e fotografia. O selo iniciou como projeto Bandele, no qual lançou durante o ano passado seis singles e performances audiovisuais de diferentes artistas brasileiros. Outro lançamento, foi o EP do próprio Baco, Não Tem Bacanal na Quarentena, além de clipes de outros artistas. Em abril, a 999 terá mais novidades, com single e clipe de Vírus e do artista plástico M0xc4.
Nos últimos meses, surgiram outros dois selos batizados por importantes nomes da música brasileira atual. Sob comando de Gabriel Thomaz (Autoramas), em parceira com Henrique Roncolettao (NDK) e com distribuição da Ditto Music, foi lançado o Maxilar. O selo foi criado com objetivo de lançar nomes da cena atual e resgatar importantes álbuns da música brasileira. Entre os trabalhos previstos estão discos de Dionísio Dazul, Wallacy Williams, Parallèles e Persie, além do relançamento do álbum perdido da banda carioca dos anos 80 Os Ronaldos.
Outro selo recém lançado é Limaia Discos, Comandado por Júlio Andrade, o Julico, líder da The Baggios, o projeto estreou com seu primeiro álbum solo ‘ikê maré’ em vinil. O objetivo é que os próximos lançamentos aglutinem trabalhos de outros artistas nacionais.
Um outro selo lançado nas últimas semanas não é ligado diretamente a um artista ou festival, mas reforça a ideia de como o modelo segue em alta. O Koro Koro é um selo de música digital criado por Julia Deimann (produção, licenciamento & imprensa para BBE Music e Faluma), Tiago Di Mauro (cineasta / Infinita Productions ) e Margo Marques (gestão & marketing de eventos Margo Camilo). Juntos, eles formularam esse projeto que pretende atuar de forma independente e totalmente digital, atuando nas plataformas digitais para streaming e download. Os primeiros lançamentos são os novos álbuns de Arícia Mess e Jam da Silva.
Criado há um pouco mais de tempo, o selo Alá, do jornalista Jorge Velloso, segue a mesma proposta de atuar de forma online. Criado em 2018 com foco no disco da cantora Illy, logo o projeto cresceu e hoje já conta com um álbum de Bruno Capinan, além de singles de outros artistas. Ente os próximos lançamentos estão um EP de Dora Morelenbaum, em abril, e álbum de Marina Sena em maio.