Novos discos testam bandas da moda

Depois de um recesso nas guitarras e explosão da música eletrônica e do hip hop, o rock voltou a ocupar espaço no mercado mundial com a explosão dos Strokes em 2001. Na rasteira dos novaiorquinos ganharam destaques bandas como White Stripes, The Hives e vários outras. Mesmo acusados de ser apenas moda passageira ou a “next big thing”, como vende a imprensa inglesa, vários desses novos grupos foram catapultadas para o primeiro escalão do rock. Alguns não permaneceram lá mais do que um verão. Outras prosseguem tentando manter o status que conquistaram. Novos trabalhos botam a prova algumas dessas apostas e trazem novas promessas para a banda do momento. São os discos dos australianos da The Vines e do Yeah Yeah Yeahs de Nova Iorque e a estréia do último hype mundial, o Arctic Monkeys.

Se o rock sempre se moveu de explosões temporãs e apostas frustradas, o fato é que com a ajuda da internet as modas ganharam uma dimensão mundial. Se vão consolidar suas carreiras ou não só o passar dos anos para ter certeza. O grupo australiano The Vines, por exemplo, mostra em seu terceiro disco, Vision Villey, que só conseguiu chamar maior atenção por ter aparecido no momento certo. A banda foi uma das que cresceu no rastro do sucesso dos Strokes. Em 2002, o The Vines lançou o disco de estréia, Highly Evolved, ganhou destaque pela sonoridade de rock garageiro, meio na trilha do Nirvana, com gritos, guitarras barulhentas convivendo com boas melodias.

O trio deixou a adolescência de lado e chega agora ao terceiro trabalho para provar se merecia tanto falatório. Hora de se consolidar de vez como aposta que deu certo ou se tornar apenas uma banda correta a freqüentar rádios mais moderninhas. Vision Valley traz o mesmo The Vines de guitarras sujas, vocais viscerais, melodias interessantes e sem grandes novidades. Se confirma como uma banda até bacana, mas que dificilmente vai ser lembrada daqui a 10 ou 20 anos. Aquele tipo de banda correta, com boas canções, que conquista alguns fãs, mas que não marca a vida de ninguém.

Presença feminina – Dizem que o segundo disco é o grande teste para qualquer banda. Mais ainda para quem é apontado apenas como uma moda passageira. Se for seguir essa regra o grupo de Nova Iorque Yeah Yeah Yeahs passou no teste com méritos. Um trio de responsa que no novo álbum Show your Bones mostra ter evoluído bastante. Não se atém apenas a cuspir fogo como uma criança que descobriu como chamar atenção dos adultos. O grupo vai além se cercando de um rock mais elaborado e consistente para mostrar que pode sim entrar no seleto grupo de bandas de rock com algo a oferecer.

Continua simples, rock com guitarra suja, bateria forte e alguns pianos e teclados, sem usar baixo e com uma marcante presença feminina nos vocais. Desde Courtney Love não surgia uma “menina” cantando com tanta força e personalidade vocal quanto Karen O. A sonoridade do grupo vai além de gritos e barulho. Mantém a mesma energia inicial e ganha corpo com a inclusão de um instrumental bem construído, samples, barulhinhos e influências que vão de Jon Spencer a Devo e The Cure. Dentre essas novas bandas é uma das que souberam melhor mesclar boas canções com peso, boas melodias, arranjos interessantes e influências não tão óbvias. O grupo já está confirmado para shows no Brasil em outubro, dentro da programação do Tim Festival no Rio de Janeiro e São Paulo.

Jovens fenômenos – Os sucesso repentino é realmente uma marca desses tempos de internet e não grandes gravadoras dando a rédeas do que importa na música. Maior exemplo disso vem de um bando de garotos com média de 19 anos vindos dos subúrbios de Sheffield (Inglaterra), com discurso despretensioso e que estouraram na internet sem ter ao menos um disco lançado. O Arctic Monkeys virou fenômeno. O primeiro single da banda alcançou o primeiro posto da disputada parada inglesa na primeira semana de lançamento. O CD de estréia Whatever People Say I Am, That´s What I´m Not acabou repetindo o sucesso, batendo recordes como disco de estréia. Foram quase 120 mil cópias no primeiro dia e mais de 360 mil na primeira semana. A onda saiu da ilha da Rainha e invadiu outros países. Alcançou o 24° posto da Bilboard americana e deslanchou no resto do mundo. No Brasil o disco chega via Trama em parceria com o selo Slag.

De fato a banda não traz grandes novidades. Mas é fato também que nem todo mundo precisa delas. Não apresenta nada que rompa limites, mas eles já não são mais tão rígidos assim. O resultado é um disco bacana para quem gosta de rock com guitarras sujas, vocais despojados, letras sobre o cotidiano jovem e canções para sair cantando ou dançando por ai, a gosto do freguês.

O Arctic Monkeys corre sério risco de entrar no grupo do The Vines e sumir em poucos anos. Mas o grupo parece não se importar em ir além de fazer músicas para as novas gerações se divertirem. Rock jovem, com frescor, bem formatado e que nas letras tratam do cotidiano simples de suas próprias vidas. Como no hit I bet you Look good on the Dancefloor, em que diz “Eu queria que você parasse de me ignorar/ porque você está me mandando para o desespero/ Sem nenhum som você está me chamando e eu não acho isso muito justo”. Se essas bandas vão durar ou não nem importa na verdade. Bandas de rock formadas por garotos atrás de sexo, diversão e para acalmar os hormônios existem desde que Chuck Berry e Elvis Presley mudaram a história da música.

  1. é mesmo… o lucio ribeiro comparou o disco novo do muse ao “ok computer”… pode ser exagerado (e eu detesto comparações), mas acho que tem fundamento. discaço!

  2. Eu não tenho nem baixei o Muse novo ainda. O que ouvi gostei. E Muse pertence a outro grupo de bandas, não é desse hype de bandas acima, que começou no Strokes. Muse eu não gosto dos discos anteriores, mas o que ouvi desse novo parece bom mesmo. Sempre achei sub-Radiohead, vamos ver… Tõ ainda precisando pegar esse, o de Thom Yorke e o Sonic Youth.

  3. O de Thom Yorke é pra ouvir com paciência. É interessante, mas é chato, na linha do Radiohead menos acessível (Amnesiac e Kid A).

    Sonic Youth eu gostei, mas sou bem suspeita…

    Eu gosto um pouquinho do Muse. Nunca fui fã, mas tb nunca desgostei. Tô com vc, sub Radiohead pra caralho.

  4. o Muse é tão sub-Radiohead quanto vocês são sub-críticos.

    A sensação que tenho é que vocês críticos só conhecem as mesmas bandas que só dão margem para críticas negativas. São limitados… não sabem o que há de novo por ai.

    Como a MTV debatendo o “novo rock”, era assim, se o rock está gagá ou não. Nunca vi um debate tão marcado por argumentos tão estúpidos, tinha a participação do vocal da ecos falsos falando baboseiras do tipo, “não se pode inventar a roda todos os dias”, e tome-lhe sabedorias…

    A questão é… quando eles debatem se o rock está fraco, os exemplos são sempre os mesmos, e ignoram as novidades que não estão presentes na mídia… isso me deixa indignado… eu conheço uma pá de bandas que mostram que o rock não está velho, e que inventam a roda todos os dias, a cada refrão, a cada verso, e a cada ponta-pé merecido que dão na cara desse monte de idiotas que acham que entendem de rock, como vocês.

    é por isso que nenhum crítico gosta de Fantômas e eu adoro.
    Vocês reclamam que não tem ninguem fazendo rock, e quando fazem, como o Fantômas, Nine Inch Nails, Tomahawk, Tool e por ai vai, a mídia execra… e ao invés de comentarem essas bandas que tocam sem estar presente em modismos hype, falam coisas do tipo:

    “Pessoas Invisíveis é uma das melhores NOVIDADES do rock baiano (sem falar mal da banda de meu amigo Bruno, mas o que tem de novidade ali?)

    ou então… Flaming Lips e Strokes são “uma das bandas que mais importam no mundo”… importam em que sentido?

    ou Portishhead com o seu “disco mais esperado do mundo”…

    a crítica musical soteropolitana descamba para a mesmice de uma forma tão vangloriosa e cretina que isso me causa constrangimento…

    Vide o site Bahia rock, que tem em contatos… fulaninho, professor de língua portuguesa e ACESSOR de imprensa com “C”… imagina se esse quadrupede não fosse professor de portugues…

    tudo isso é constrangedor demais para mim…

  5. Caro Eduardo,
    primeiro, prazer, gostei do que escreveu. Só acho que se engana em alguns pontos. Eu pelo menos não acho que o rock tá morto, nem nada parecido. Ou não perderia meu tempo escrevendo sobre defunto. Agora, música, pop, rock, remete a gostos pessoais, não tem para onde fugir. Entendo seu ponto de vista, respeito inclusive, mas você não pode forçar ninguém a acreditar que o seu é o único correto. Bom, já que você acha que sabe mais, sugiro criar um blog e escrever sobre rock e afins também, prometo divulgar aqui e ler sempre. Posso defender cada trecho de textos meus que você colocou ali em cima. Mas pense o que é novidade, pene que existe um mundo além do rock, pense que não só só experimentais prestam. Acho que dá boas discussões, mas argunte, não desqualifique, já que sou tão ruim escrevendo deixe de ler. Se sou esse idiota todo, etsude, faça jornalismo (se já não faz) e vá me substituir ou a todos os caras que considera idiotas. Sentar e ofender é muito fácil, mas dou valor porque ao menos você assinou (por isso aliás, estou respondendo). Vamos lá, produza.

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