"Bahia, Minha Preta”, Caetano Veloso

Música que o Pariu: “Bahia, Minha Preta”, a defesa da Axé Music por Caetano Veloso

A canção “Bahia, Minha Preta” de Caetano Veloso é o destaque desta semana.

Mais uma edição da mais nova seção no el Cabong, numa parceira com o Música Que o Pariu, um canal dedicado a contar as histórias por trás das canções brasileiras. A proposta é apresentar o processo criativo de profissionais essenciais à arte da canção, os compositores, destacando alguns de suas obras que se tronaram célebres. Através de pesquisa, entrevistas e vídeos o MQP busca enriquecer a experiência auditiva. Confira as histórias aqui semanalmente ou pelo canal no Instagram, pelo Youtube ou pelo grupo do ZAP. Na última edição, destacamos “Ijexá”, música de Edil Pacheco, famosa na voz de Clara Nunes.

“Bahia, Minha Preta” é uma canção de Caetano Veloso. Em entrevista a Eucanaã Ferraz para o livro Sobre as Letras (2003), o compositor contou que ela foi escrita para Gal Costa cantar. “É uma música que faz uma defesa direta da música de Carnaval da Bahia, da mais comercial, sobretudo mesmo da mais comercial que ficou conhecida como axé music”.

Escute:

Na letra Caetano contesta o seu amigo poeta Waly Salomão que, em entrevista à época, havia se posicionado contra a axé music, em especial por considerar um desrespeito o uso comercial da palavra axé – que em iorubá, significa, entre outras coisas, segredo. “Na letra eu exorto a Bahia a expandir o seu axé e ‘não esconder nada’, indo, portanto contrário ao argumento de Waly”, explicou Caetano, destacando que a resposta talvez nunca tenha sido notada pelo amigo poeta.

“Bahia, Minha Preta” foi lançada por Gal Costa no álbum O Sorriso do Gato de Alice (1993). Foi gravada também por Simone Moreno no álbum Samba Makossa (2005) e por Mariella Santiago no DVD Ella é do Brasil (2015). A canção integra o repertório e dá título também ao show que a cantora Jussara Silveira apresenta em Salvador no Verão de 2025.

Confira a letra de “Bahia, Minha Preta”:

Bahia, minha preta
Como será
Se tua seta acerta o caminho e chega lá?
E a curva linha reta
Se ultrapassar esse negro azul que te mura
O mar, o mar?
Cozinha esse cântico
Comprar o equipamento e saber usar
Vender o talento e saber cobrar, lucrar
Insiste no que é lindo
E o mundo verá
Tu voltares rindo ao lugar que é teu no globo azul
Rainha do Atlântico Sul

ê ô! Bahia, fonte mítica, encantada
ê ô! Expande o teu axé, não esconde nada
Teu canto de alegria ecoa longe, tempo e espaço
Rainha do Atlântico

Te chamo de senhora
Opô Afonjá
Eros, Dona Lina, Agostinho e Edgar
Te chamo Menininha do Gantois
Candolina, Marta, Didi, Dodô e Osmar
Na linha romântico
Teu novo mundo
O mundo conhecerá
E o que está escondido no fundo emergirá
E a voz mediterrânica e florestal
Lança muito além a civilização ora em tom boreal
Rainha do Atlântico Austral

Para quem gosta de música sem preconceitos.

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