É inegável que a Axé Music tenha sua importância para a Bahia, mas é inegável também que o estilo tenha sido protegido e estimulado mais do que outros gêneros por aqui. A capacidade de transformar qualquer grupo em fenômeno pop conta(va) com um forte empurrão do Governo, da mídia e de empresários. Hoje, mesmo com o Axé não vivendo os tempos gloriosos de outrora, os métodos de transformar bandas pífias em sucesso continua.
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Algumas das últimas apostas não deram em nada, como o Tribahia, mais recentemente. A bola da vez se chama Voa a Dois, um produto calculado que usa as ferramentas que sempre deram certo no meio. Pouca ou nenhuma preocupação musical, uma produtora com bastante dinheiro e forte vínculo com alguns dos principais meio midiáticos produz os shows, distribui convites para o circuito “gente bonita” e lota as apresentações, banca músicas nas rádios populares e, aos poucos, transforma algo que mal existia em moda. Pronto, está criado um novo sucesso que pouco tem a ver com qualidade musical.
Apesar disso, é bom lembrar que os tempos são outros. Se o Axé emplacava vários discos entre os mais vendidos, hoje apenas a garota propaganda Ivete Sangalo consegue o mesmo, assim mesmo a base de altíssima exposição. Não adianta dizer que é a crise fonográfica, porque mesmo que os números de vendas tenham diminuído, existem outros artistas na lista vendendo e os “nossos” não estão lá. O mundo Axé está colocando a corda no próprio pescoço, se afastando cada vez mais do povão, entregando o público de bandeja para outros gêneros e se tornando música para quem tem dinheiro. Seja com os blocos, cada vez mais caros, seja com os shows a altos preços e em locais distante da capital onde desfilam nossa classe média alta “bonita” e desprovida de cérebro. Grupos populares como Chiclete com Banana, mal se apresentam mais para o chamado povão.
Espaço aberto para o cada vez mais forte pagode e os grupos de pseudo forró. O que é lamentável é que assim mesmo a Bahia ainda é vista como a terra do Axé e só do Axé. Não temos apenas isso. Temos um samba de alta qualidade, com compositores de alto calibre. Temos um rock respeitado em todo lugar, com algumas bandas de nível internacional e grupos surgindo à todo momento. Temos também nomes ligados a MPB, Black Music e Reggae de forte expressão e que já deveriam ganhar mais holofotes.
Gringos
Neste fim de semana acontece, lá no Brasil, o Tim Festival e em 20 dias o Festival Planeta Terra, ambos com um bom número de relevantes bandas gringas. Por estes dias tem ainda Chemical Brothers, LCD Soundsystem, The Battles, entre outros. Mas o ano não termina por ai. No final de novembro, o Motomix – The ROKR Festival leva a São Paulo DJe e bandas como Mark Ronson e o Eagles of Death Metal. Já em dezembro, o Nokia Trends (repararam que quem banca esse mercado são empresas de celular?) recebe a banda norte-americana She Wants Revenge e a australiana Van She. Quem pode aparecer no país também é o cantor Beck, que deve abrir o show do The Police na turnê latina. Há ainda show de Chris Cornell confirmado e a possibilidade de shows de Cypress Hill, Happy Mondays, Dandy Warhols, Jamie Lidell, CocoRosie, Phoenix e que se apresentam na Argentina em dezembro e podem entrar em eventos brasileiros. Quem pode pintar no Brasil em março é o Interpol.
MySpace brasuca
Se o MySpace se tornou uma das ferramentas mais importantes para as bandas pelo mundo, o site promete ganhar mais força no Brasil. Em breve, será aberto um escritório da empresa no Brasil e, melhor, uma versão totalmente em português do site. O resultado deve ser uma invasão ainda maior de bandas e estilos brasucas e mais uma ferramenta na briga contra a música imposta.
Portishead
Depois do Radiohead é a vez do Portishead lançar seu aguardado disco novo. O álbum da banda está finalizado, mas ainda não se sabe quando chega às lojas. A volta do grupo está agendada com uma série de shows em Londres, incluindo em festivais. Falta agora o Guns´n Roses parir de uma vez o já lendário “Chinese Democracy”. Na verdade, nem sei se devem.
Agendão
Depois do show da Nação Zumbi, cujo novo bom disco, “Fome de Tudo”, já vazou na internet (baixe aqui), Salvador prepara uma nova leva de bons shows. Vem aí Eddie, Matanza, Zefirina Bomba, Otto, Mundo Livre S/A, Titãs e Paralamas, Ponto de Equilíbrio, Forgotten Boys, UDR, Lucas Santanna, Bunny Wailer, Luiz Melodia, além de provável show do aguardado Cidadão Instigado e do Sepultura.