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Faixa a Faixa: Rei Lacoste reflete sua própria história em ‘O Que Você Ouve / O Que Houve Com Você’, sua nova mixtape

Por Pedro Antunes de Paula

Estive, nas últimas semanas, trocando textos e ideias com o rapper e artista multimídia soteropolitano Rei Lacoste. O resultado dessas conversas estrutura uma entrevista, já publicada no site e que pode ser lida aqui.

Ele lança sua nova mixtape “O Que Você Ouve / O Que Houve Com Você”, na qual trabalha temas pessoais e mistura de ritmos latinos, citypop, samples coletados e muitas parcerias. São nomes como Juçara Marçal, Tangolo Mangos, Bebé, Giovani Cidreira, cajupitanga, e muitos outros.

Comum para um trabalho tão pessoal, muito do material que organizamos ficou de fora, o que possibilitou a construção de um novo texto sobre seu lançamento. São reflexões de seu próprio processo criativo, ligações entre histórias, referências em outros trabalhos e ideias de composição. Tudo isso mesclado à uma espécie de questionamento pessoal, pelas coisas que passou nos últimos anos.

Nem precisei convidar Rei Lacoste para escrever algo mais completo. O rapper já havia misturado essas histórias e construído um faixa-a-faixa da mixtape. Surgiu em meu celular, dias atrás, como um exercício de sinceridade sobre esse novo passo de sua carreira. O reproduzo a seguir:

Faixa-a-Faixa por Rei Lacoste

Cavalo

Cavalo é a primeira música da mixtape. Foi uma música incidental. Quando eu estava fazendo o B-side “Dança de Bólides” em 2023 eu havia mandado para Zepeto umas referências de várias coisas, dentre elas de umas músicas de Tyler The Creator em que ele usava uns samples meio ruídos de animais que ficavam se repetindo durante o beat e eu pensei em experimentar coisas assim. Tyler sempre foi uma grande ref pra mim, mas tento me afastar sonoramente sempre que penso em usar algo do universo dele pois meu encanto é muito nítido. Tyler fez muito boom bap, por exemplo, coisa que nunca fiz. Mas pegar um sample utilizado por ele e colocar em uma bateria de reggaeton (Sem Paz), por exemplo, – coisa que ele nunca fez – me interessa mais. As referências para “Dança de Bólides” estavam mais no universo de Drake, GoldLink, e ainda tendo Jadsa, Giovani Cidreira e Candioco (cajupitanga) no feat, sabia que tudo iria para um outro lugar – como foi. Mas, sem ter entendido direito, Zepeto começou a fazer o beat de “Cavalo” neste momento – tendo “OKRA” de Tyler como uma das refs. Em algum momento ele entendeu que era outra coisa e mudou o projeto – sem me mostrar o que já tinha feito. Em 2024, enquanto andava de skate, lembrei dessa confusão e pedi para que Zepeto me mostrasse o que ele tinha esboçado. Fiquei de cara! Era esse trap experimental muito fda. Com os subgraves muito agressivos e o sample de cavalo relinchando, que não faço a mínima ideia de onde ele tirou. Mas fiquei encantado com o beat. Comecei a escrever na mesma hora. Geralmente demoro bastante escrevendo uma música, sempre volto nelas meses depois para continuar fazendo, mas “Cavalo” veio completinha já. Coloquei bastante do meu íntimo nela. Acho que escrever só o que se vive é muito poético, mas pouco criativo, aí gosto de misturar ficção e documentário quando faço uma música. Ela coincide com um período que estive meio desinteressado em pessoas. Queria ficar mais só, sem me relacionar com ninguém. Não sei se foi algo hormonal, ou algum transtorno psíquico causado pelo doutorado, mas eu estava sentindo que havia secado. Mesmo não namorando a muito tempo, acho que fica difícil, muitas vezes, para alguém que você mantém um afeto entender essas coisas. Não sei. Com o tempo o desejo de me relacionar foi voltando, mas essa foi a maneira que consegui expurgar esse demônio naquele momento.   

Sem Paz

Sem Paz é a segunda track da mixtape. O instrumental dela vem dessas experiências que citei anteriormente de deslocar samples de lugar e ver no que essa terceira coisa se transforma. A minha tese de Doutorado chama-se “Elogio ao Sample: Rei Lacoste e Remixes Cotidianos” e durante o estudo passei a levar a sério isso de deslocamentos de coisas que já estão estabelecidas no campo da cultura e da arte. A música começa como um sample do sample. Basicamente eu desloquei o sample de “Potato Salad” da música de A$AP ROCKY e Tyler The Creator, que é um sample de “Knock Knock” de Monica. E o que fiz foi uma espécie de mashup, usei a bateria de “Yo x Ti, Tu x Mi” (que extraí com inteligência artificial) de Rosalía e Ozuna com o sample de “Potato Salad”.  Com essa primeira versão do beat comecei a escrever a letra. O universo dos ghostings, amores líquidos, estavam na minha órbita durante a viagem para Colômbia e queria tratar isso narrativamente. Escrevi a música e convidei Dunna que estava em viagem comigo para gravar as partes melódicas. Com tudo pronto mandei para Zepeto refazer tudo, adicionar outros instrumentos e produzir a faixa. O título dela faz referência a música “Sem Paz” (2007) de China, mas gosto muito de umas frases de efeito que ela tem como “Pra você que me esqueceu, um salve” (que faz referência a música de Gil “Pra você que me esqueceu. Aquele abraço!”), “Para todo ghost um date delicado” “Na minha bio paz inegociável”… Enfim.

Ghosting

É a terceira faixa da mixtape e o último single que eu havia lançado. É uma parceria entre mim e meu eterno bromance Giovani Cidreira – amigo de longa data -, produzida por Zepeto e realizada também durante a tour pela Colômbia. A música é um reggaeton pop, com sample da música “Amor… Amar” de Camilo Sesto – que encontrei durante pesquisa de vinis em Medellín -, também sampleada na música “Tierra sketch” pelo colombiano Santacruz Medina com a colaboração de Dj Cas e Dj Fonxz no álbum Zebra (Ghetto Superstar) de 2015. Fiz o mesmo procedimento de fazer encontro de samples. O sample de melodia Camilo Sesto com a bateria da música Fingías da artista chilena-americana Paloma Mami. Com essa primeira versão eu e Giovani começamos a compor. Com a letra pronta mandamos para Zepeto fazer a mágica dele: colocando outros instrumentos e produzir a faixa. Uma diferença nessa faixa é que canto melodicamente (a minha maneira) durante toda a faixa. É difícil competir com Giovani neste terreno, inevitável ele roubar a cena, tivemos que pedir várias vezes para Zepeto tentar deixar minha voz em evidência, e tive que regravar também. Mas gosto do resultado.  Acho que ela e “Sem Paz” estão no mesmo universo. Além de serem dois reggaetons pops, também narrativamente, como havia comentado, estão em sintonia. Também acho que têm encontros muito nítidos: “Sem perdão, sem paraíso, Sem perder tempo comigo, Sem amor sem prejuízo” / “Sem paz, Sem Sol, Sem flor, Sem dó”. Talvez a falta seja uma questão na mixtape: “Sem contrato”, “Sem Paz”, Sem Ódio Na Pista”.

Metade

Metade é a quarta track da mixtape e tem feat de Vênus Não É Um Planeta e Volúpia. Volúpia já havia colaborado comigo na faixa “Brick in the wall” da minha primeira mixtape “Tutorial de Como Ser Amado” e com Vênus acaba sendo nosso primeiro registro fonográfico lançado. Quando escrevi a música eu estava muito envolto do pop afrobeats mas também de coisas da MPB. “Metade” é também uma música de Adriana Calcanhotto, assim como a primeira frase “Rasgue minhas cartas” remete a música dela “Devolva-me”. Eu a compus em algum typebeat do cantor nigeriano Wizkid e Zepeto produziu a partir daí. Eu já havia escrito a minha parte e a de Vênus; em passagem por Salvador (Volúpia é uma artista de Sergipe), mostrei para Volúpia a música de dentro do uber que estávamos. Ela topou na hora e escreveu a parte dela. Gravamos no meu home studio e o resultado está aí.

Sem Ódio Na Pista

Sem Ódio Na Pista foi um dos singles que lancei em 2024 ao lado de Bebé Salvego (São Paulo), Giovani Cidreira (Bahia) e Tangolo Mangos (Bahia). Ela é uma grande mistura de ritmos, une MPB, afrobeats, guitarra baiana e hip-hop, com a produção de Zepeto (Bagum) e Bruno Fechine (Tangolo Mangos). Tudo em uma única música, trazendo uma sonoridade dançante que remete sobretudo às festas de largo da Bahia contemporânea (lugar de criação da música). O nosso encontro musical ocorreu por meio da proposição do LÁLÁ Casa de Arte (Ricardo Dantas), a partir da nossa participação no Festival Oferendas (2023), durante a festa de Yemanjá, em Salvador, quando preparamos a música para estrear ao vivo. Ela saiu com um doc-clipe – uma espécie de making-off desse dia – e traz elementos documentais, produzido em uma handycam antiga, onde apresentou registros deste show de lançamento e imagens da festa do 02 de Fevereiro. Acho que a música é sobre essa amizade que surgiu entre a gente, sobre a mistura. Temos vivências e sonoridades diferentes, mas ao mesmo tempo, essas diferenças juntas criam algo singular e verdadeiro. Mas acho que o mais importante de tudo foi a construção dessa amizade que pode ser materializada em uma canção.

 

Leão do Norte

Mais uma parceria entre mim e meu mestre Davzera, quem me ensinou a produzir beats durante a pandemia, e lançamos juntos o EP Robô de Roleta 50-50” (2023). Essa música tem produção minha, mix de Mancha e master de Zepeto. Eu sampleei a trilha do estranhíssimo filme “La Planete Sauvage” de René Laloux de 1973. No [já citado] programa do Sangue Latino, Caetano também comenta que muitas vezes a gente perde os amigos pra mera morte, banal e imprevisível, e também para besteiras da vida, desentendimentos bobos muitas vezes. Com o passar dos tempos, perdendo amigos das duas maneiras, entendi o quanto é dificil ficar adulto, envelhecer, sem quebrar alguns ovos. Impossível. Também entendi que nem tudo a gente consegue resolver – e isso faz parte da experiência da vida adulta. Na infância, quando via desenhos/filmes em que pessoas adultas precisavam de psicólogo, terapia etc. não conseguia entender. Durante o doutorado quase “coringuei” algumas vezes rs. E hoje entendo que é uma necessidade real de todo mundo. Acho que a música fala um pouco sobre isso, como diz Davi “Perdendo só os falsos amigos”.

Fique comigo

“Fique comigo”, também tem produção minha, mix de Mancha e Master de Zepeto. É sabido que sou entusiasta de citypop e cultura japonesa há muito tempo. E sempre quis de alguma maneira explorar mais sonoramente essa cultura tão diferente da minha. Acho que esses contrastes extremos podem gerar coisas fantásticas – como tantos grupos de samba existem no Japão. Sempre fui muito fã de Miki Matsubara e da música “Stay With Me”, música dos anos 80, auge do citypop japonês, mas em 2023 o canal oficial dela publicou a homenagem “【松原みき】Miki Matsubara ’Mayonaka no Door – stay with me’ (Music Video) 2023 by Fridman Sisters”, um vídeo de dança com os coreógrafos @boxerdancedancedance e @miyudance. Foi um grande presente para os fãs de Miki Matsubara – morta em outubro de 2004 por câncer. Quando eu assisti ao vídeo fiquei muito encantado e pela primeira vez vi que conseguiria samplear a música. Doideira isso, tem coisas que estão a vida toda do nosso lado e por algum fator um dia conseguimos vê-la diferente. Como se apaixonar por uma amiga de infância na vida adulta. Sempre é possível ver as coisas por outro ângulo.  A gente vive em um momento em que as coisas passam muito rápido, as tendências se encerram e a meu ver, muitas vezes, sem explorar completamente as potencialidades das ondas. Tenho vontade de continuar fazendo Drill. Vejo os lançamentos de Makalister nesse universo e me sinto muito influenciado. Acho que é um terreno ainda frutífero para poder trazer questões como a estética do boombap e trap possibilitaram para alguns artistas. Assim, sampleei baterias de drill e produzi com o sample de “stay with me”. A letra que escrevi fala sobre um amor incondicional. Existe esse tipo de amor em algum lugar. Tão representado na literatura e no cinema. Tão desesperado. Onde os dois se bastam. Pode o mundo estar explodindo, mas tudo bem, pois estamos juntos. Acho que é um pouco sobre isso.

Sem Contrato

Música que lancei no verão de 2024, conta com a produção de Zepeto e a composição assinada por mim, Juçara Marçal e Giovani Cidreira –  sendo o feat eu e Juçara – uma grande mestra contemporânea. A música é um “amapiano”: ritmo originário da África do Sul em meados da década de 2010, subgênero do kwaito e da house music, que combina elementos de deep house, jazz e lounge music; caracterizado por sintetizadores, linhas de baixo amplas e percussivas, beirando a psicodelia. Além disso, de forma antropofágica, Zepeto incorporou elementos da música baiana, como o samba-reggae na track. O nosso encontro também ocorreu por meio da proposição da LÁLÁ Casa de Arte (Ricardo Dantas), a partir da participação da gente no Festival Oferendas (2024), durante a festa de Yemanjá, em Salvador, quando preparamos a música para estrear ao vivo. O visualizer, um videoarte com elementos abstratos, apresenta registros deste show de lançamento e imagens da festa de 2 de Fevereiro. Para mim a música é uma espécie de presente, acho que a música tenta sintetizar a energia da festa de largo, do carnaval, dos processos de reafricanização mais recentes das nossas festas. Dialoga com o ritmo “amapiano”, que é relativamente atual, e também com o samba-reggae, que desempenhou esse papel nos anos 80. A música foi uma espécie de presente para Yemanjá e para as pessoas da sua festa daquele dia: fala do povo, fala dela, mas de uma maneira contemporânea.

Agora Que O Tempo Voa

“Agora Que O Tempo Voa”, um jersey club drakeano produzido por mim, mixado por Joka e com master de Zepeto. Tem feat com minha jovem amiga Clara SFX – sua segunda música publicada nos streamings. Foi o primeiro jersey que produzi. Não teve muito segredo. Fui influenciado pelo álbum “Honestly, Nevermind” de Drake, quando estava fazendo. Consegui o sample, montei a bateria, adicionei vocais de funk, esses efeitos de chicote, cama rangendo etc. e depois compus a letra. Mesmo sendo um jersey – existem muitos tipos -, eu quis que a sonoridade da música fosse lenta e romântica.  Acho que ela de alguma maneira dialoga com o clássico de Peninha que diz: “Quando a canção se fez mais forte, mais sentida / Quando a poesia fez folia em minha vida / Você veio me contar dessa paixão inesperada por outra pessoa”.  “Agora Que O Tempo Voa” responde: “Agora que o tempo voa, reluz a tanto tempo agora, presente na cinza das horas, eu penso em te abandonar”. Aqui o eu lírico que está querendo ir embora. Não é ele que tem a surpresa da paixão inesperada da outra pessoa.

Pareando

“Pareando” é a música mais antiga que colo coloquei na mixtape. Single lançado com minha parceira de longa data Dunna. Entendi que ela fazia sentido no contexto da mixtape, junta com outros dois reggaetons. O single, que tem o vocal doce e melódico de Dunna, instrumental dramático-alegre de Zepeto (Bagum) e uma letra romântica de um amor que não pareou.  Acho que a letra de ‘Pareando’ fala sobre ‘friendzone’, amores platônicos que se transformam, viram amizade, mas continuam ali, só que diferente. Enquanto “Bicho de sete cabeças” (também parceria com Dunna) falava sobre um amor maduro, velho, eterno, acho que “Pareando” é mais sobre a vontade de parear, se conectar.

Me Dê Um Beijo

Acho que “Me Dê Um Beijo” é a música mais diferente da mixtape e de toda minha carreira – e ela carrega também a energia de investigações na própria linguagem presentes na mixtape. Acho que é uma surpresa pra muita gente eu lançar uma música assim. É uma música que estaria tranquilamente no repertório de Caetano Veloso ou na trilha de uma novela. Pura MPB. E o processo de criação dela também é envolto de mistérios e espontaneidade. Certo dia eu estava rolando o feed do instagram e uma amiga em comum publicou um trecho de um poema de Clarisse Lyra – minha amiga e parceira a anos. Li o trecho do poema cantando como um samba reggae. Já veio pronto. Eu acompanhei o lançamento do livro “Tanto tempo para aprender a escrever um poema com hortênsias” de Clarisse e o tenho desde 2022. Mas nunca havia enxergado esse poema desta maneira musical. E não me acho tão bom em musicar coisas, tenho mais facilidade em letrar melodias. Mas foi assim. Tomei um susto que ninguém nunca tinha visto que havia uma música tão na cara naquele poema. Corri para o violão e fui tentando colocar as notas. Liguei na hora para Giovani e pedi para ele fazer direito – colocar as notas certas e cantar a melodia que havia criado naquele momento. Ficou lindo. No mesmo momento mandei para a poeta (já pedindo desculpa pois ela e Gio são ex-namorados rs). A arte ganhou. Não tinha como aquilo não virar o que já era: uma música. Gio veio em minha casa e me obrigou a cantar também. Me dirigiu frase por frase. Tínhamos os violões gravados e as nossas vozes. Somente Candioco (cajupitanga), poderia ter sensibilidade tamanha pra fazer daquilo que mostramos em uma obra. Aproveitei um momento que estava em minha casa e mostrei para ele. Dos violões e vozes que tínhamos gravado, ele transformou aquilo em canção com sua produção. Gravou os pianos, dobras de violão, linhas de vozes, além da percussão bossa-novística. O resto da história é isso que ouvimos: me dê um beijo se quiser. A mixtape é um pouco isso. Fala um pouco sobre a própria experiência artística. Quando você ouve uma música, algo vai acontecer com você. Algo vai mudar. Você vai fazer a prova da faculdade diferente agora. Talvez você tome outro caminho de volta pra casa hoje, prefira pegar o ônibus mais longo que vai pela orla. Talvez você esteja mais confiante para fazer aquela cirurgia. As coisas vão mudar. Mas você também tem que estar aberto e atento para isto. Você pode me dar um beijo se quiser, mas, pelo menos pra isso, você vai ter que mostrar a cara.

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