A música negra em suas diversas referências tem um representante de alta estirpe na música independente baiana. O cantor e compositor Dão aos poucos vem ganhando seu espaço e é com ele que conversamos hoje aqui no Sotaque Baiano, dando seguimento a série de entrevistas com novos nomes da música baiana.
– Você acha que existe uma nova música baiana sendo formada? Você se insere nela?
O que eu acho que existe é uma galera fazendo um som, uma música alternativa, que não está na grande mídia. Não acho que seria novo, estamos mais fazendo um som em cima de influências dos anos 70, 80 e 90. Gente como retrofoguetes, Ronei Jorge, que são veteranos, mas estão com trabalhos mais novos e diferentes dos que faziam antes. Tem Marcela que mistura samba e eletrônica, tem Ênio, tem eu.
– Como você apresentaria e definiria sua música para um desconhecido?
Apresentaria como uma música soul, extremamente dançante. Eu diria que é um apanhado de vários estilos da música negra, do reggae ao funk, do soul ao samba duro, alcançando um pouco o rock também.
– Você circula no universo independente. Como avalia o meio aqui em Salvador? Qual você considera a principal dificuldade do meio?
Nesse meio nada é facil, se você não tem grana e resolveu entrar no mercado para mostrar seu trabalho tem que lutar muito, matar os leões e fazer o som. É muito difícil e não só aqui em Salvador, é em qualquer lugar. Dizem que aqui é mais dificil porque é regido por um estilo único. Acho que a gente tem é que se aliar com gente que ajude. Se você ficar pensando que é o outro que atrapalha, não faz. Existem vários psicólogos e todos têm clientes. Existem vários dentistas e todos eles também têm clientes. Existem vários estilos musicais e todo mundo tem cliente. Tem espaço para todo mundo. A maior dificuldade é dinheiro. Não tem para onde corrrer, a gente tem que invetsir em ensaio, cenário, divulgação, transporte, tem que investir em tudo. O que pega é que a gente não tem grana.
– Essa música baiana (Axé, Pagode etc) atrapalha de alguma forma a viabilidade de trabalhos como o seu?
Não atrapalha. A galera tem dinheiro para pagar jabá, a gente não tem dinheiro. Às vezes as pessoas criticam isso, mas é porque a gente não tem dinheiro.
– Com essas mudanças no universo da música, com novas tecnologias, pirataria, mp3, há espaço para nomes novos como você? Como você encara essas mudanças?
Eu acho que ajuda porque se você observar bem, o custo do disco está muito caro. Os próprios artistas estão deixando as grandes gravadoras e fazendo seu próprio trabalho. Se ele não vai ter lucro com CDs, tem que investire nos shows. A gente bota a música na internet e ela circula, como a gente não tem jabá, é a internet que faz circular nosso trabalho.
– Quais seus projetos para 2007?
Eu quero depois do Carnaval entrar em estúdio e gravar o CD, que já está todo elaborado. Depois divulgar ele bem e tentar fazer shows em outros estados. Eu ainda não sai com minha banda para tocar fora, sei que é difécil, mas a gente está disposto. Estamos nos conectando para isso.