Série de entrevistas traz a banda Bestiário, que faz um som pesado e reúne veteranos do rock baiano.
Nos últimos meses deixamos um pouco de lado os lançamentos aqui da Bahia, muito mais por falta de tempo e organização do que por falta de conteúdo para apresentar. Voltamos, porém, a ativa com as entrevistas básicas que trazem artistas respondendo perguntas padrão sobre os discos que estão lançando. Para reiniciar a série convocamos a banda Bestiário. Formada por por veteranos do rock baiano como Mauro Pithon (voz) e Apú Tude (guitarra), ambos ex-Úteros Em Fúria e Sangria; Wallie Beerman (guitarra), da Mizeravão; Nuno Norris (baixo); e Emanuel Venâncio (bateria), a banda se define como rock pesado, berrado em português. Caras que sacam muito desse tal de rock pesado, mas infelizmente não aparecem quase nunca nos palcos. O disco, produzido pela própria banda e por André T (Cascadura, Nancyta, Retrofoguetes), foi gravado entre 2009 e 2011 e contém 10 faixas próprias, além de um cover da Úteros em Fúria. Conta com participações de CH Straatmann (Retrofoguetes) no baixo e de Fernanda Monteiro (Dois Em Um) no violoncelo. O papo teve respostas de Mauro Pithon, vocalista e o homem à frente da banda. Essa nova entrevista retoma a série, que prossegue nas próximas semanas trocando ideía com quem soltou álbum por estas plagas.
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O Que: “Bestiário”
Formato: CD
Onde: no site tortofonogramas.com/bestiario
Por quem: Torto Fonogramas
Preço: Gratuito digital
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– Gostaria que você contasse como foi a concepção do disco. Há um conceito nele?
O disco foi concebido dentro de estúdios de ensaio. Apu Tude e Wallie Beerman traziam os riffs e idéias de harmonia pré-definidas e nós todos demos nossas sugestões. Eu levava um gravador portátil e registrava tudo. Chegando em casa eu começava a criar melodias e depois escrevia as letras. O disco tirando uma letra ou outra fala basicamente sobre a terrível certeza que todos nós temos quando nascemos. A morte.
– Como foi o processo de produção e gravação?
André T se ofereceu pra gravar o disco pelo simples fato de querer gravar a gente. Ele tem o costume de gravar nas horas vagas artistas que não tem condições de pagar os periodos de gravação e que ele simpatiza. Então fomos prontos para o estúdio com as músicas todas arranjadas e bem ensaiadas. Emanuel Venâncio gravou a bateria em um só dia em 2009. Pelo que eu lembro CH Straatmaan (Retrofoguetes) só foi gravar os baixos também em um só dia meses depois. As guitarras gravadas por Wallie e Apu foram gravadas em dois dias no começo de 2010. Fernanda Monteiro (Dois em um) gravou o violoncelo em “Morfina” em duas horas e eu gravei as vozes em dois dias de Janeiro de 2011. André T só conseguiu de maneira brilhante e heróica entragar o disco masterizado em nossas mãos em abril de 2011. E o disco saiu com um resultado como queriamos. Denso, pesado, sombrio, nervoso, mas muito divertido. Quem ouvir alto vai entender o que eu digo.
– Quais foram as principais influências durante a criação e gravação do álbum?
Cada um tem suas influêcias musicais. Particularmente posso falar das minhas. Ouvi muito Slayer e Pantera antes de gravar o disco. Por incrível que pareça a Bahia é a minha maior fonte de inspiração pra esse disco. Quanta coisa feia acontece nesse Estado que é vendido faz tempo como terra da felicidade. Brincadeira de mal gosto.
– Como você insere o disco e o trabalho da banda na música feita na Bahia?
Bestiário é um disco de uma banda que corre por fora, bem à margem inclusive das bandas de rock da terra. Nós somos outsiders por natureza. Nós não falamos de paz e amor, de sol e de praias ou das belezas da nossa terra natal. Nós somos falsos baianos. Eu mesmo costumo ficar de luto toda sexta-feira, faça chuva ou faça sol. Nós falamos e enchergamos o que as pessoas não querem nem pensar e talvez nem queiram ouvir. (risos)
– Como ele está sendo lançado e como encontrá-lo?
O disco está sendo lançado pelo selo local Torto Fonogramas de Sergio Franco Filho (Vocalista da Automata) pela internet no link www.tortofonogramas.com/bestiario/ É só ir lá e baixar o disco todo com as letras, fotos e vídeo clip.
– Gostaria que fizesse um panorama da evolução musical da banda desde o inicio até este disco.
Passamos um ano criando e arranjando as músicas. Começamos a gravar o disco um ano depois. Hoje em dia musicalmente estamos bem, já com novas idéias para o segundo disco, já mentalmente estamos em processo de decadência. (risos)
– Porque em tempos de MP3 ainda lançar um álbum?
Até agora só lançamos em MP3. Não sabemos ainda se lançaremos em outro formato. Queremos que as pessoas tenham o disco de qualquer maneira. Nós gravamos o disco de graça, por isso queremos presentear as pessoas que gostam de rock pesado com as nossas músicas registradas pelo melhor produtor musical do país, na minha humilde opinião.
– Quais sãos os planos de divulgação para este trabalho?
Divulgar por toda a mídia possível. Inclusive nas vias públicas.