Artistas, às vezes, falam muito, falam besteiras, mas também acertam no alvo, dizem o que muitos gostariam de dizer, soltam provocações, blasfêmias e dão a real que muitas vezes nem nos tocamos. Além de canções e discos, o mundo da música sempre foi o que as pessoas ligadas a ele falam. Selecionamos uma nova série de falas de artistas sobre temas relacionados com o meio ou não. Eles nem sempre estão certos, nós nem sempre concordamos, mas no mínimo ajuda a compreender melhor esse universo e alavancar boas discussões. Tiramos falas de entrevistas diversas e até de momentos no palco. Se você lembrar de outras falas pertinentes deixe sua contribuição no espaço para comentários lá embaixo.

“O Brasil está em transição. O Brasil não sabe se é um país moderno ou se ainda está em 1964. Essa geração da direita… eles falam que não existe direita, mas existe direita. Kassab é de direita, Alckmin é de direita, certo? Eles falam que não, mas têm o mesmo modus operandi dos caras da antiga, de usar a força, de usar o poder e de passar para frente o B.O. para outro resolver.”

Mano Brown, em entrevista a Folha de São Paulo

“A sociedade primeiro tem que se sensibilizar. São Paulo é uma terra em que as pessoas são muito individualistas. Usa-se o termo reacionário, né? Grande parte da população vê eles [sem-teto] como um problema e prefere se livrar deles usando o sistema. Isso é uma coisa bem de São Paulo. A pessoa cai aqui, você passa por cima e vai embora. Isso é São Paulo.”

Mano Brown, em entrevista a Folha de São Paulo

“Quem mora lá [na periferia] fica isento de muita coisa, tem um lugar reservado, mas fica longe de tudo. E aqui eles estão perto de tudo –e isso tem um preço. Estar perto do progresso tem um preço. Então querem cobrar esse preço deles. Você não tem direito de estar perto do hospital, da estação de trem, do metrô, você não tem direito de estar a cinco minutos do trabalho. Você tem que estar lá no fundo, onde as pessoas que não têm direito estão.”

Mano Brown, em entrevista a Folha de São Paulo

“Ninguém é dono de São Paulo e o paulista não é dono de São Paulo. O brasileiro é dono de São Paulo, como é também dono da Bahia, dono de Minas Gerais…”

Mano Brown, em entrevista a Folha de São Paulo

“Eu sempre ressalto a diversidade que a gente tem, mas por outro lado reitero que ela é suprimida pela indústria da axé music. E repito, a indústria, não são os artistas do axé ou o axé enquanto estilo musical. Reconheço a importância artística de muitos cantores da axé music, gosto mais de alguns e menos de outros, mas o que sempre critico é a indústria do axé e seus congêneres, que sempre foi muito cruel com as outras manifestações artísticas e musicais da Bahia. É inegável isso. Não há quem diga o contrário. A gente sabe que essa lógica de produção existe em quase todos os lugares do mundo, mas os efeitos para a Bahia são muito corrosivos. É difícil você ter qualquer outra manifestação musical, que tenha público, que não seja a axé music. Eu falo de público, que você tenha casas de shows onde as pessoas vão para assistir Marcia Castro, Manuela Rodrigues, Mariella Santiago, Claudia Cunha. Você tem uma cena do rock que é fiel, mas o rock tem essa coisa da fidelidade pela própria história dele. Acho que a dificuldade em se ter outras manifestações culturais é por causa dessa indústria louca que formatou um público que só quer aquilo.”

Márcia Castro falando sobre a indústria do Axé em entrevista ao site Bahia Notíciais

“Uma das coisas que mais admiro na Bahia é esse povo tão vivo e tão presente e o que eu acho que falta aqui é a gente tentar transformar tudo de belo e bonito que vem da nossa herança africana corporal, que é linda e uma manifestação de paixão, em uma afirmação de potência que vá além do corpo, atinja uma reflexão corporal, uma crítica cultural. E isso não significa fazer uma coisa “cabeção” não, porque tem coisas que não são cabeção e cumprem esse papel. Gilberto Gil, por exemplo. Há uma música mais corporal que a de Gilberto Gil?! Gil é o próprio corpo, mas é o corpo ali dançando com a afirmação de tantas outras coisas, que não só do corpo e que é tão bonito de ver. A gente sente falta…”

Márcia Castro falando sobre a indústria do Axé em entrevista ao site Bahia Notíciais

“O rock’n roll já foi declarado morto muitas vezes desde que nasceu. E acho que é isso o que deve acontecer com ele. Faz parte da essência do rock morrer e nascer de novo. O rock não foi feito para ser essa presença constante, é de sua natureza própria ir e voltar, nascer e morrer e ressuscitar. Não é um estilo para aquele senhor velho sentado na esquina esperando ficar ainda mais velho, são canções para pessoas que estão à margem, jovens, esperando algo acontecer. E isso vai rolar: ele vai nascer de novo, em algum lugar que eu não sei qual. Como eu te disse antes: nesse exato momento tem alguém fazendo barulho em uma garagem, e logo esses caras vão colocar o mundo de ponta cabeça de novo. Eu já parei de me preocupar com a morte do rock, porque sei que assim que as coisas devem acontecer.”

Duke Erikson do Garbage, em entrevista ao site Scream & Yell

“Tudo está muito dividido hoje. Eu acredito que por a nossa cultura ter mudado tanto, as pessoas não acham mais a exclusividade algo importante. As pessoas que me dizem que só gostam de um tipo de música; eu queria socar a cara delas. Me deixa louco, portanto eu estou contente que essas barreiras estão sendo derrubadas”.

Adam Levine, vocalista da banda Maroon 5, em entrevista ao jornal britânico The Sun

“Ela é um pesadelo. Desculpe, mas a carreira dela acabou. A turnê dela está sendo um desastre e isso não poderia acontecer com uma mulher dessas. Se Madonna tivesse algum senso, ela teria feito um disco como ‘Ray of light’ e ficado longe dessa coisa de dança. Seria uma grande cantora pop e faria grandes discos, o que ela faz brilhantemente. Mas não, ela tinha que provar algo e parecer uma stripper. Ela tem sido horrível com Gaga”.

Elton John falando de Madonna, em entrevista a uma TV australiana

 

“É muito legal toda essa movimentação que está tendo em São Paulo. Gosto muito do Romulo, Tulipa [Ruiz] e de vários outros, como o Criolo… Eu o conheci e fiquei admirado com a sua figura e o seu trabalho. Mas uma crítica que tenho em relação a esta história de nova cara da MPB é que às vezes a música parece seguir tendências, assim como a moda: vou usar isto, vou usar aquilo, vou usar aquilo outro… Ouço muitos trabalhos parecidos, repetitivos, com o mesmo tratamento, sabe? Com o mesmo som de bateria, a mesma instrumentação… Estas coisas me cansam um pouco. Parece que há uma cartilha indicando qual é o tratamento adequado para que o seu disco esteja na moda. E isto parece vir à frente da música. Como se a produção fosse mais importante que o conteúdo. Vejo produções incríveis onde a canção não tem a menor importância.”

Domenico em entrevista para o blog Banda Desenhada

“A indústria fonográfica tem esse pensamento: “Se você não for Ivete Sangalo e não vender milhões, não nos interessa”. Assim, cada vez mais sinto que o que faço é uma agricultura familiar. Faço a mesma coisa que o senhor que vende batatas na feira, que vai aos poucos conquistando a sua freguesia. É um negócio pequeno que vai chegar a um grupinho aqui, a outro ali… Na verdade, é claro que me preocupo se as pessoas vão gostar. Quero ser reconhecido e tudo mais, mas as minhas inquietações e a criação artística são totalmente pessoais. O mais importante é que eu acredite naquilo. Quando lancei o “Cine Privê”, veio um crítico de São Paulo me falar: “Ah, você deveria ter sido mais ousado! Porque o seu outro disco era mais experimental”. Eu não acredito que o meu outro disco seja mais experimental que este e nem acho que o experimentalismo tenha que estar à frente da minha música ou virar uma marca. Fico um pouco chateado com esses comentários, mas não vou mover uma palha para alterar o meu trabalho, sabe? “Porque o meu público quer”… A maior parte das pessoas querem mais do mesmo, cara! Este é o grande problema.”

Domenico em entrevista para o blog Banda Desenhada

“Todos estão muito dependentes das máquinas! Você toca só um pedacinho e aí repete o trecho várias vezes! A música perdeu um pouco a humanidade, o sentimento. A crise da música também passa por esta questão. Não se trata apenas de um problema econômico. As pessoas compram um disco e não conseguem mais sentir nenhum traço de emoção. Aí, você vai para o Youtube e tem um cara tocando violão com um som de merda e sendo assistido por milhares e milhares de pessoas. Porque ali há um ser humano. Então, a busca pela autenticidade me é muito cara. Porque passa pela minha infância, pelo momento em que comecei a lidar com música. Para mim, essa época é matéria de poesia, mas não a utilizo de forma saudosista. Meu som é contemporâneo, feito com a cabeça que tenho hoje. Não quero reproduzir exatamente o que se fazia no passado.”

Domenico em entrevista para o blog Banda Desenhada

“Hoje qualquer um tem uma plaquinha de áudio em casa, mas normalmente gasta pouco tempo com as gravações. A internet é muito sedutora, então os artistas que estão começando gastam muito tempo divulgando músicas que gastaram pouco tempo fazendo. Esse é um dos grandes problemas da música atual. Na nossa época, gravar era um evento, era caro, então a gente se preparava muito.”

Henrique Portugal, tecladista do Skank e apresentador do Programa “Frente” na rádio UOL, em entrevista ao caderno Mundo Plug do Jornal Gazeta de Limeira

“As bandas ficaram mais independentes, muito segmentadas. Tem poucos artistas novos que se tornaram mainstream, por isso ainda há Madonna, U2, Paul McCartney fazendo turnês. É uma transição da música, da forma como é divulgada, comercializada. Essa fragmentação dificulta muito o sucesso em grande escala. Então temos um tanto de bandinhas que fazem sucesso regional, mas não passam de 30 quilômetros da fronteira da cidade.”

Henrique Portugal, tecladista do Skank e apresentador do Programa “Frente” na rádio UOL, em entrevista ao caderno Mundo Plug do Jornal Gazeta de Limeira

“A realidade é que, no momento, o sertanejo vai muito mal, completamente em baixa. O momento da música sertaneja é caótico. O termo sertanejo está lá em cima, a música está lá no chão. Pelo que nós sabemos, o conteúdo poético é presente na história da música sertaneja, e hoje ele está praticamente morto. Nós tentamos segurar as pontas, fazer nossa parte, colocar um traço poético nas nossas letras. Só que o mercado está atrás de sucessos extremamente fáceis, e isso está sendo a bola da vez. Nós não embarcamos nesse mercado”.

Victor da dupla Victor e Leo em entrevista ao site Universo Sertanejo

“Hoje em dia as gravadoras não tem mais dinheiro. Os artistas que abraçam ou é por falta de opção, ou por falta de iniciativa mesmo. Hoje a gravadora é mais uma etiqueta, uma grife. Para mim não representa mais nada, estou há muito tempo longe desse meio. Caso role alguma coisa nova no Planet, acredito que será de forma independente. Se você vai criar, vai fazer tudo sozinho, não tem motivo pra se submeter a uma gravadora. Acho que a gravadora não tem mais o que oferecer.”

Rafael Crespo do PlanetHemp em entrevista a Radio UOL

“O fato de ser mais criterioso com shows é justamente por esse motivo. Se você fica fazendo um monte de show que você não ganha nada, você vai sempre fazer um monte de show que não ganha nada. Se você é criterioso e espera fazer show nos lugares que você sabe que ali vão pagar uma estrutura direito, você está colocando um valor de mercado, que você não vai descer aquele valor de mercado, senão você não vai subir, entendeu? O critério é nesse sentido. Então o fato deu fazer quatro shows por mês, aqueles shows tem que ser bom esquemas, entendeu? Na verdade isso é uma coisa criteriosa a nível de colocação de mercado.”

Lucas Santtana em entrevista a Bruno Natal para o site do Oi Acontece


“Só mais uma p***** de minuto. Vocês vão me dar uma p***** de minuto? Olhe aquela p***** de sinal ali: um minuto. Eu estou aqui desde 1988. E vocês me dão uma p**** de minuto? Vocês só podem estar brincando. Não sou a p***** do Justin Bieber, seus p*****. Vocês só podem estar brincando, p*****. Só tenho um minuto. Um minuto. Oh, agora não tenho mais nada. Deixem eu mostrar o que a p***** de um minuto significa.”

Billie Joe Armstrong, vocalista do Green Day, em pleno show no festival iHeart Radio, em Las Vegas, antes de quebrar sua guitarra após um sinal da organização que informava que a banda só poderia tocar por apenas mais um minuto. O Green Day havia perdido 20 minutos de seu set para que Usher pudesse ter mais tempo no palco.

“Sempre haverão ciclos – algo que é popular e que depois voltará a ser popular. Eu lembro quando a música eletrônica ficou popular nos anos 90 e, alguns anos depois, era embaraçoso dizer que gostava daquilo. Eu acho que tem mais a ver com a indústria musical atual e as rádios, cara. Eles definem esse balanceamento do que é popular e, se você é um DJ de rádio, geralmente te dizem o que tocar. Você não pode colocar o que quiser. Então, é mais difícil divulgar seu som por lá. Acho que um movimento tem de surgir para [o rock] voltar. Isso abriria muitas portas para inúmeras bandas.”

Dan Auerbach, vocalista do Black Keys, em entrevista à Rolling Stone Brasil

“Acredito cada vez menos no gênio isolado, sabe? O mundo caminha para soluções coletivas, solidariedade, o entendimento coletivo entre as pessoas. Isso faz com que elas ampliem sua percepção sobre a música moderna contemporânea africana, que é o que o afrobeat é: ele propõe o moderno.”

Letieres Leite em entrevista a revista Raça Brasil

“O que eu vivi na música da Bahia é que os grandes empresários perceberam que a música negra tinha retorno com o público e gerava lucro, e se apropriaram. O que foi negativo é que se apropriaram de uma maneira extrativista. Não replantaram. Apropriavam-se das boas ideias produzidas na periferia, produzidas no gueto por músicos negros e não distribuíam para o negro de volta.”

Letieres Leite em entrevista a revista Raça Brasil

“(…) com o tempo eu fui entendendo e gostando mais de Salvador, e vendo que eu fazia bastante parte daqui. Antes eu achava que não, me perguntava o que eu tinha a ver com essa cidade e hoje eu não me imagino em outro lugar. Eu acho que sou super baiano. E foi engraçado quando eu trabalhei com o pessoal da Lunata, mais novos, com um som mais melodioso, meio Hermanos, indie, e eles me disseram que não se identificavam com a cidade, e eu disse que eles deveriam se ver aqui, porque esse tipo de som existe aqui há muito tempo. A gente brigou muito tempo com um tipo de cidade, e isso ficou tanto em nossas cabeças que nos desvincula dela. A cidade do turismo e tal, que é legal também, mas não é só isso. Aí rolam umas coisas esquisitas, como ser entrevistado aqui e as pessoas perguntarem por que rock, quando Raul Seixas é daqui, sabe? Quando a cidade teve um monte de vanguarda, pensamentos modernos pra caramba, no cinema, com Glauber, muito à frente no tempo, um cara com uma visão muito aberta, de Vitória da Conquista. Tem isso também, a arte do interior da Bahia é muito forte. Aqui teve Soul Music com Hyldon, a base do Tropicalismo, da Bossa Nova. A gente fica viciado em criar um estigma, como se isso tudo tivesse sido um acaso e pronto. Não foi só um momento, a cidade se configurou assim, essas pessoas dialogavam e aconteceu. Então eu vejo hoje a cidade buscando de novo isso, com blogs, com sites, programas de TV, como o Mê de Música, a gente lançou a Bequadro, uma revista de música, as bandas de rock, os artistas de música brasileira. Isso tudo junto é algo pra ser olhado, percebido. Pô, na cidade estão acontecendo coisas. E eu não me mudaria daqui porque é a gente que faz a cidade. E ela está fervilhando, não só no circuito que eu frequento, mas muito mais pra lá, nas periferias, a cidade está acontecendo. Às vezes não fica no foco do que é nacional, ainda Rio e São Paulo pautam o que é forte. Tudo bem, mas a gente não pode só se pautar por eles, a gente tem que olhar pra dentro, pro Nordeste, pra também não cometer o mesmo erro que eles quando olham pra cá.”

Ronei Jorge, perguntado por que morar em Salvador, em entrevista para o blog Todos Dizem Xis

“Brega para mim é o preconceito em todas as suas faces… O preconceito de uma elite que nega suas raízes e paga caro para ouvir algo que, no fundo, nem curte, mas considera hypado”

Gaby Amarantos em entrevista à revista Pop Up Magazine

“É o caminho. Se você não experimentar coisas novas, diferentes, vai continuar o mesmo e viver do passado. E aí que diferença o rap vai fazer na música? Nenhuma. Vai ficar velho, ultrapassado, as pessoas não vão dar mais ouvidos, tipo ‘de novo, esse cara com essa mesma ideia?’. A nova geração sacou isso porque cresceu ouvindo a gente.”

Edi Rock, do Racionais MCs, respondendo sobre o novo cenário do rap em entrevista ao Jornal Estado de São Paulo

“É um processo natural. Os outros ritmos também sempre dialogaram. Dentro da música brasileira você vê muito isto. Além do mais, esse negócio de classificar um artista como sendo da MPB já não existe mais. Hoje em dia, o que é MPB?! Desde que comecei a rimar, sempre tive contato com músicos de todos os tipos. Sempre trabalhei com pessoas que não eram só do rap. Somos pessoas criativas, fazemos arte, fazemos música e interagimos. O que percebo é que se alguém for conversar com o baixista da cantora x, o cara vai falar: “Você baixou o último do Mad Lib? Você gosta de Notorious B.I.G.”? É assim, gente! O rap já está por aí há muito tempo, na verdade. Só que agora ele firmou e expandiu, já não sofre mais com tantos altos e baixos… Muito mais gente passou a entender e houve um crescimento real. O rap se tornou uma vertente dentro da música brasileira. Ele está se igualando e chegando ao mesmo patamar dos outros gêneros.”

Lurdez da Luz em entrevista ao blog Banda Desenhada

“Toda vez que um movimento hegemônico se apresenta, não interessa qual é o gênero musical, o mais prejudicado é o próprio estilo. Apesar da década de 80 ter gerado artistas seminais como Barão Vermelho e Cazuza, Renato Russo e a Legião Urbana, Titãs, Ultraje [a Rigor], pra cada um desses existiam 10 Dr. Silvana [banda de rock carioca], e outras porcarias que falavam em nome do rock e preenchiam os programas de auditório. O rock se desgastou muito nessa época. Como gênero musical, deixou que suas principais características de rebeldia, discurso e atitude e até de uma música mais agressiva, fosse passado para um gênero que virou, em muitos momentos, comercial de sandália Melissa. Sobre agora: antigamente era pior, depois foi piorando. Apesar de trabalhos muito legais como O Rappa e Planet Hemp, tivemos um declínio importante de discurso. Faltaram, tirando essas poucas exceções que eu citei, novos poetas. Mas acredito que a criatividade é cíclica. Novamente virá um gênero que agrida as convenções estabelecidas.”

Nasi em entrevista ao G1

“Hoje não tem mais bandas boas.”

Nasi em entrevista ao G1

“Existe uma ideia sobre os anos 60 e as drogas que pertencem ao contexto da contracultura. Liberação politica, sexual e ideológica. A droga fez parte do ponche desse momento e de uma inocência muito grande. Hoje temos os estudos sobre as sequelas, e sabemos como funciona o mundo do crime e do tráfico. Nos anos 60 existia razão pra inocência da droga como fator de libertação. Hoje não temos mais o direito. Naquele baseado que você fuma, no pó que você cheira, existe sangue de criança para o produto chegar fresquinho na sua mão. Esse trinômio não faz mais sentido.

Nasi em entrevista ao G1

“Não tenho a menor pretensão de criticar a crítica. Eu comento o meu trabalho e assino embaixo. O crítico escreve o texto dele e assina embaixo. Pronto, cada um é cada um! A amizade permanece igual. (risos) Construo o que posso, o que julgo mais bacana, com imensos carinho e dedicação. Muitos se arrepiam e me agradecem: “Nossa, que coisa maravilhosa!” E há aqueles que torcem o nariz: “Negócio chato, meu Deus!” Numa boa. Não preciso seduzir a torcida do Flamengo inteira. Encantar alguns já me satisfaz. Na verdade, a opinião do público e da crítica deixou de me surpreender. Aprendi que, quando falam de mim, fãs e desafetos estão falando de si mesmos, do modo como encaram as relações, os problemas, os sonhos. Sirvo apenas de pretexto”

Marisa Monte em entrevista à revista BRAVO

“É uma geração de artistas-operários, surgida em plena derrocada das grandes gravadoras e que, alijada da indústria, se viu obrigada a dar conta de todo o processo de construção de uma obra musical. Esse abandono, aliado ao avanço e ao acesso facilitado à tecnologia, constituiu uma geração especialmente ligada ao processo de gravação. O “som” produzido por ela, talvez até mais que suas canções, é o que a destaca em relação às demais. E, uma década mais tarde, milhares de discos produzidos depois, não é difícil imaginar o grau de excelência técnica a que se chegou. Pois agora, de posse de sua obra e de sua carreira, é chegada a hora dessa geração conquistar uma voz mais forte, que diga a que veio e que rompa a barreira do anonimato imposta à ela.”

Rômulo Fróes em entrevista a Folha de São paulo

“Acho mesmo muito importante o que fizemos com a música brasileira do ponto de vista da gravação em disco, do som, acho um capítulo novo na sua história. Afinal, já faz uma década que tivemos que dar conta de gravarmos nossos próprios discos, mas penso que o desafio agora é criar um conjunto de canções que tenham a mesma força desse som que criamos. Já estamos no caminho.”

Rômulo Fróes em entrevista a Folha de São paulo

“Essa é uma geração das mais brilhantes da história da música brasileira!”

Rômulo Fróes em entrevista a Folha de São paulo

“Quando digo fracasso, não estou dizendo que fracassamos. Muito pelo contrário, inventamos um jeito de produzir nossa música e fizemos isso de maneira brilhante. Quando falo em fracasso, penso, em parte, no grande público, que, alimentado pela indústria, ainda é viciado nas fórmulas de difusão tradicionais (rádio, TV), praticamente fechadas para nós independentes. E penso também nas viúvas da MPB, que acreditam que não seja mais possível aparecer uma nova geração de artistas à altura da surgida com os festivais. O fracasso iminente a que me refiro e a que estamos expostos desde sempre é essa percepção consolidada do ouvinte médio de que não faremos sucesso e que não corresponderemos às expectativas de nossa gloriosa história musical. Acho que vem daí uma certa retração dessa geração. Não queremos canalizar nossa energia na construção de um pensamento, se de cara esse pensamento é dado como vencido e ultrapassado. Por isso, botamos nossa energia na construção de nossa música, gravando discos aos milhares e espalhando nossa música pela internet para levá-la até onde for possível. E essa força de produção já começa a dar resultado. Quem tiver interesse em ouvir e pensar essa nova música brasileira que vá atrás. Nós estamos fazendo nossa parte, produzindo e compartilhando essa nova música.”

Rômulo Fróes em entrevista a Folha de São paulo

“Nunca foi tão importante fazer e pensar arte. Justamente quando tudo parece ter perdido relevância, quando a criação se torna tão desencantada, sem propósitos históricos, estéticos ou políticos, é a hora de se voltar à arte como fruição pura e simples. Fazermos arte pela necessidade pessoal de cada um, por uma possibilidade de transcendência, individual que seja. Eu acredito na transcendência da arte e na força multiplicadora que ela tem. Foi ela, para dizer o mínimo, que me possibilitou uma mobilidade social.”

Rômulo Fróes em entrevista a Folha de São paulo

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