Série de livros Sons da Bahia, da Editora Pinaúna, apresenta diversidade da música baiana, com publicações sobre reggae e samba.
A música da Bahia é muito conhecida por sua enorme diversidade, mas poucas são as publicações que tratam dessa produção local e de sua história. A série Sons da Bahia, da Editora Pinaúna, pretende diminuir um pouco esse vácuo. Três livros acabam de ser lançados com esse intuito: ‘Chegou a Hora dessa Gente Bronzeada Mostrar Seu Valor: Samba e Brasilidade em Assis Valente’, de Sueli Borges; ‘Guerreir@s do Terceiro Mundo – Identidades Negras na Música Reggae da Bahia’, de Fabrício Mota; e ‘O Reggae de Cachoeira: Produção Musical em Um Porto Atlântico’, de Bárbara Falcón. O próximo lançamento da série inclui publicações sobre o bloco Ilê Aiyê, o grupo Doces Bárbaros e a cantora Maria Bethânia.
Um dos mais ilustres compositores baianos da história, Assis Valente é o tema de um dos livros. ‘Chegou a Hora dessa Gente Bronzeada Mostrar Seu Valor: Samba e Brasilidade em Assis Valente’ analisa a vida e a obra do artista, que fez sucesso na voz de Carmen Miranda e posteriormente dos Novos Baianos e em breve também será foco de uma biografia do jornalista e pesquisador Gonçalo Jr. O trabalho de Sueli Borges aborda a as composições e a história de Assis relacionando com o período e a cultura de sua época, mostrando como a música servia para reforçar a identidade brasileira em meio a uma sociedade marcada pela herança escravocrata, racista e centralizadora.
O foco de outro dos livros é a música e os movimentos sociais, procurando mostrar a ação dos grupos humanos e suas estratégias de mobilização e intervenção na vida pública. Em ‘Guerreir@s do Terceiro Mundo – Identidades Negras na Música Reggae da Bahia’, Fabrício Mota discute a mobilização dos negros na Bahia depois da fase de reafricanização do carnaval (1970), para demonstrar como o reggae foi decisivo na luta pela afirmação dos descendentes de africanos no país. o foco está nos anos 80 e 90, quando o reggae ganhou força no estado.
Também com foco no ritmo de origem jamaicana, ‘O Reggae de Cachoeira: Produção Musical em Um Porto Atlântico’ mostra como jovens do Recôncavo baiano, em busca de espaço no ambiente musical, fizeram do lugar um forte núcleo de produção do reggae. De lá surgiram nomes como Edson Gomes, Sine Calmon e Nengo Viera. Através de músicas, depoimentos, capas de discos e espetáculos, a autora Bárbara Falcón demonstra a força dessa música.A idealização da série é da própria Bárbara Falcón, que é antropóloga e criou o projeto com o objetivo de dar tratamento acadêmico à produção musical baiana e, ao mesmo tempo, aproximar o grande público de trabalhos de pesquisa, normalmente, restritos à academia. “A ideia é democratizar conhecimento, trazer para as pessoas um pouco do que está sendo refletido dentro das universidades”, diz Bárbara.
Tanto ela, quanto os dois outros autores são pesquisadores que desenvolveram seus trabalhos de mestrado no Pós-Afro, Programa de Pós-Graduação do Centro de Estudos Afro-Orientais/Universidade Federal da Bahia.
Com uma proposta de democratizar os conteúdos, a editora vai distribuir os livros gratuitamente em bibliotecas, universidades e espaços culturais das cidades de Salvador, Camaçari, Cachoeira, Santo Amaro e Feira de Santana, além de disponibilizar download gratuito no site da série (sonsdabahia.wordpress.com)