Pouco mais de vinte anos após sua morte, Kurt Cobain permanece como um ícone do rock mundial, talvez o último com tão forte apelo. Sua vida e carreira se tornaram alvo de livros, filmes e muita polêmica, especialmente devido a causa de sua morte, suicídio, segundo a polícia.
O documentário “Kurt Cobain – Montage of Heck”, que volta a cartaz essa semana em Salvador, conta mais sobre a trajetória do líder, vocalista e guitarrista do Nirvana e abre espaço para mais discussões. Em Salvador, o filme já havia sido exibido em apenas duas sessões em junho, no Cinemark, mas agora os fãs terão outra oportunidade, já que será exibido durante toda semana na Sala Walter da Silveira. As sessões serão sempre às 19 horas, a partir desta quinta-feira (13 de agosto) até a outra semana, na terça, dia 18. A entrada é gratuita.
Dirigido pelo documentarista Brett Morgen, o documentário tem como trunfo as revelações do diário de Kurt Cobain, no qual o filme é baseado, e a compilação de alguns materiais inéditos, como filmagens, áudios e mixtapes. Alternando esse material com sequências em animação e entrevistas com sua família, companheiros de banda e envolvimentos românticos, o filme mostra a vida do cantor da infância até o declínio causado pelo vício em heroína.
Morgen passou oito anos mergulhado na vida de Cobain e teve acesso exclusivo aos arquivos pessoais do músico e a pessoas de sua família, como seus pais. Em entrevista ao “New York Times”, o diretor revelou um pouco do sofrimento que foi para ele fazer o filme. “Essa odisséia Cobain consumiu oito anos da minha vida, me levou tudo o que eu tinha. Quando acabei a edição do filme, em janeiro, fui ao banheiro e chorei por 25 minutos”, disse.
O filme, que já foi exibido na HBO americana e quem fuçar pode encontrar na internet, traz Cobain desde a infância em Aberdeen até a explosão com o Nirvana e sua morte em 1994. Além do material mais pessoal, traz também imagens dos shows que o Nirvana grupo fez em 1993 no Morumbi e no Sambódromo.
Polêmicas
A co-produção foi de Frances Bean Cobain, filha de Kurt, mas o filme, apesar de ser considerado íntimo, foi bastante criticado por gente como o escritor Charles R. Cross, autor de três livros sobre a banda e sobre Cobain, incluindo a biografia “Heavier Than Heaven”, e por Buzz Osbourne, amigo e líder da banda Melvins, da qual Cobain era fã. No site The Talkhouse, Buzz escreveu: “Antes de tudo, vocês precisam entender que 90% de ‘Montage of Heck’ é besteira. Isso é uma coisa que ninguém entende sobre Cobain, ele era um mestre em tirar com a sua cara”. O músico inclusive contestou o alegado motivo para o vício de Cobain em heroína, sua fatídica e incurável dor de estômago: “Ele me disse que não tinha nada de errado com seu estômago. Ele inventou isso para ter simpatia das pessoas e poder usar como desculpa para se drogar”.
Décadas depois de sua morte, Cobain segue a cartilha dos ícones do rock, além da idolatria à sua música, permanecem as polêmicas em torno de seu nome e de sua vida. Se o filme apenas explora a imagem do músico ou se é um bom material para ser apreciado pelos fãs, fica a critério do público.