O líder da Maglore, Teago Oliveira fala nessa entrevista sobre mudança da banda para São Paulo em busca de novos rumos.
Uma das boas revelações da música baiana nos últimos anos, a banda Maglore está de malas prontas para São Paulo. Inicialmente para passar seis meses, o grupo parte no próximo dia 22 em busca de novos desafios. A banda já tem shows marcados por aqueles lados, mas antes faz dois shows de despedida, um na noite deste sábado (dia 10), no Groove Bar, e outro no dia 18, no Portela Café. Depois da mudança alguns shows já estão certos: dia 28 de março, no Rio; dia 3 no Studio Sp, em Sampa, além de apresentações em abril, maio e junho, que deve incluir cidades do interior de São Paulo, além de Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Para contar sobre os planos dessa mudança e os próximos passos da banda, o el Cabong bateu um papo com Teago Oliveira, vocalista, guitarrista e principal compositor do grupo.
Veja outras entrevistas no el Cabong
– Acha que ainda é necessário sair daqui?– Primeiro gostaria que contasse como surgiu a decisão de partir pra São Paulo?
Teago Oliveira: Na verdade não estamos partindo em definitivo, vamos passar 6 meses lá porque queremos centralizar mais a rota do Sudeste e passar pela experiência de morar com toda a banda, receber bandas amigas, trazer bandas da Bahia pra São Paulo, enfim, interagir mais com a cultura paulista.
– Acha que ainda é necessário sair daqui?
Teago: Existem várias hipóteses em que se deve sair de Salvador, não por culpa da cidade. Salvador nos fez reverberar em boa parte do país, graças ao público daqui a gente conseguiu destaques em importantes mídias do Sudeste e do resto do país. Estamos saindo porque queremos viver mais coisas novas, coisas diferentes, respirar outros ares também. É lógico que aqui o mercado é bem menor, mas nós conseguimos fazer daqui nosso próprio mercado, nos orgulhamos muito disso, mas é como disse, tá na hora de viajar por mais tempo do que apenas sair pra fazer turnê e voltar, tá na hora de viver outras coisas, já.
– E essas coisas que planejam vivenciar inclui fazer mais shows, circular na região, aparecer na midia? O que exatamente?
Teago: A gente tá indo viver. Não tem nada planejado não, deu na telha de ir passar um tempo fora, fazer menos show. Conhecer gente de lá, morar junto, tocar todo dia, organizar a casa, acho que não vamos fazer mais nem menos, talvez no início menos shows, porque é a fase de se adaptar, mas não dá pra prever. A gente quer viver de música, mas também queremos evoluir com isso, somos uma das bandas independentes que mais fizeram show no ano passado, foram mais de 90. É cansativo, mas prazeroso, esse ano talvez façamos mais ou menos, a depender de como vai ser o próximo disco, como a energia nova vai influenciar nos processos! Aí provavelmente a gente toque em Salvador de 3 em 3 meses, ou de 4 em 4 meses. Aí fim do ano a gente volta pra Salvador, se der na telha de ficar a gente fica, se rolar de ir pro Sul a gente se muda, se não rolar e tiver que voltar pra salvador, a gente volta. Aqui não tá ruim, não!
– Vocês têm circulado bastante. Como tem sido a receptividade ao som de vocês? O que acham que precisam agora pra dar um salto?
Teago: Rapaz, a receptividade nas três cidades que mais tocamos é quase a mesma, com mais força em Belo Horizonte. Está naquela fase inicial de um ano de banda em Salvador, o público bem participativo nos shows, a galera ficando amiga e mais próxima da gente. Tá muito massa o nosso publico em Bh, no Rio e em Sampa. Quanto a esse lance de salto é um pouco complicado, a gente sabe que o tempo que a gente vive é outro. Não tem tanta pressa pra salto não, é melhor você andar e construir algo bom pra você do que tentar saltar e depois cair. Eu acho que independente do salto a gente tem que trabalhar, lógico, encarar a atividade como algo estritamente profissional, mas antes disso tudo vem o compromisso com a música e a diversão de se trabalhar no que se ama. A gente curte muito tocar e criar coisa nova, a todo momento a gente brinca com novas estéticas musicais, estamos numa fase de experimentar mais coisas. O primeiro disco foi um susto, a gente apenas gravou umas músicas sem muita ideia estética e funcionou numa velocidade muito grande pra gente. Acredito que agora, tanto no palco como dentro do estúdio, a gente tá mais seguro do que que a gente é.
– E o disco novo? Como fica com essas mudanças? Vão gravar lá mesmo?
Teago: O disco ainda é uma incerteza. Minha vontade é gravar em Minas, com o pessoal do Transmissor produzindo, mas fico dividido entre gravar aqui também, com Solovera, andré T (N.R. responsável por discos de Pitty e Cascadura) ou Tadeu (Mascarenhas) (N.R.). Falando em Tadeu, ele gravou nossa versão de ‘O Velho e o Moço’, pro projeto da Musicoteca (tributo ao Los Hermanos). Ele tá na mesma “vibe” que a gente, a gravação foi totalmente aberta, se errar errou, a energia foi ótima, a gente gostou demais de gravar essa música, eu fiquei muito orgulhoso da versão, ficou bem próximo do que queríamos.
– E entre essas mudanças e essa ideia estética mais consolidada, o que dá pra adiantar do novo disco?
Teago: A gente é essencialmente uma banda de música popular, na verdade a gente faz musica brasileira, dá pra correr disso não. Às vezes uma influência pra bossa, pra ijexá, surge, às vezes a gente fica mais rock. Na real esse CD vai mostrar de novo nossas influências, só que sob uma nova perspectiva, outros temas vão surgir. É bem diferente gravar agora do que gravar com 5/ 6 meses de banda, onde você ainda está pensando em repertório de show. O disco vai ser música brasileira, mas como temos uma formação de banda de rock (duas guitarras, teclado, baixo e batera) as coisas vão se misturar, pode sair mais rock ou menos rock do que o Veroz (primeiro disco da banda, lançado em 2011).
– Parece que as bandas de rock de Salvador estão olhando mais pra a realidade em volta e mostrando isso no som ou nas letras, isso serve pra vocês também?
Teago: Eu acho que composição é um conjunto de vários fatores: momento, inspiração. No caso da gente, os temas são variados, a gente circula muito fora, vê muita coisa acontecendo. Gosto de falar às vezes sobre política, mas não gosto de fazer música de protesto, então faço com um pouco mais de lirismo. Pedro pondé é mais eficiente em ir direto ao protesto, eu sigo outra linha. Às vezes falando da gente, de quem a gente ama ou da nossa cidade, a gente também está falando de um monte de outras coisas. Eu não sei dizer se a gente fala só do próprio umbigo, sei te dizer que nosso EP de 2009 claramente falava de um relacionamento.