Com mudanças, Prêmio da Música Brasileira mostra diversidade com forte presença da cena contemporânea; veja lista

32ª edição da premiação traz nomes como Amaro Freitas, Black Pantera, Tássia Reis, Os Garotin, Liniker, Jota.Pê, Yago Oproprio, além de vários baianos, como Duquesa, Taxidermia, Rachel Reis, Sued Nunes e Melly.

Os grandes prêmios de música costumam deixar de fora a produção que não faz parte da lógica mainstream, privilegiando nomes vinculados a grandes gravadoras e com privilegiado espaço midiático. Também costumam não estar sintonizados com as novidades musicais e apostar em propostas mais conservadoras. Neste ano, Prêmio da Música Brasileira – agora batizado como Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira graças ao novo patrocinador – mostra uma atualização em sua categorias e indicados que aproxima das mudanças que temos assistido no mercado e dá conta de fazer um apanhado abrangente, e mais real, do que acontece na produção musical brasileira.

Criada em 1987 pelo empresário José Maurício Machline, o prêmio alterou o formato das categorias em sua 32ª edição. Até ano passado, todas as categorias eram divididas em Melhor Intérprete, Melhor Grupo e Melhor Lançamento, incluindo ainda Melhor Dupla na categoria Regional. Agora são são apenas duas sub-divisões, Artista e Lançamento. Ao todo, o prêmio traz agora 17 categorias, que aglutinam todos os indicados, resultando num panorama interessante da atual música brasileira e de futuro.

Outra mudança significativa aparece em algumas categorias. A antes categoria Música Urbana foi a que sofreu a maior alteração. Antes ela aglutinava “Pop / rock / reggae / hip hop / funk”, este ano ela foi desmembrada e se transformou com cada um desses gêneros virando uma categoria específica. Com isso, parte da cena musical mais atual ganhou mais espaço, ocupando mais categorias. Nomes mais novos, que normalmente passariam em branco em premiações deste tipo, ganharam importante indicações e uma visibilidade além de seus nichos.

Outra mudança foi a inclusão da categoria Raízes no lugar da antiga Regional, uma atualização importante, que retira um caráter preconceituoso e a síndrome de diminuir as produções não-urbanas e fora do eixo Rio-São Paulo como algo de certa forma menor. Apesar de ainda trazer uma diferencial, soa muito mais respeitoso e entendo um pouco mais que essa produção é a base da música brasileira.

Categorias

A categoria Rap & Trap estreia e traz como indicados BNegão, Emicida, Mv Bill, e nomes mais novos como Duquesa e Yago Oproprio como Melhor Artista. Parte dos nomes se repete na subcategoria de Lançamentos, reunindo Emicida com o single ‘Acabou, mas tem…’; Mv Bill com o álbum ‘Na visão do morador’ e Yago Oproprio com o álbum ‘Oproprio’, além de Criolo, Dino d’Santiago e Amaro Freitas com o single ‘Esperança’ e Marcelo D2 + SambaDrive com o álbum ‘Direct-to-Disc’.

A nova categoria Reggae é uma das que trazem mais boas surpresas. Além de nomes mais consagrados como
Armandinho e a banda Planta e Raiz, traz também a ótima maranhense Nubia, a banda novata baiana Mukambu e o cantor e compositor catarinense Dasplanta. Na parte de Lançamentos de Reggae, os lançamentos trazem também nomes repetidos, Armandinho com o single ‘Desses olhos tenho medo’, Mukambu e Nubia com os álbuns, ‘Do gueto ao kilombo’ e ‘Sabores’, respectivamente, além os singles ‘Coração Âncora’, de Céu e RDD e ‘Love to Jah’, de Gustah, Julian Marley e Rael.

Outra das novas categorias, Funk preenche uma lacuna numas das cenas mais ativas e populares da atualidade. Entre os indicados estão Deize Tigrona, MC Kevin o Chris, Pedro Sampaio, Torya e Valesca Popozuda como Artista. Na parte de Lançamento, aparecem dois álbuns, ‘Não tem rolê tranquilo’, de Deize Tigrona, e ‘Astro’ de Pedro Sampaio,além dos singles “Ram tchum”, de Dennis, Ana Castela e Mc Gw, “Amor de Carnaval”, de Jup do Bairro, Maria Alcina e Pagode da 27, e “Sua preferida”, de Ludmilla, Wiu e MC Kevin o Chris.  

A Categoria Pop traz nomes de peso dessa música contemporânea ao lado de nomes que se destacaram recentemente.
Eles fazem uma dobradinha nas indicações como Artista e Lançamento, Céu, Liniker, Melly, Os Garotin e Tássia Reis, com seus respectivos álbuns ‘Novela’ , ‘Caju’, ‘Amaríssima’, ‘Os Garotin de São Gonçalo’ e ‘Topo da minha cabeça’.

A Categoria Rock também mescla nomes consagrados com nomes oriundos da da cena independente recente, com CPM22, Fresno e João Gordo, ao lado das bandas Black Pantera e Carne Doce, como Artistas indicados. Em Lançamentos aparece uma curiosa e estranha indicação do álbum ‘Ana canta Cássia – Vol. 1 (Ao vivo)’, da cantora Ana Carolina. Ao lado dela estão Black Pantera com o álbum ‘Perpétuo, Pitty com ‘ACNXX Ao vivo em Salvador’, ambos produzidos por Rafael Ramos. Além de Planet Hemp com ‘ Baseado em fatos reais: 30 anos de fumaça (Ao vivo)’ e Titãs com ‘Microfonado’.

Em Raízes, os indicados como Artistas são Alceu Valença, Dona Onete, Elba Ramalho, Joelma e Samba de Coco Raízes de Arcoverde. Como Lançamentos, três desses nomes reaparecem com seus mais recentes álbuns, o pernambucano Alceu Valença com ‘Bicho Maluco Beleza – É Carnaval’, a paraense Dona Onete com ‘Bagaceira’ e a paraibana Elba Ramalho com ‘Isso Quer Dizer Amor’. Completam as indicações uma boa surpresa, os baianos J. Velloso, Recôncavo Experimental com o álbum homônimo, além da parceria de Mariana Aydar com Mestrinho com o trabalho que traz seus nomes.

Neste pegada mais tradicional, várias categorias permaneceram inalteradas e também trazem em geral nomes mais consagrados, veteranos ou ligados ao grande mercado. Em MPB, os indicados como Artistas, por exemplo são Alaíde Costa, Dori Caymmi, João Bosco, MPB4 e Jota.pê, que aparece como novidades. Entre os Lançamentos indicados praticamente se repetem com seus mais recente álbuns, Alaíde Costa com ‘E o Tempo Agora Quer Voar’, Dori Caymmi com ‘Prosa & Papo’, Jota.pê com ‘Se o Meu Peito Fosse o Mundo’ e MPB4 com ’60 Anos de MPB’, além de Caetano Veloso e Maria Bethânia com o single “Fé (Ao Vivo)”.

Nas Categorias especiais, alguns dos indicados merecem menção especial. Em Lançamento em Língua Estrangeira, por exemplo, em meio a Anitta, por ‘Funk Generation’, IZA por ‘Cry Me a River’ e Caetano Veloso por ‘La Mer’, aparecem dois nomes importantes da cena midstream que sempre mereceram mais destaque: Anelis Assumpção pelo single “Encore Un Tour” e Silvia Machete pelo álbum ‘Invisible Woman ‘. 

Em Lançamento Eletrônico, os indicados são Beagle Bonnie, DJ Noé com ‘The Mad Wizard’s Sampler’, Bixiga 70 e DJ Mam com ‘100% 13’, Dre Guazelli com ‘Know It’, Mulú e DUDA BEAT com ‘MTG CHIHIRO’, além da boa surpresa da categoria, o projeto de Jadsa e João Milet Meirelles, TAXIDERMIA, ‘Vera Cruz Island’.

A categoria Projeto Especial, como não poderia deixar de ser, traz lançamentos que englobam homenagens, tributos e trilhas sonoras que se destacaram no último ano. Entre eles, está o álbum ‘Luiz Melodia – Pérolas Negras – Um Tributo A Luiz Melodia’, que traz o encontro de nomes como Criolo, Mahmundi, Mart’inália  e Liniker recriando as músicas do primeiro álbum de Melodia. Outro tributo no mesmo caminho de recriação de clássicos, é ‘Moraes É Frevo’, com a Orquestra Frevo do Mundo, Pupillo e Davi Moraes recebendo convidados como Céu, Lenine, Luiz Caldas e Otto para versões em frevo de sucessos de Moraes Moreira. ‘Sabotage 50’ também segue a proposta de releituras, com Rincon Sapiência, Luedi Luna, Don L, Djonga refazendo a obra de Sabotage com produção de Zegon e Tejo Damasceno. A categoria traz ainda a Trilha Sonora do Filme ‘O Auto da Compadecida 2’, com vários intérpretes, além do lançamento da música inédita de Rita Lee e Roberto De Carvalho, “Voando”.

Em Projeto Audiovisual, o foco foram os videoclipes, deixando de lado trabalhos como álbuns visuais, que estão em alta há algum tempo e mereciam destaque. Os indicados na categoria foram Emicida com ‘Acabou, mas tem’, Erasmo Carlos, Rubel e Emicida com ‘Erasmo Esteves (Tijuca Maluca)’, Rita Lee e Roberto De Carvalho com ‘Voando’, além de dois nomes mais novos, Dora Morelenbaum com ‘A Melhor Saída’ e O Terno ft. Devendra Banhart & Shintaro Sakamoto com ‘Volta e Meia’.

Há ainda as categorias Lançamento Erudito e Sertanejo que você pode ver os indicados na lista abaixo.

Presença baiana

A Bahia aparece com forte presença entre os indicados, com alguns nomes consagrados, mas especialmente do cenário contemporâneo. A potência musical do estado se mostra também com a presença nas categorias indicadas, com presença em quase todos eles, mostrando a diversidade da produção baiana.

Na categoria Rap & Trap, a jovem raper feirense Duquesa foi indicada como Artista. Entre os artistas de Reggae, a banda soteropolitana Mukambu foi uma boa surpresa, aparecendo tanto como Artista, quanto em Lançamento, com o álbum ‘Do Gueto ao Kilombo’, que teve produção de AquaHertz. A categoria teve ainda o single “Coração Âncora” da cantora Céu com o produtor baiano RDD.

Na categoria Pop, a artista baiana indicada foi Melly, que também teve o álbum ‘Amaríssima’ indicado como Lançamento. Em Rock, a cantora e compositora Pitty marca presença indicada como Lançamento com o álbum ‘ACNXX Ao Vivo em Salvador’. A parceria de Roberto Barreto com Manoel Cordeiro e Pupillo, no álbum ‘Estado de Espírito’ rendeu indicação como Lançamento em música Instrumental. Em Raízes, a Bahia aparece com o álbum ‘J. Velloso, Recôncavo Experimental’, de J. Velloso e Recôncavo Experimental entre os Lançamentos.

Tem presença baiana ainda na categoria revelação com a presença de Revelação das cantoras/compositoras Rachel Reis e Sued Nunes. Na música Romântica, a cantora Simone Mendes aparece como Artista e em Lançamento, com os álbuns Cantando Sua História (Ao Vivo/ Vol.1 e Vol.2). Nas Categorias especiais, os baianos aparecem em Lançamento Eletrônico, com ‘Vera Cruz Island’, de Jadsa e João Milet Meirelles no projeto TAXIDERMIA; além de Caetano Veloso, que foi indicado com dois Lançamentos: os singles “La Mer”, em Língua Estrangeira; e “Fé (Ao Vivo)”, ao lado da irmã Maria Bethânia, em MPB.

Veja lista com todos indicados: